Thread by @josemarciofigu1

🇧🇷 Encerrando o novembro azul com um breve fio sobre o câncer de próstata: epidemiologia, prevenção, fatores de risco, diagnóstico precoce, tratamento e debatendo superficialmente os principais pontos que afetam a saúde física e mental do homem. #NovembroAzul

Com o envelhecimento da população e maior longevidade, a incidência da doença vem aumentando mas felizmente com uma diminuição da mortalidade, graças aos métodos de diagnóstico precoce.

No Brasil e no mundo o câncer de próstata é a primeira neoplasia que mais acomete os homens e a segunda que mais mata.

Quando analisamos a incidência no mundo, as áreas em azul escuro possuem uma maior taxa de doença. A pirâmide etária e a epidemia de obesidade nos países desenvolvidos explicam essa diferença. Mas e o Brasil? Também temos uma epidemia de obesidade em nosso país.

...Obviamente existem fatores genéticos que ajudam a explicar isso: negros -possuem um maior risco de câncer de próstata mais precoce e mais agressivo. Quanto a prevenção alimentar: tomate, brócolis, frutas vermelhas como romã, uva e até memo 🍷 podem ajudar.

Reparem que apesar de termos uma incidência igual aos países desenvolvidos, a nossa mortalidade se assemelha mais aos países da África. Fatores como acesso ao tratamento, déficit gigantesco de um parque de radioterapia aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS)...

... filas para o diagnóstico e condições sócio-culturais justificam esses dados. É exatamente isso que o projeto @do_instituto visa solucionar: levar acesso, descentralização, capilaridade, médicos especialistas, pesquisa clínica e infraestrutura através de “PPP”...

..Parcerias Público Privadas. Infelizmente a nossa legislação e as regras atuais do @minsaude dificultam uma participação maior da iniciativa privada no SUS. Nossas sociedades de @SBOC_Oncologia, @sbco_oficial, @SBRT tem enviado propostas a @camaradeputados e @SenadoFederal.

Voltando a doença em si: um pouco de anatomia para explicar a posição da próstata e quais são suas estruturas adjacentes.

Joguemos 💡 sobre o tabu, afinal não há motivo algum para tratá-lo como tal, pois o exame PRECISA ser feito e ponto final. Rápido, sob anestesia, indolor e extremamente útil para o diagnóstico precoce e preservação da função sexual do homem! Heim????....

Exatamente: quanto mais precoce é feito o diagnóstico, menor será o tumor (ponto amarelo E>D) bem como a sua relação com as estruturas anexas; portanto, menos agressivo é o tratamento e maiores as as chances de se preservar o feixe vasculo-nervoso responsável pela ereção. 💪💪👊

O PSA nada mais é que uma proteína produzida na próstata e que a usamos como um biomarcador para detenção no 🩸. Ele não é específico de câncer, pois pode subir em doenças benignas como aumento da próstata (HPB), infecção, etc. Logo, deve ser usado junto com o toque.

Resumindo as indicações do check-up e quem são os pacientes de alto risco: história familiar (pai, tio ou irmão), negros, histórico de síndrome do BRCA 1 e 2 além da síndrome de Lynch.

Sintomas? Raramente... O que só reforça a necessidade de check-up e diagnóstico precoce!

Uma vez suspeitado de tumor (toque + PSA + Sintomas) os pacientes são submetidos a ressonância multiparamétrica da pelve e/ou US de próstata para refinar o diagnóstico e auxiliar na biópsia de pequenas lesões.

Realizada sobre anestesia e sedação. Rápida e segura. O material em questão é enviado para análise do médico patologista que poderá lançar mão de ferramentas histológicas, imuno-histoquímica e até mesmo sequenciamento genético para avaliação do tumor.

Feito o diagnóstico, é preciso dizer que em casos iniciais, as chances de cura com qualidade de vida e preservação da atividade sexual e continência chegam a > 95%. Também devemos saber que, mesmo em casos incuráveis hoje conseguimos dar um tratamento eficaz e seguro...

... visando a cronificação da doença, ganho de sobrevida e, principalmente, qualidade de vida e melhoria dos sintomas.

Portanto, o tratamento deve ser individualizado baseado em fatores biológicos do tumor e a extensão da doença no organismo.

Uma questão simples e muito importante é: quão “fit”, quais comorbidades esse paciente possui e qual a sua expectativa de vida independentemente do câncer? Muitas vezes fazer menos é mais para pacientes muito idosos e acamados, por exemplo.

No que tange os fatores biológicos e genéticos, usamos uma classificação histológica definida por Gleason (pesquisador) e aperfeiçoada ao longo do tempo. Quanto mais parecido com o tecido prostático (grau de diferenciação) menos agressivo é a doença e vice-versa.

Isso nos gera um score de risco onde 6 é o menor e menos agressivo é 10 o inverso. Isso ajuda muito na definição de conduta perante a doença e prediz o seu comportamento evolutivo e prognóstico.

Outro ponto crucial para definirmos a estratégia terapêutica é a extensão da doença no organismo. Em geral, tumores localizados são aqueles que encontram-se apenas no órgão onde ele nasceu a exemplo da próstata.

Vamos continuar mais um pouco?

Uma modalidade de tratamento é a vigilância ativa. Nada a fazer além de seguimento com exames periódicos. Indicada para tumores localizados, pequenos e com perfil genético e histológico de baixa agressividade.

Quando optado pelo tratamento cirúrgico, não há comprovação cabal que haja superioridade em ganho de sobrevida entre as técnicas: aberta clássica a as cirurgias minimamente invasivas como laparoscópica e robótica. Obviamente as duas últimas tem os seus benefícios...

Os urologistas advogam que essas duas últimas reduzem o tempo de recuperação, tempo de internação e sangramento. De fato são uma evolução, mas o problema são os custos envolvidos e disponibilidade.

Outra opção são as novas técnicas de radioterapia conformacionais como o IMRT que permitem a modulação de dose e menos efeitos colaterais aos órgãos adjacentes. Não há diferença entre radioterapia e cirurgia no que tange sobrevida e taxa de cura, mas esse ponto é tema...

... de debates acalorados em congressos multidisciplinares. Na prática, temos indicado cirurgia para casos mais agressivos e radioterapia para tumores iniciais e menos agressivos. O importante, como havia dito, é escolher um serviço com experiência e que tenha discussões.

Modalidades como braquiterapia e o HIFU tem suas indicações específicas.

Geralmente em casos avançados usamos o bloqueio do eixo hormonal hipotálamo-hipófise-testículo que também é conhecido como castração química. O tumor de próstata se “alimenta” da testosterona e esse é um dos principais pilares do tratamento para esses pacientes.

Essa é uma imagem de cintilografia óssea com metástases ósseas difusas (pontos pretos no esqueleto) e que captam o radiofármaco. Aliás, a medicina nuclear também começa a despontar como opção terapêutica, dentre elas o Radium 223.

Opções clássicas são estas listadas abaixo e que precisam ser individualizadas com o seu oncologista. Lembre-se: casa caso é um caso!!

Muitas vezes usamos mão radioterapia para tratar pontos da doença óssea que causam dor ou tenham risco de fratura.

Hoje as principais linhas de pesquisa clínica envolvem a imunoterapia, novos radiofármacos e moléculas como os inibidores da PARP -enzima que atua na replicação do DNA 🧬

Procure seu médico de confiança.

Nós do @do_instituto acreditamos que informações e conscientização fazem a diferença, sempre!