Parece então que (surpresa, surpresa), a grande mídia tinha exagerado as chances da esquerda.
Os resultados reforçam minha convicção que a esquerda só tem apoio sólido de uns 25% da população, enquanto a base da direita é mais próxima de 40-50% (os 25-35% restante...
... sendo um voto mais "ideologicamente fluido"). A direita só não vence mais eleições por falta de apoio orgânico na sociedade civil (participação nas instituições, grande mídia, liderança partidária, etc.).
Dito isso, o fracasso do PT é uma ótima notícia para a esquerda....
... afinal, o PT se tornou um imenso passivo eleitoral. Há tempos digo que Lula é o principal obstáculo para eles voltarem à presidência: ele garante o apoio desses 25%, mas impede a esquerda de ir além deles.
A esquerda tem sido bem mais eficiente atuando agora por meio do...
... próprio aparato estatal e voltará ainda mais forte quando surgir um novo líder viável na esfera federal. Ciro Gomes passou de verde pra podre esperando ser esse nome, mas o PT o deixou de molho tempo demais. Vamos ver quem se destaca no próximo ciclo.
Por incrível que pareça, há uma chance real da esquerda abraçar o Moro ainda, especialmente se ele aparecer como parte de um projeto mais claramente progressista.
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Finalmente fui assistir as outras temporadas de True Detective. Realmente não são tão boas quanto a primeira, mas a terceira vale a pena.
Gosto especialmente que retomam a coisa de contar a história em tempos diferentes (não é spoiler, já que aparece já nas primeiras...
... cenas). Imagino que seja um desafio para o autor compor a história em três pedaços. A caracterização ficou ótima também.
A única coisa que eu não gostei tanto (especialmente em relação à segunda temporada) é que nossa época tem basicamente narrativas de pessoas abaixo...
... da situação. Entendo que é uma contraposição ao idealismo excessivo de outras épocas, mas dá saudades de ver narrativas onde as pessoas com pessoas mais capazes. Por isso eu gosto tanto de Fargo.
Finalmente ouvi um podcast do BAP. Esse último é bom mesmo. O (pseudo?) sotaque russo é muito engraçado, assim como a defesa de todas as opiniões inaceitáveis na sociedade contemporânea. É uma espécie de “performance” invertendo os dogmas do dia.
E acho que a leitura sobre...
... Trump está correta também, mas creio que ele superestima (assim como boa parte da direita-br), as chances de uma virada. Ainda é possível, mas é quase nulo. Ele precisaria de ter mais apoio de líderes republicanos. O partido quer deixar a eleição para trás.
No entanto, a janela existe e, como já falei, acho até moralmente obrigatório testá-la. E a janela é que há suspeita suficiente para contestar na justiça e até para pedir que as legislaturas estudais não mandem delegados democratas.
Queria escrever algo mais longo, mas não quero adiar e acabar deixando para lá. Logo... uma breve atualização da minha leitura do momento político brasileiro.
Em primeiro lugar, acho muito útil falar em Nova Direita. Para mim, esse termo designa um movimento político real, formado em 2013.
Esse movimento surgiu basicamente por uma síntese negativa: todo mundo que era anti-petista e não queria uma opção claramente à esquerda entrou...
... no barco.
A Nova Direita incluía jovens ideólogos de direita, pessoas aleatórias procurando oportunidade de carreira, a classe média que estava puta com o PT, eleitores da Velha Direita que estavam sem casa e setores econômicos desprestigiados (como o agronegócio)
Gente que reclama de discurso de ódio = gente cheio de ódio no coração e usar isso como desculpa para policiar linguagem.
Eis tudo que precisa ser dito sobre a nova esquerda.
O ódio é o verdadeiro inimigo. Ele deve ser substituído pela caridade. Mas isso só acontece no coração, por meio da conversão.
Policiar a linguagem é outra coisa. É truque de quem está com o próprio coração corrompido.
Como explicar a sanha em tirar os meios de substância do @opropriolavo, do Brasileirinhos e tantos outros senão pelo ódio? Eles não estão preocupados com o discurso. Eles querem varrer os inimigos da face da terra.
O resultado de hoje parece reforçar o que eu falei sobre a eleição americana: a direita ficou embriagada com as vitórias de 2016, acreditando que a combinação entre conservadorismo popular difuso e ativismo na internet seria suficiente para conquistar o poder.
Não é. No máximo..
... uns carguinhos, mas no médio prazo, nem isso.
Em 2016, a nova direita pegou a esquerda de surpresa. Falar grosso e furar a espiral de silêncio era suficiente para conquistar votos. Ela também tinha a vantagem de estar na oposição. Jogar pedra é sempre mais fácil.
Porém, a ND não soube aproveitar a onda. Tem um monte de coisa faltando, mas o principal é o seguinte: lideranças efetivas, gente capaz de organizar a militância FORA da internet, participando dos vários grupos da sociedade civil.