Hoje a Comissão sobre Narcóticos da ONU, decidiu reclassificar a maconha no documento internacional que norteia a política internacional de drogas, a Convenção Única sobre Entorpecentes, ou Convenção de Viena. O Brasil de Jair Bolsonaro votou contra.
Leia o cordel aí e entenda.
Até hoje, a maconha era classificada na lista IV. Isso significa que ela estava acompanhada da heroína, uma substância sem propriedades terapêuticas e alto risco de uso.
Diante das evidências dos riscos associados e de seu potencial terapêutico, essa classificação era absurda.
Só para se ter uma ideia, a morfina, uma substância também com grande potencial de vício, mas com evidentes propriedades médicas, está classificada em outra lista, a lista I.
O documento tem repercussão para todos os países membros e dificulta o uso terapêutico e científico.
Entretanto outras reclassificações votadas, como a do THC puro, das preparações de CBD com traços de THC e extratos de maconha, não passaram.
Ainda assim, do ponto de vista científico e social, é um passo e tanto o que foi dado.
Há algum tempo o psiquiatra Quirino Cordeiro Jr., Secretário Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas (que não fica no Ministério da Saúde e sim no da Cidadania) já havia anunciado como o Brasil votaria nesta resolução: contra.
A Secretaria de Quirino, a SENAPRED, publicou um documento elencando as razões para tal, entre elas a posição do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, o CONAD, que foi dissolvido e completamente aparelhado ideologicamente pelo governo Bolsonaro.
Embora o Secretário goste de elencar supostas razões científicas para a tomada de decisão, em uma live para uma página bolsonarista do FB ele explicou que a 'liberação' das drogas faz parte de uma estratégia 'gramsciniana' [sic] de dominação esquerdista.
Bem, seria então de se esperar que o voto contrário do Brasil se aliasse a todos os países ocidentais democráticos capitalistas de forma a barrar o que Quirino descreveu como um ataque às bases 'judaico-cristãs' da cultura ocidental, né?
Pois bem, NÃO.
Veja aqui a distribuição geográfica dos votos da resolução que passou. Foram 27 votos a 25, com uma abstenção (a Ucrânia).
O 'anticomunista' Brasil votou junto cos dois únicos países comunistas da Comissão: China e Cuba.
Olhando com cuidado, nota-se que além de Chile, Peru e Japão, praticamente todos os países que votaram contra são países comunistas, democracias frágeis da África ou da Ásia, ou países com governos com viés autoritário, como Hungria, Rússia ou Turquia.
Não é direita x esquerda.
O ponto aqui é quanto a política de drogas deste país está sintonizada com a liberdade e o Ocidente. Na hora H - como em outros temas de direitos humanos - o governo do Brasil se alinha com ditaduras e países com democracias frágeis.
Eu gostaria de dirigir algumas palavras sobre Diego Armando Maradona e seu problema com drogas.
A linha fina deste cordel de tuítes é: “Julgar Maradona por sua dependência química e medi-lo somente pelo estigma”.
Quem me conhece sabe que sou muito pouco afeito ao futebol. Não tenho time, o que me deixa um pouco à parte do universo - majoritariamente masculino e ainda bem homofóbico - de se zoar e ser zoado pelas afiliações futebolísticas.
Mas aí está, a morte de Maradona me faz escrever sobre ele. Nasci em 1972 e não vi Pelé jogar ao vivo em seu auge. Mas Maradona sim, eu vi, pela TV. Vi o dia da forra pelas Malvinas. Vi o gol de mão mais famoso da história. E como sudaca e latinoamericano, vibrei.
TERAPIA COM PSICODÉLICOS: O QUE RESPONDO QUANDO ME PEDEM INDICAÇÕES
Eu recebo muitas solicitações –tanto de quem busca ajuda para tratar transtornos mentais quanto de colegas médicos– sobre como fazer tratamento com psilocibina, ayahuasca ou MDMA. Aqui vai um cordel sobre isso.
Antes de começar:
• Os psicodélicos são poderosos. Seu uso não é inócuo. Nem todos podem usá-los.
• Este cordel não tem a intenção de incentivar qualquer pessoa a fazer 'automedicação' com psicodélicos.
• Informe-se. Não dá para esclarecer completamente um tema via Twitter.
Tem sido divulgado na imprensa que, junto com as eleições nos EUA de 2020, os cidadãos do estado do Oregon aprovaram por meio de um plebiscito uma medida que permite a administração assistida de 'cogumelos mágicos' para o tratamento de transtornos mentais. viradapsicodelica.blogfolha.uol.com.br/2020/11/04/ore…
O estado do Oregon, onde a maconha já era legalizada, dá um passo adiante e descriminaliza todas as drogas. Agora, como em Portugal, usuários não poderão ser mais presos por posse de drogas neste estado americano.
Cada pedrada desse artigo da @TheAtlantic é válida se você trocar a palavra 'Trump' por 'Bolsonaro'.Apenas parece que a anestesia social crônica que vivemos permite que aqui ele passe ainda mais incólume do que aquele que ele copia por lá. Segue o cordel: theatlantic.com/ideas/archive/…
O contexto do artigo da Atlantic é o adoecimento por COVID-19 de Trump.
Embora a contaminação de Bolsonaro tenha passado (aparentemente) incólume, tudo o que é dito aqui poderia ter sido escrito quando o presidente do Brasil declarou seu (suposto) resultado positivo ha 1 mês.
"Você não pode esperar que a Casa Branca [/o Palácio do Planalto] produza qualquer plano ordenado para a execução dos deveres públicos de Trump [/Bolsonaro], mesmo na medida muito limitada em que ele executou seus deveres públicos pra começo de história.
Gente, o resultando do preprint da equipe do Nicolelis sobre a relação entre sorologia para dengue e casos/mortes por COVID-19 é muito promissor e merece ser estudado de forma mas profunda, mas devagar com o andor. [+]
São dados ecológicos, que no linguajar de epidemio significa que as associações foram feitos ao nível de territórios e não indivíduos. Resultados assim estão sujeitos à chamada falácia ecológica. Ou seja, a causa pode ser outra que varie territorialmente junto com a dengue. [+]
Já tem gente por aí dizendo que essa descoberta vai revolucionar nossa reposta à Covid. Pode ser? Sim. Dá pra dizer com certeza? Não.
Ainda falta um longo caminho. Para começar o artigo ser publicado em um periódico revisado por pares... [+]
No longínquo ano de 2013 – parece ter sido no século passado, não? – eu dei essa resposta para o insubstituível Antonio Abujamra, no episódio 634 do 'Provocações' original. Hoje, eu ainda responderia a mesma coisa. E você?
Aqui está a entrevista na íntegra. Vou fazer um mini-cordel a seguir aqui contando como foi que ela aconteceu, pois eu era na época um cara totalmente desconhecido fora do meu ambiente de trabalho.
Era o tempo em que o Facebook ainda não tinha envenenado completamente o seu algoritmo, e ainda dava para interagir e descobrir pessoas interessantíssimas por lá. Foi assim que eu conheci a Katia Gavranich Camargo e ficamos face-amigos.