A Warner anunciou que vai lançar TODOS os seus filmes de 2021 simultaneamente nos cinemas e, por um mês, também na HBO Max. Essa é uma das decisões comerciais mais chocantes que um estúdio tomou nas últimas DÉCADAS. E as repercussões são imprevisíveis.
Na prática, a Warner acabou de destruir as janelas de distribuição, que são uma das bases mais importantes da relação entre estúdios e exibidores desde sempre. Vou ficar muito surpreso se a associação que representa os exibidores não se manifestar de maneira veemente contra isso.
Pra vocês terem uma ideia da dimensão da decisão, o cronograma da Warner para 2021 inclui Duna, Spacejam 2, Invocação do Mal 3, Godzilla vs Kong, o novo Esquadrão Suicida e MATRIX 4.
Agora, os outros grandes estúdios terão duas opções: a) Seguir o exemplo da Warner; ou b) Esperar o resultado financeiro da estratégia da Warner para só então tomar uma decisão.
Mas há dois problemas com a opção b: 1) A Warner pode não divulgar seus números de streaming. E 2...
2) Se a estratégia for um sucesso, os demais estúdios terão ficado para trás e terão que correr pra disputar os restos do mercado uns com os outros enquanto explicam prós acionistas (e pra corporação-mae) por que não agiram mais cedo. E cabeças de executivos rolariam.
De todo modo, a decisão da Warner representa um passo (não, minto: duzentos passos) em direção ao fim da exibição nos cinemas como modelo principal de distribuição. Para os fãs da tela grande, hoje é um dia muito preocupante.
Uma hipótese que está sendo discutida é que a decisão da Warner, se seguida pelos demais estúdios, quer PROPOSITALMENTE destruir os exibidores. Então, com a eventual derrubada da lei antitruste de 1948 (que mencionei anteriormente), os estúdios dominariam a exibição.
É possível? Sim. Mas é uma estratégia muito arriscada em vários sentidos: 1) presume que os estúdios-exibidores conseguirão reconstruir o hábito que destruíram; 2) presume que os exibidores não farão uma contrapressão junto ao congresso; 3) presume ação coordenada em Hollywood.
Além disso, os espectadores seriam prejudicados do mesmo modo, já que as salas passariam a exibir os repertórios exclusivos dos estúdios aos quais pertencessem. Mais uma vez filmes menores e independentes seriam as primeiras vítimas.
Scorsese estava certo mais uma vez.
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Nestes 11 anos de viagens com os cursos, tive um pouco mais de 6.000 alunos. Todas as turmas deixaram marcas e lembranças. Todas. E quem já teve aula comigo sabe que lembro também da maior parte destes alunos - uma rara área em que minha memória funciona bem.
Estas turmas acabaram formando uma pequena comunidade - ou várias delas. Há o grupo no Facebook, que tem quase três mil membros; há grupos menores no Whatsaap formados por alunos de turmas específicas; há até listas de discussão antigas.
Mas é claro que em um grupo de mais de seis mil pessoas, matematicamente é inevitável que percamos alguém de tempos em tempos. E sempre que sou informado sobre a morte de um ex-aluno, sinto uma pancada forte.
De repente, me bateu vontade de rever o vídeo do The Animals cantando House of the Rising Sun. Procurei, vi e linkei aqui às 10h52. Lembrei que é usado em Cassino, procurei o vídeo e linkei aqui. O que me fez lembrar de Westworld (busca, linka, etc).
Como já estava na onda da música, fui vendo os resultados relacionados e ouvi as versões do White Buffalo, um cover com gaita de uma desconhecida e outro cover em violino. Aí apareceu o vídeo de uma moça reagindo ao vídeo do The Animals. Vi e linkei aqui.
Mas aí fiquei curioso para ver outras reações dela e acabei assistindo à apresentação do Queen no Live Aid, às performances de Riders on the Storm e People Are Strange do The Doors e, finalmente, Luciano Pavarotti cantando Nessun Dorma.
Comentei há alguns dias sobre o documentário Til' Kingdom Come, que fala sobre a atuação conjunta dos evangélicos norte-americanos e de Israel para influenciar Trump a ajudar no que basicamente seria o extermínio dos palestinos e da tomada de suas terras pelos assentamentos.
Pois hoje vi um outro doc igualmente relevante chamado Kings of Capitol Hill, que aborda a principal organização pró-Israel (e pró-assentamentos) dos EUA: a AIPAC.
O curioso é que a AIPAC surgiu com um viés esquerdista, progressista, ligado aos movimentos civis da década de 60.
No entanto, a partir do governo Reagan, a AIPAC começou a mudar rapidamente de perfil, tornando-se cada vez mais direitista até finalmente demitir todos os executivos progressistas e substitui-los por republicanos.
Na década de 70, a heroína estava tomando conta das comunidades pobres de NY, habitadas majoritariamente por negros. Era um problema grave que os políticos e a mídia tratavam como uma questão criminal, não social ou econômica, preferindo prender e matar do que tratar e salvar.
Depois que grupos de ativistas negros e porto-riquenhos OCUPARAM UM HOSPITAL no Brooklyn (conhecido por tratar mal a comunidade) e exigiram, entre outras coisas, a implantação de uma clínica de tratamento para dependência química na região, a prefeitura finalmente cedeu.
Só que a "solução" dos políticos foi oferecer metadona para os dependentes químicos, substituindo, em essência, um vício por outro - o novo sendo controlado pelo Estado.
No país no qual "não há racismo" (segundo o vice-presidente da república e o diretor de jornalismo da Globo), os assassinatos de negros cresceram 11,5% nos últimos dez anos. Já os de não negros... caíram 12,9%.
Em 2018, 75,7% das vítimas de homicídio no Brasil foram negras.
"Ah, mas nem todos esses assassinatos tiveram motivações racistas", dirão alguns enquanto colocam o vídeo do Morgan Freeman em suas timelines.
Ignorando (ou fingindo) que o racismo não é simplesmente um ato, mas um sistema.
A partir do momento em que 75% dos assassinados pela polícia são negros e 61% das mulheres vítimas de feminicídio são negras, o retrato do que ocorre no país fica óbvio; a subjetividade do observador pode até questionar o que é racismo, mas as estatísticas não mentem.