1. Há um fetiche na esquerda, talvez causado pela estética do Ciro, q fala grosso e com firmeza, de q ele é o único presidenciável que tem um projeto de país. Digo com toda tranquilidade e respeito: não tem. Longe disso. A visão do Ciro de Economia é ultrapassada. Pré-keynesiana
2. Não há a mínima possibilidade de construção de um projeto de sofisticação estrutural assentado em bases macroeconômicas precárias, derivadas de uma macroeconomia "liberal" anacrônica, que confunde a economia do lar e dos entes subnacionais c/ a do emissor soberano de moeda
3. Ciro, há alguns dias, escreveu um post associando déficit fiscal com inflação, risco do país quebrar e, pasmem, chance de hiperinflação. Ainda colocou a necessidade de ajuste rápido nas contas como condição urgente. A pior crítica possível a se fazer ao governo Bolsonaro.
4. Por óbvio, como se discute em todo o mundo no momento, é necessária a manutenção de políticas fiscais deficitárias - pois déficit público é superávit do setor privado (esse sim quebrado). E a relação disso com hiperinflação só existe na cabeça de liberais muito ultrapassados.
5. Em 2018, Ciro, como promessa de campanha afirmava que faria superávit primário em dois anos. Isso seria totalmente disfuncional e contraproducente. O pior é q também estava propondo uma reforma da previdência que, ao invés de reduzir, ampliava o déficit via custo de transição.
6. Ou seja, além de disfuncional, o projeto era bem incoerente em seus pressupostos fiscalistas. A insistência do Ciro em dizer que nunca fez um dia de déficit em Estados e Municípios, extrapolando essa relação como algo virtuoso para o Governo Federal é extremamente preocupante
7. Como ter qualquer projeto de desenvolvimento e sofisticação estrutural construído por alguém que acha que o emissor soberano de moeda deve se comportar, fiscalmente, como o Estado do Ceará?
8. O Ceará não tem Banco Central, não emite moeda, não determina a taxa básica de juros que incide sobre a sua própria dívida. Não faz qualquer sentido esse tipo de comparação.
9. Mais que isso: considerando uma economia com três setores (privado, resto do mundo e governo) é impossível, por identidade, que os três estejam superavitários ao mesmo tempo.
10. Isso quer dizer que se o setor público está em superávit e considerando-se o setor externo nulo para facilitar o argumento, o setor privado estaria em déficit, que se acumulariam ao longo do tempo em um estoque de dívidas que o faria quebrar. Política pré-keynesiana.
11. Fora a coisa da poupança pública para financiar investimento que é lamentável. Inclusive vi o André Lara Resende questionando economistas próximos ao Ciro no Fórum da FGV sobre isso. Não tem cabimento, sinceramente.
12. Uma macroeconomia consistente, do ponto de vista fiscal e monetário, é condição necessária (e não suficiente) para qualquer projeto de sofisticação estrutural (que o Ciro, corretamente deseja).
13. E como ele não tem noções elementares de macroeconomia, qualquer projeto de sofisticação estará fadado ao fracasso.
14. Só para não esquecer, Ciro vive repetindo as fake news sobre esquemas de corrupção na dívida pública que são a cloroquina da economia. Neste ponto, há convergência entre praticamente todos os economistas do Brasil que ele fala besteira.
15. Contudo, com o tom de voz certo, postura de machão valente e alguns termos técnicos, acaba por impressionar a militância mais apressada.
16. Por fim, não há nenhum problema em um político não dominar macroeconomia. Apenas tem que saber o básico e ter a humildade para ouvir uma assessoria qualificada. Ciro não domina algumas básicas e parece não ter muita humildade para reconhecer seus limites e ouvir (de verdade).
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1. Resumo de alguns pontos da fala do André Lara Resende no 17º Fórum de Economia da FGV.
"Lá fora já mudou. O debate no Brasil está mais ortodoxo que o FMI. É impressionante o que mantém o dogmatismo inexpugnável entre os economistas brasileiros..."
2. "Resisto em concluir que seja interesse, mas a coincidência que sejam do mercado financeiro é muito grande. É tão escandalosamente despropositado, tão sem sustentação teórica ou empírica, que vão se desmoralizar...
3. "A ação deles é ideológica, em defesa, racional ou irracionalmente, de interesses do sistema financeiro privado."
1. A MMT não diz que o Estado deve gastar sempre mais e em qualquer coisa e colocar a taxa de juros básica em zero. Também não diz que a emissão de moeda é uma opção de financiamento dos gastos públicos. Isso é qualquer coisa, menos MMT !!!!
2. De forma muito resumida, oq a MMT descreve é que:
a) O gov. federal cria dinheiro ao gastar. Isso se dá por definição, quando o passivo não monetário do BC (Conta Única do Tesouro) se transforma em passivo monetário (criação de reservas bancárias na conta de um banco).
3. b) Tributos fazem o caminho inverso e "destroem" o dinheiro criado anteriormente, ou seja, passivo monetário vira passivo não monetário (CUT).
1. Respondendo para quem está perguntando se a MMT "funciona" para entes subnacionais, como Estados e Municípios.
2. Antes de responder, é bom lembrar que a MMT é, principalmente, uma descrição de como as coisas funcionam: entes monetariamente soberanos (governo federal) gastam emitindo moeda e determinam a taxa de juros básica de forma exógena.
3. Isso quer dizer que as restrições para os gastos fiscais e a determinação da taxa de juros que incide sobre a dívida do governo federal são completamente distintas da dinâmica dos demais agentes da economia, incluindo estados, municípios, empresas e famílias.
William Vickrey, Prêmio Nobel de economia em 1996, escreveu um artigo intitulado "As quinze falácias fatais do fundamentalismo financeiro". Nesta thread, traduzimos e destacamos três delas.
1/11
Falácia 1
"Os déficits são considerados gastos pecaminosos e perdulários às custas das gerações futuras, que terão uma uma dotação menor de capital acumulado.
Essa falácia resulta da falsa analogia entre operações financeiras realizadas por indivíduos e a macroeconomia"
2/11
"A realidade é praticamente o exato oposto. Os déficits aumentam a receita líquida disponível dos indivíduos, na medida em que os gastos do governo que constituem receita para os destinatários excedem o subtraído pela receita dos impostos, taxas e outros encargos."
1. Assim com a "austeridade fiscal" ainda é considerada ciência por alguns (cada vez menos, claro), a lobotomia -- que consistia em causar lesões cerebrais severas, por exemplo pelo método de martelar sadicamente um picador de gelo sobre o globo ocular -- já ganhou prêmio NOBEL!
2. O Prêmio Nobel de Medicina de 1949 foi entregue ao neurologista português António Egas Moniz “pela descoberta do valor terapêutico da leucotomia em certas psicoses"
Cerca de 50 mil americanos foram lobotomizados entre 1936 e os anos 1970.
3. Nos EUA, Walter Freeman virou um médico famoso pelo método de martelar um picador de gelo sobre o globo ocular do paciente, crânio adentro, até separar as vias que ligam os lobos frontais a outras regiões do cérebro.
2. Candidatos ligados ao crime organizado, no Rio de Janeiro: Elisamar Miranda Joaquim (PDT); Alex de Almeida Brasil (PV); André Antonio Lopes Nascimento (PSD); Carlos Moraes Costa (PSDB); Carminha Jerominho (PMB);
3. Cristiano Santos Hermógenes (PL); Daniel de Carvalho Marques (PTC); Danilo Francisco da Silva (MDB); Gerson Chrisostomo Ferreira (PDT); Márcio Cardoso Pagniez (PSL); Valmir Santos Filho (PSL); Victor Hugo Leonel da Silva (SD); Wainer Teixeira Jr (PSP)