Esse frio fora de época aqui no RS me preocupa mais ainda em relação à disseminação do vírus. Quando eu falo nessa correlação com a temperatura, quero deixar explícito que falo do comportamento das pessoas. Explico: //1
Se estiver 35 graus e uma turma de amigos resolverem se encontrar (é um exemplo aqui, mas no momento é IMPRÓPRIO fazer isso, ok?), eles provavelmente irão a um parque, ou na casa de um amigo com pátio, piscina, laje, ao ar livre, para não passar calor. //2
Se estiver 5 graus, e a mesma turma de amigos resolverem se encontrar (novamente: impróprio no momento em que estamos hoje) irão para um local quentinho, com aquecimento, provavelmente a casa de um deles..aí se um amigo disser: "vamos abrir a janela", vão aceitar aquele frio? //3
São esses pequenos comportamentos que colaboram para o fator estocástico de uma epidemia viral. Explico: estocástico significa termos muitas variáveis que se combinam gerando efeitos aleatórios. Expliquei isso aqui: redeaanalisecovid.wordpress.com/2020/09/04/o-e… //4
Em muitos casos, essa decisão de se encontrar ou não, de fazer aquela festinha ou não, de decidir se encontrar no parque ou na casa de um amigo fazem a diferença para mais um evento super espalhador (ou não). E vocês entendem o quanto a temperatura influencia nessas decisões? //5
Por isso que correlaciono a transmissão com a temperatura. Já vimos o estrago que o vírus faz em frigoríficos então suspeitamos que o frio também colabora, mas a relação do comportamento é importante demais. //6
Se tivermos um Natal mais frio do que de costume, é mais um fator negativo que colabora no espalhamento, e por isso mais atenção ainda às medidas de prevenção contra o contágio, ok? //fim
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Oi, pessoal. Baixei os dados atualizados de internações hospitalares do RS e fiquei BASTANTE assustado. Juntei a análise da mobilidade (através dos dados do Google) com os hospitais e fica explícita a razão do aumento. Vejam só: 🧶 //1
Aqui temos Porto Alegre. Vejam a tendência das mobilidades e o aumento absurdo das internações em UTI. //2
Aqui a região de Caxias do Sul (segunda maior cidade do estado). Vejam o mesmo padrão de mobilidade e internações. //3
Fizemos um estudo com todos os testes PCR positivos para COVID-19 por faixa etária tanto em síndrome gripal quanto SRAG, e o aumento nos jovens preocupa: //1
Chegando perto do Natal, estes jovens podem ser o vetor que completa a transmissão do vírus para os mais vulneráveis, caso os encontros de família sejam feitos sem cuidados, sem Isolamento prévio, ar livre, pessoal comendo em locais fechados... //2
Oi, pessoal. Uma informação triste/preocupante, mas necessária: sabemos que temos atrasos entre o aumento de casos e o aumento de óbitos. Podemos tentar estimar esses atrasos para entender quando as mortes começarão a aumentar aqui no Brasil. //1
Relembrando o que já foi estimado pelo @zorinaq com sucesso e traduzido e aferido por mim aqui:
Temos três potenciais causas de atraso: 1. O atraso clínico (a demora natural da infecção até o óbito); 2. O atraso da notificação (tempo burocrático desse óbito aparecer nos números oficiais); 3. O atraso da doença chegar dos jovens (primeira leva) aos idosos; //3
Oi, pessoal. Quem é do RS (e quem não é também) viu esse mapa que saiu hoje, mostrando que o Estado inteiro está "vermelho", ou seja, com risco alto de transmissão e/ou esgotamento hospitalar. Vou contar umas coisas sobre esse risco: //1
Já tivemos regiões em bandeira vermelha no primeiro avanço forte da doença, em Julho/Agosto, e lá tínhamos muitos fechamentos, como shoppings, eventos e afins. Hoje, as regras mudaram. A principal delas é a chamada "cogestão", aonde os municípios podem mudar algumas coisas. //2
Oi, pessoal! Agora que vimos que até o Ministro da Saúde está reconhecendo o aumento de casos (60 dias depois) eu acho válido fazermos um "meta fio", com todos os alertas importantes que foram contando essa história. Vamos nessa? Sigam o fio: 🧶//1
Em 17/09 eu dei o primeiro alerta de que a população estava "trocando o modo de se portar" e que a Europa estava demonstrando um aumento justamente por causa desse tipo de comportamento:
Eu li artigos muito bons de profissionais muito boas (@apoorva_nyc e @EpiEllie) aonde elas dizem que encontros pequenos não são o "gatilho" de novas infecções, e tendo a concordar. //1
Tem apenas uma coisa que parece lógica demais pra mim: normalmente, quantos encontros pequenos simultâneos nós temos? O dia de ação de graças (nos EUA) e o Natal/Revéillon (lá e aqui) representam centenas de milhares(milhões) de pequenos encontros, todos ao mesmo tempo //2
Por isso, mesmo concordando com elas sobre os gatilhos não serem estes encontros, eu também tendo a concordar que ESTES encontros em especial, da maneira que estão organizados, são SIM de alto risco, e podem ser considerados gatilhos de surtos. //3