Com os dados disponíveis até dia 5/12, o Estado do Espírito Santo já ultrapassou o pico de casos observados na primeira expansão da COVID-19. Na semana epidemiológica (SE) 27 (28/06-04/07) tivemos 9.035 casos, exatas 20 SE após, na SE47 (15-21/11) já apresentamos 9.219 casos.
Avaliando os picos diários, no dia 22/06 alcançamos um pico diário 2.003 casos observados contra 2.026 no dia 23/11.
Na Média Móvel de 14 dias (MM14D), tivemos um pico de 1.285 casos dia 02/07, contra 1.284 no dia 23/11, nos próximos dias este dado tende a ser superado.
No dia 21 de setembro afirmei que passariamos a observar mais casos no Espírito Santo nas semanas seguintes por conta do aumento da testagem de casos. Caparando os meses de "picos" comparados nesta postagem, saltamos de 31.847 RT-PCR realizados em junho, contra 70.721 em novembro
Mais que dobramos a realização de RT-PCR pelo LACEN-ES e pela rede privada no Estado. Entre outubro e novembro também aumentaram outras tecnologias de testagem como "Testes Rápidos" e outros testes, comparando com o mês de junho.
De acordo com os dados alimentados no Sistema de Notificação de Agravos - eSUS-VS, a positividade dos pacientes notificados também teve um pico na SE 27, com 45,45%, que sendo comparado com o da SE 47 que apresentou 29,96% de casos positivos do total de testados.
A positividade dos pacientes testados x pacientes notificados possui diferença de pico na primeira expansão, naquele período não testávamos todos os notificados. Desde setembro, todo paciente notificado, independente de comorbidade/idade, possui indicação de testagem.
No entanto, mesmo com o aumento de testes, a positividade de casos no mês de outubro manteve o comportamento de queda observado desde junho, tal fenômeno foi interrompido com aumento o aumento da positividade no mês de novembro, acompanhado de aumento de internações e óbitos.
Como afirmado em diversas ocasiões, uma nova expansão de casos, acompanhada de aumento de óbitos e internações, obrigaria medidas qualificadas sobre atividades economicas e sociais e uma nova mobilização para abertura de novos leitos.
A reabertura de leitos COVID começou em 01/11/2020. Até o dia 31/10/2020 estávamos com 737 leitos, sendo 386 leitos de UTI e 351 leitos de enfermaria. Desde o inicio da nova expansão de leitos, ampliamos 283 leitos, sendo 92 leitos de UTI e 191 leitos de enfermaria.
O pico de internações em leitos exclusivos para pacientes COVID-19, ocorreu em 05/07, com 600 pacientes/dia internados em UTI-COVID. Hoje temos aproximadamente 390 pacientes/dia, chegamos a ter 271 no dia 27/10.
Sobre o óbito por COVID no ES, na SE25 (14-20/06), tivemos a perda de 273 vidas, caindo 80,59% na SE42 (11-17/10) com 53 óbitos. Em ritmo de crescimento, na SE48 (22-28/11) alcançamos 133 mortes, representando 48.72% do total de óbitos da pior SE observada na primeira onda.
De fato vivemos uma segunda expansão da pandemia no ES. Não se trata somente de observar mais casos como ocorreu na Europa no inicio da sua "segunda onda". É possível que em dezembro alcancemos um resultado equivalente a maio, podendo ultrapassar 500 óbitos por COVID-19.
Entre 01/05 e 31/05 os casos/dia internados em UTI-COVID saltaram de 183 para 426, um crescimento de 132,79%. Naquele período, o crescimento de casos internados foi violento na Grande Vitória, acompanhado de um crescimento intenso e assimétrico no interior.
- Quê dias, lembrar deles... nos fez saber o sabor da resiliência. Resistimos.
Neste momento, o crescimento de casos graves ocorre com uma pressão assistencial mais diluída e lenta em comparação a primeira expansão, somada com o aumento do tempo médio de permanência. De 01-31/11, saímos de 280 para 369 pacientes/dia internados, um crescimento de 31,79%.
Durante o mẽs de outubro operamos a rede hospitalar com uma ocupação variando na casa dos 60-70%, uma ocupação de UTI baixa para os conceitos administração hospitalar. Em novembro, com a ampliação realizada, passamos a administrar a rede com uma ocupação variando entre 70-85%.
Com as ampliações de leitos previstas para dezembro, janeiro e fevereiro, pretendemos suportar a previsão de aumento sustentado de casos.
Num contexto de esgotamento mental e de baixa transmissão, a segunda expansão de casos foi caracterizada pela ampliação da testagem e de dois fenomenos sociais observáveis:
1) Aglomerações de setembro (calor, praias, festas, feriados, aulas suspensas, etc).
2) Eleições municipais
Um terceiro fenômeno social se aproxima: festas de fim de ano com temporada turística. Diferente dos dois anteriores, o contexto de transmissão está aumentado. A capacidade de testagem do Governo será novamente incrementada. Em jan. devemos ter um novo recorde de testagem no ES.
Caso a segunda expansão seja de fato resultado dos dois primeiros fenômenos, um cenário de estabilização da segunda expansão poderá ocorrer nas próximas semanas, mas a expectativa de sua queda sustentada pode ser frustrada pelo resultado das previsíveis aglomerações de fim de ano
O cenário desenhado por alguns otimistas de disponibilidade de vacinas dezembro não irá ocorrer no Brasil, nem em janeiro. Não temos imunidade de rebanho. Não existe tratamento medicamentoso específico para COVID-19. O negacionismo continua atrapalhando o Brasil.
Os fatos são objetivos e concretos. Será necessário preparar-se para um final de ano diferente. Preservem os idosos do contato social não-essencial, não subestime qualquer sintoma, procure avaliação médica diante de qualquer suspeita e faça isolamento adequado até a cura.
Reforço um pedido a sociedade: tenham empatia. A probabilidade de viver a dor de perder um ente querido será proporcional ao comportamento de risco de cada um, de cada família, de cada atividade econômica e social. Com coesão social e civilidade podemos vencer e preservar vidas.
Estamos todos cansados e sobrecarregados. O fardo é da nossa época e as épocas passam, vai passar. Seria mais fácil sem negacionismo. Mas na fraqueza encontramos força e na loucura escolhemos a sabedoria. Basta a cada dia o seu mal.
Aqui no ES, seguiremos resistindo: #venceremos.
errata: Comparando.
Para melhor leitura, segue - Thread by @dr_nesio: Com os dados disponíveis até dia 5/12, o Estado do Espírito Santo já ultrapassou o pico de casos observados na primeira expansão da COVID-19. Na semana epidemiológica (SE) 27 (28/06-04/07) tive...… threadreaderapp.com/thread/1335637…

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4 Dec
A vacina contra a COVID-19 desenvolvida pela @pfizer é, reconhecidamente, uma das mais avançadas e seguras. Seu desenvolvimento foi acompanhado e é respeitado por toda a comunidade científica internacional.
As preocupações com o armazenamento das doses estão sendo exageradas, não justificam a recusa da oferta. Com entregas fracionadas, o transporte em caixas especiais com gelo seco permitem sua entrega oportuna nos territórios onde vivem 80% da população brasileira.
Ainda que a @pfizer só entregue a vacina ao longo do primeiro semestre de 2021, sua compra ampliará a capacidade de vacinação da população brasileira. A retomada em "v" da economia pode virar um "w" se a vacinação ampla da população não ocorrer.
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17 Nov
Nossos critérios/avaliações sempre foram transparentes e públicos. Melhor modo de conduzir uma pandemia.
Nos últimos dias diversos Estados do Brasil começaram a consolidar uma nova tendência de aumento de casos leves, graves e óbitos. No inicío da pandemia também foi assim.
No ES apresentamos na fase de recuperação 3 cenários possíveis:
a) Queda lenta e sustentada da internação e dos óbitos.
b) Estabilidade em de 300 pacientes em UTI-Covid/dia ( dentro da variação de 10%)
c) Aumento sustentado dos óbitos e das internações acima de 330 pacientes/dia.
A partir do dia 27/10 o movimento de oscilação da internação em UTI-COVID passou a ocorrer no ES. Nos três últimos dias a ocupação ultrapassou variação de 330, apresentando tendência clara de crescimento de casos graves.
Read 26 tweets
3 Oct
Para entender a polêmica do ES "vermelho" no mapa do @jornalnacional no dia 01/10. Antes de tudo vejamos os 3 conceitos principais utilizados na construção e avaliação da curva de casos com a média móvel (MM): o desenho da curva, a variação do dia e a tendência da curva. Image
A MM desenha uma curva linear de casos para melhor expressão do comportamento da pandemia e as fases do desastre epidemiológico. Assim, identificamos que o ES hoje conta com 9,86 óbitos na MM, equivalente aos que existiam nos dias 5-6/05, vivemos uma fase de recuperação. Image
O comportamento sustentado é de queda. De acordo a média móvel de 14 dias, no dia 21 de junho tivemos a ocorrência do "pico" de óbitos com 36,93 óbitos, comparando com os dados de hoje temos uma queda de 73,3%, ou seja, uma queda de 3,75 vezes do momento mais crítico da doença.
Read 15 tweets
1 Oct
A equipe da Subsecretaria de Vigilância em Saúde da SESA a analisou as características dos últimos 100 óbitos por COVID-19 até o dia 29 de setembro.
Dos 100 óbitos analisados:
52% ocorreram na rede privada/filantrópica e 48% na rede pública
Idade média: 69,55
Idade mediana: 73
Sexo: 50 H e 50 M
90 ocorreram nos últimos 14 dias.
R. metropolitana: 54%
Sul e Centro: 17%
Norte: 11%, 1% outro Estado.
A mediana de idade subiu de 59 para 65 anos comparando os dados acumulados do início da pandemia com os últimos 90 dias. É preciso reforçar o alerta nas medidas de proteção aos idosos.
Read 21 tweets
26 Sep
Hoje entregamos mais 40 leitos de UTI novos no Hospital Dório Silva. Lembro que a decisão de construir esses leitos foi em fevereiro, sob os olhares que diziam "dúvida", " loucura", "para quê?", " será?". Mas existiram olhares que projetaram o desafio que seria submetido o SUS.
Durante os meses de fevereiro e março era um corre-corre com planilhas e desenhos de projeções de leitos ampliados por hospitais, seriam entregas para 4, 5, 6 e até 7 meses a frente. Decidimos e optamos por ampliar e fortalecer o SUS: público, universal e gratuito.
Era o governo Chinês fazendo hospitais em 10 dias e nós aqui decidindo construir leitos para 90-210 dias. O amigo Mareto do DER e a equipe de engenharia da SESA sofreram muito "bullying" rs... Obrigado pela resiliência amigo Mareto.
Read 17 tweets
21 Sep
Nas próximas semanas teremos um aumento no número de casos observados de COVID-19+ no ES. Teremos muitos pacientes positivos nos diversos inquéritos e pela mudança de critério de testagem e investigação de contatos domiciliares. Por enquanto, não será a "segunda onda".
As internações hospitalares e o comportamento do óbito por COVID-19 são os principais marcadores de uma "segunda onda" concreta. Nossa meta é diagnosticar muito e bloquear melhor a cadeia de transmissão. Ter muitos casos será um fator de busca/enfrentamento.
O aumento da interação social pode influenciar o comportamento dos casos, mas a adoção das medidas protetoras pela população/estabelecimentos contribui para reduzir riscos de contágio. É preciso que todos estejamos vigilantes, temos uma longa jornada até o controle pandêmico.
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