Como todo mundo, tive um 2020 complicado, dificílimo. Mesmo assim, consegui dele colher bons frutos. Como está todo mundo carente de notícia boa, achei que valia rememorar alguns desses bons momentos com vocês.
Assim que o ano se iniciou, achei que cabia fazer uma nova aposta em projetos pessoais. E comuniquei a @o_antagonista que só continuaria com eles até o final de fevereiro. mais.oantagonista.com
Nos dez meses dessa segunda passagem por O Antagonista, assinei com @CedeSilva uma coluna diária na versão paga do site, roteirizei a retrospectiva de 2019 em vídeo, participei do renascimento do Resumão Antagonista, e do nascimento do Boletim A+.
Poucos notaram mas, nesse mesmo verão, meu nome foi lido pelos votantes do Oscar que conferiram os créditos de Democracia em Vertigem até o final.
Minha participação havia sido nanica. O filme já estava pronto quando, um ano antes do Oscar, fui convidado a fazer uma pesquisa adicional que acrescentaria alguns segundos ao corte final do documentário.
Cito essa participação porque, bem, é uma curtição ter participado de um projeto que concorreu ao Oscar. Mas porque foi a experiência que me apresentou @pirescarol, que me convidou a ajudá-la com alguns episódios de Retrato Narrado, podcast sobre Jair Bolsonaro.
Quem conferiu o quarto episódio me ouviu falar com pressa, comendo palavras. Foi por causa do pouco tempo que conseguimos para conversar com Carol, que viajaria naquela semana mesmo para (gente chique é outra coisa) disputar o Oscar por melhor documentário com @petracostal.
O podcast foi lançado apenas no segundo semestre. E valeu a pena esperar, pois a Rádio Novelo caprichou demais na produção. piaui.folha.uol.com.br/radio-piaui/re…
Ainda em fevereiro, tive artigo meu publicado na coluna de opinião da Folha de S.Paulo. O que, claro, foi uma honra. Nele, alertava dos riscos que Bolsonaro representava à democracia. www1.folha.uol.com.br/opiniao/2020/0…
O objetivo inicial era ser um boletim diário com um resumo do noticiário. Com o tempo, percebi que funcionava melhor trabalhar com o que chamo de "grande história", ou uma coletânea de notícias que destrincham assuntos complexos para leigos.
Findada a eleição, voltei a me dedicar ao @jornalismo_art. Já até publiquei algumas novidades, mas o ritmo mesmo deve ser retomado em janeiro.
Para alguns que me seguem, isso não há de ser muito. Mas profissionalmente estou bem satisfeito. Acho que deu para evoluir bastante num ano que parece ter sido pensado para que regredíssemos.
Finalizo agradecendo a todos que me deram oportunidades, a todos que apoiam o @jornalismo_art, e aos que tiveram paciência comigo. E desejando que, ao final de 2021, todos nós possamos também enumerar feitos dos quais nos orgulhamos.
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Desde que, pela primeira vez, ouvi o Tommy, imaginei que seria divertido entrar 2021 cantando 1921. Ainda sem um bom domínio do inglês, eu não percebia que a letra abordava justamente o trauma que deixaria cego, surdo e mudo o garoto do título.
Décadas se passaram, já consigo ler e ouvir em inglês com razoável tranquilidade, mas ironicamente me sinto preso a um país cada dia mais cego, surdo e mudo.
Eu não vejo o Brasil como um caso único. Um ótimo professor já me ensinou que a história é lógica, com cada grande acontecimento reagindo a acontecimentos anteriores, sendo raros os casos em que poucos indivíduos atuam como motores de tais mudanças.
Eu falo desde o primeiro mês de governo: Jair Bolsonaro não vai melhorar porque não quer melhorar. É um sociopata rindo de quem espera algo construtivo dele. É o maior erro que o eleitor brasileiro já cometeu. Precisa ser contido. Quanto mais demorarmos, mais estrago fará.
A cobrança não deve ser feita a ele, mas a quem ainda tem força para contê-lo. Falo do Congresso Nacional, do STF, da imprensa, e da oposição.
Já perdemos a PGR, a PF e as Forças Armadas. Não podemos perder mais estruturas, ou ele atinge o objetivo.
E o objetivo dele é algo como um capitalismo distópico, no qual milicianos escravizam o resto da população. É a destruição. É a morte.
E ele tem conseguido avançar lentamente nessa direção.
Nos últimos 30 anos, ouvi várias histórias de que "Pipi Popô" era uma música do Ultraje, de Lulu Santos, dos Paralamas, Leo Jaime ou até de Sergio Malandro.
Com o perdão de quem já conhece essa história, mas vamos contá-la mais uma vez...
Há uns 20 anos, quando entrei na faculdade de jornalismo, eu me aproximei dos alunos mais esquerdistas do curso (até porque nem havia direita por lá). Nessa época, eu me dizia esquerdista.
Mas minhas divergências com a esquerda foram me expurgando do grupo. Ao ponto de, uns 10 anos depois, as críticas que eu fazia às gestões petistas me premiarem com toda uma nova leva de amizades, dessa vez, de direita.
Thaís Oyama cometeu um erro comum a quem apresenta programa ao vivo, que é o de se perder com o relógio. O problema é que quem trouxe o vídeo às redes sociais o tratou como um erro deliberado para prejudicar Guilherme Boulos.
Pior, muita gente não estava entendendo que se tratava do final de uma longa sabatina, e comentava como se deliberadamente tivessem ativado o cronômetro para reduzir o tempo de resposta de Boulos em um debate.
Com esse entendimento, a indignação explodiu. E muita gente passou a xingar a jornalista de todo tipo de absurdo. E a pregar contra a imprensa, defendendo boicote não só à Folha, mas a basicamente qualquer jornal.
Falta mais contexto. Ele não teve apenas 44 SEGUNDOS, mas 45 MINUTOS. Não era debate, era sabatina. Era como se o Jornal Nacional recebesse um candidato para uma entrevista cronometrada. O tempo acabou, o microfone cortou.
Mas é bom que, assim, a gente relembra que desinformação e ódio da liberdade de imprensa não é exclusividade de um dos polos.
Nesse formato, não existe isso de cronômetro parar para a pergunta. Todo mundo lembra das perguntas quilométricas que a bancada do JN fazia aos entrevistados com o cronômetro rolando.