Ontem e @teiadospovos convocou o povo para superar a crise com nossas próprias forças e lutas, sem esperar do mau governo. É importante que a turma do movimento negro veja isto: estamos seguindo fazendo quilombos. Retornamos ao princípio.+ teiadospovos.org/quilombo-terra…
Ontem eu e @luta_onire passamos o dia conversando com pessoas que nos chamaram. Ontem também saiu no México um texto fundamentando o pensamento de forjar quilombos. Estávamos cumprindo algo que pensamos, elaboramos e colocamos como desafio deste ano.+ desinformemonos.org/hacer-quilombo…
Por um lado estamos cumprindo nossas falas ao povo preto, sobretudo, que é possível sair da maquinaria de morte que é a cidade. E dizendo que a melhor política de hoje é construir quilombo, lugar de refúgio, para se fortalecer e vir tocar fogo no canavial que aprisiona.+
Por outro lado estamos lembrando que o movimento campesino já foi poderoso, já puxou ocupações de terra ao nível de fazer o latifúndio temer o poder do povo. Contudo vivemos um retrocesso de luta neste sentido. E não há o que falar sobre, há o que fazer!+
E nossa concepção é evidente: a comunidade precisa surgir da luta rebelde e precisa forjar uma cosmovisão inspirada nas melhores tradições de nossos povos, com vínculo verdadeiro na terra, na ancestralidade. E não é palavrório: estamos fazendo isto.
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se eu num tivesse num BR fodido de fome, fascismo, genocídio preto e indígena, eu até estendia minha mão e preocupação com o nazismo no EUA. Mas daqui, o que posso fazer? Combater os daqui, né?! E só se faz impedindo eles de cativarem mais gente pobre.+
O @detetivevsilva esteve escrevendo textos sobre como os pobres daqui estão embarcando na ação direta, em manifestações, contra o lockdown em várias cidades e sendo abraçados, é claro, pelos comerciantes e sua política de morte.+
Estão errados em lutar contra as medidas sanitárias? Veja, muitos deles estão entre duas possibilidades de morte: pela fome e toda desgraçada da ausência de renda; ou pela COVID-19. É uma decisão no meio do completo desamparo. Não dá para a gente criticar muito.+
Quando eu comecei aqui na rede falando sobre voltar à terra, uma turma de intelectuais de esquerda, algumas pessoas até com história de vida na periferia, fez cada crítica como se fosse um absurdo, como se ninguém tivesse tempo para isso pq estava sobrevivendo, etc.+
Quando nós soltamos a convocatória do Quilombo Terra Livre, recebemos gente de todas as regiões do Brasil interessados. E claro, muita gente tá muito longe da Bahia para poder vir. Estamos ouvindo histórias de vida dolorosas em que a terra será de fato liberdade.+
Ouvimos muita disposição de gente da cidade para aprender a lidar com a terra, respeitar o bioma e trabalhar com habilidades urbanas na construção de uma nova comunidade. E muita gente disposta a tomar um meio de produção do latifúndio. Isto é fundamental.+
Papo rápido sobre autodefesa. Os mais velhos que enfrentaram latifúndio, polícia, jagunço nos tem ensinado algumas coisas. A primeira ilusão são as armas. Bagunçam organizações e não garantem muita coisa sem uma organização consolidada e com uma formação vigorosa. O que defende?+
Eles nos têm ensinado que o fundamental da resistência é conhecer o território, ser amigo e familiar dele e ter abundância alimentar. Quem vai defender ficará afastado da tarefa de produção e manutenção da sua existência e de sua família. Então precisamos alimentá-los.+
Com reserva de comida, nós podemos sair do território, acampar em outro lugar, voltar, sair, ocupar outra terra até consolidar o processo de vida na terra almejada. E não existe forma eficaz de defesa que ignore a comida das guerreiras e guerreiros.+
Não existe 20 de novembro a ser comemorado. É um lamento a morte de Zumbi e não ter no meio do Brasil uma Palmares para fazer os brancos e este Estado genocida temer. Nossa tarefa histórica? Fazer Palmares novamente. Não no simbólico, mas no concreto.+
Ninguém ache que o ódio anti-preto vai parar a cada ajuste de comportamentos para que as pessoas sejam menos racistas. Isto não existe, não temos histórico disto no planeta. O racismo estruturou toda a sociedade capitalista. Não se arranca a estrutura moldando comportamento.+
Palmares é terra! Mas é sobretudo terra comandada pelos povos pretos numa grande aliança com toda sorte de marginalizados e perseguidos. Acaso não tem chegado a hora de juntarmos nossos povos perseguidos? Ou vocês creem que esta cidade racista tem jeito?+
"Apartheid simbólico" é RONDESP cortar a cabeça de um morador da periferia? Ou tiro de fuzil que matou Micael de 12 anos no Nordeste de Amaralina? Ou o outro tiro que matou Railan de 7 anos no Curuzu? Agora por que a futura vereadora fala isso? A negociação, né?+
Não tem que desracializar a guerra racial que ocorre em Salvador. Não tem que suavizar na palavra. Deixar de falar racismo feito pelo Estado ou ódio anti-preto. Não há simbolismo algum. Há uma materialidade que vai desde a pobreza material até a bala ceifando corpos pretos.+
Porém esta suavização do debate racial encanta as classes médias e elites que reinventam diariamente que podemos reformar condutas raciais para superar um problema estrutural da sociedade. Vocês me perdoem, mas parecem estar tentando impedir a destruição da estrutura racial.+
A crise se alastra na esquerda. Qualquer renovação da representação política não é um bom parâmetro. Temos que olhar à baixo. Os efeitos da Força Nacional contra o MST ainda são sentidos aqui. Assentamento buscando titular terra e sair do movimento? Tá rolando.+
Mais do que isto, muita liderança de base se elegendo fora de partido de esquerda por aqui, muita liderança de base em partido de esquerda ajudando a eleger políticos profissionais. O impacto disto será sentido nas próximas semanas nas reuniões.+
O pior é que sabemos que Peru, Bolívia, Chile e até EUA e Espanha aos seus modos, mostram que a derrota da direita se deu antes na rua. Nós, portanto, estamos longe da construção de uma grande jornada de lutas. Se o bolsonarismo perdeu, a direita escrota expandiu na eleição.+