Não existe 20 de novembro a ser comemorado. É um lamento a morte de Zumbi e não ter no meio do Brasil uma Palmares para fazer os brancos e este Estado genocida temer. Nossa tarefa histórica? Fazer Palmares novamente. Não no simbólico, mas no concreto.+
Ninguém ache que o ódio anti-preto vai parar a cada ajuste de comportamentos para que as pessoas sejam menos racistas. Isto não existe, não temos histórico disto no planeta. O racismo estruturou toda a sociedade capitalista. Não se arranca a estrutura moldando comportamento.+
Palmares é terra! Mas é sobretudo terra comandada pelos povos pretos numa grande aliança com toda sorte de marginalizados e perseguidos. Acaso não tem chegado a hora de juntarmos nossos povos perseguidos? Ou vocês creem que esta cidade racista tem jeito?+
Aqui na Bahia morte por arma de PM de criança tá virando rotina. Uma polícia especial daqui chegou a cortar a cabeça de um dos nossos em seu quartel. Há todo um sistema de perseguição aos direitos quilombolas que vai desde usurpação de suas terras até capangagem.+
Como vamos parar isto se mesmo nos governos de esquerda isto se repete? Quilombola de Palmares negociava com o facão do lado. Não pedia permissão ao branco para lutar. Passava por cima com a força do povo. Onde está nosso facão na mesa de negociação?+
Se não houver fogo no canavial, se os brancos não tiverem medo, não há negociação possível. Pois nós é que estamos negociando com medo. A gente precisa de raiva, de digna raiva, pois somos odiados todos os dias e rebaixados para negociar.+
Por que não construímos nossas próprias comunidades, nossos quilombos, em rebeldia, com água, com terra para produzir nossos alimentos. Eles precisam de nosso trabalho mais do que nós precisamos deles. Mas nos fizeram crer no oposto. Ergamos Palmares uma vez mais!+
E para cada Beto, e para cada Floyd, que haja fogo na canavial deles. Que possamos lembrar os nossos numa vingança coletiva contra nossos senhores. E que possamos suspender nossas diferenças até a primeira vitória. Paz entre nós, guerra aos nossos senhores!

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19 Nov
"Apartheid simbólico" é RONDESP cortar a cabeça de um morador da periferia? Ou tiro de fuzil que matou Micael de 12 anos no Nordeste de Amaralina? Ou o outro tiro que matou Railan de 7 anos no Curuzu? Agora por que a futura vereadora fala isso? A negociação, né?+
Não tem que desracializar a guerra racial que ocorre em Salvador. Não tem que suavizar na palavra. Deixar de falar racismo feito pelo Estado ou ódio anti-preto. Não há simbolismo algum. Há uma materialidade que vai desde a pobreza material até a bala ceifando corpos pretos.+
Porém esta suavização do debate racial encanta as classes médias e elites que reinventam diariamente que podemos reformar condutas raciais para superar um problema estrutural da sociedade. Vocês me perdoem, mas parecem estar tentando impedir a destruição da estrutura racial.+
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17 Nov
A crise se alastra na esquerda. Qualquer renovação da representação política não é um bom parâmetro. Temos que olhar à baixo. Os efeitos da Força Nacional contra o MST ainda são sentidos aqui. Assentamento buscando titular terra e sair do movimento? Tá rolando.+
Mais do que isto, muita liderança de base se elegendo fora de partido de esquerda por aqui, muita liderança de base em partido de esquerda ajudando a eleger políticos profissionais. O impacto disto será sentido nas próximas semanas nas reuniões.+
O pior é que sabemos que Peru, Bolívia, Chile e até EUA e Espanha aos seus modos, mostram que a derrota da direita se deu antes na rua. Nós, portanto, estamos longe da construção de uma grande jornada de lutas. Se o bolsonarismo perdeu, a direita escrota expandiu na eleição.+
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12 Nov
Olha, eu peguei inginja de "decolonialidade". Tipo, Boaventura é português, branco. Ele ficou conhecido e ganhou dinheiro com epistemes ou ideias dos povos do sul global. Convenhamos: tem algo mais colonial que um português ganhar dinheiro explorando o sul global?+
E tipo, tem muito material massa ali. Muito texto que ajuda. Mas é isto: fruto de uma falsa novidade. Fruto da evidenciação de um outro que segue sem o poder de enunciação que Boaventura tem. E eu li Walter Mignolo e essa turma. Tem coisa boa demais. Porém a turma se perde.+
Olha, num dá pra decolonizar na ideia e não ofertar um referencial que pense a terra, pq é desde a terra que a colonização é feita. Cê imagina alçar um subalterno à condição de referência na academia enquanto seu povo é desterritorializado? Que inversão é essa?+
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10 Nov
Mais uma vez a gente tá vendo esta situação de usar o sistema epidérmico-racial que desvaloriza e prepara o extermínio de nosso povo para criar fratricídio e expor gente que faz luta social anti-capitalista. Vai parar? Não vai porque o objetivo desse "novo empoderamento" é esse.+
Quando nós falamos de "empoderamento", nos remete logo a poder. Eu teria total acordo se falássemos de forma clara sobre melhoria das condições de existência, diminuição dos danos psicológicos e emocionais em ser preto ou preta e etc. Mas empoderamento vem de poder. Pera lá! +
Ver na TV Aberta os branco levantando a bola para uma intelectual preta cortar expondo ainda mais uma lutadora social como a @letparks, mostra que este "empoderamento" trata-se, pelo contrário, de impedir o acesso ao poder real (acesso ao Estado) de quem está em luta.+
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7 Nov
O capitalismo só existiu por ter desvalorizado os bens naturais na mesma medida em que tornou-os precificáveis e vendíveis aos pobres que tinham acesso a isto numa relação mais harmônica com o meio ambiente. Água, carvão e madeira foram reservados para venda.+
Aquela coleta de galhos secos passou a levar campesinos e ex-campesino à cadeia na origem do capitalismo. Isto explica o movimento contraditório de dar preço na natureza, mas desvalorizá-la. Para o pobre a madeira agora teria preço, mas para os ricos o bosque era acessível.+
E assim tem sido. Se aplicássemos o valor do petróleo considerando o tempo que a natureza leva para fazê-lo e o conjunto de matéria orgânica necessária para produzir, vejam vocês, nós não o usaríamos por ser muito caro. Se aplicássemos o valor de um floresta no clima, o mesmo.+
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5 Nov
Jacques Depelchin, um historiador congolês com uma formidável crítica à teoria da história, falava que as histórias também podiam ser medidas pelo seu PIB. A história Europeia e do EUA são globais pelo valor de seus PIB's. A história queniana é local pelo mesmo critério.+
Esta mesma dinâmica serve internamente para pensar as histórias que são consideradas nacionais - SP, RJ, MG - e aquelas que recebem alcunha de história regional. Há uma violência narrativa que não se justifica ou se legitima em texto. Ela se apresenta covardemente oculta.+
Mas as editoras sabem. Também sabem as revistas e os melhores empregos. Isto, contudo, é claramente atravessado por outros aspectos, como o racismo. O PIB da China já desloca uma parte dos olhos para sua história, mas o racismo e o anti-comunismo ainda impedem o voo.+
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