Ok, tive de pôr a box para trás por causa da reportagem devastadora da SIC sobre o ninho de víboras que é o chega, agora debate João Ferreira e Ana Gomes na RTP1!
O João Ferreira tem a idade do John Cena.
Mais importante que isso: Este debate tem consequências importantes: algum destes candidatos consegue apelar para além do partido de origem e unificar um voto de esquerda, especialmente o que fugiu para Marcelo?
Ana Gomes de certa maneira a desvalorizar João Ferreira (não é o seu adversário) e elogia-o pelo seu trabalho de eurodeputado. João Ferreira fala dos apoios que tem extra-partidários, vendendo-se como uma espaço de convergência à esquerda. Carlos Daniel só quer saber se desiste
em favor de Ana Gomes, claro, a pergunta nunca seria feita de outro lado. João Ferreira tenta puxar o assunto para o seu pitch, mas Carlos Daniel está com vontade de ter o sound bite do sim ou não e acaba por debater mais que Ana Gomes no início.
O pitch de João Ferreira é para além do partido. Usa um pouco o truque americano de apelar ao texto original americano, excepto que a nossa tem uma matriz socialista fixe e não uma elitista esclavagista. Ser mais recente ajuda. Mas a CRP é um valor que os candidatos centristas
não podem atacar. João Ferreira aproveita para criar um contraste com Ana Gomes na questão da soberania (insinuando que ela prefere entregá-la à Europa).
Carlos Daniel pergunta primeiro a João Ferreira se desiste a favor de Ana Gomes e depois a Ana Gomes sobre uma segunda volta... estamos a tentar moldar a percepção do público sobre quais os candidatos “realistas” e o “voto útil”, hein?
Ana Gomes a falar de socialismo democrático não sei se está a falar do que eu penso quando digo socialismo democrático, mas ok. Isto está a ser uma entrevista a Ana Gomes e ela é que puxa o João Ferreira para mostrar que concorda com ele.
A técnica tem sido frequente. O candidato “maior” concorda com o menor para mostrar que não é uma ameaça para o eleitor tipo do candidato “menor”. Marcelo fez com JF, AV com Vitorino e Ana Gomes tentou com Marisa e agora com JF. Discordar é uma posição defensiva pra prender votos
João Ferreira a aproveitar para apontar que o PS de Ana Gomes atacou as leis laborais quando ela era deputada. Mas isto continua uma entrevista para voltar Ana Gomes a comentadora. Muito enquinado este campo até agora.
Ana Gomes teve 3 tópicos para dissertar sem réplica para agora João Ferreira ser chamado para responder só a uma. Bem a tentar estabelecer contrastes nos vários assuntos com MRS (especialmente nos direitos laborais) e implicitamente com Ana Gomes, dizendo que ela é mole com MRS.
“Isso sabemos.”, “temos de avançar”- Carlos Daniel constantemente a tentar despachar e desviar João Ferreira 🤷🏻♂️. Responder ao que Ana Gomes afirmou? Interessa é abanar espantalhos sobre o PCP ser anti-Europa.
Carlos Daniel com dois pesos e duas medidas: quer comentário livre de Ana Gomes e sound bites preto no branco de João Ferreira. Mas João Ferreira marca a posição, mas cria uma percepção de adversariedade com o moderador.
Ser “Europeísta” para o mainstream mediático (e para a maioria dos portugueses) é sinónimo de institucionalismo que se associa a necessário à Presidência. Ana Gomes aproveita o passe de Carlos Daniel para tentar rematar o “anti-europeísmo” de João Ferreira no momento mais quente
Momento mais interessante do debate, João Ferreira tenta pintar o europeísmo de Ana Gomes como subserviência aos mais fortes dentro da Europa. E acaba assim quando finalmente fica interessante o contraste entre os dois e não duas entrevistas paralelas. MAIS TEMPO, XÔR ARBITRO.
Por muito que me custe, preferindo João Ferreira a Ana Gomes, Ana Gomes sai por cima no debate metendo a perna acima das cordas (wrestling, baby!) Teve tempo de fazer várias afirmações muito generalizadoras sobre João Ferreira e interrompeu e gastou tempo para não se ouvir a
resposta com nuance que João Ferreira estava a tentar ter, não eurofóbica, mas euro-crítica. E assim ficou pintado como um radical. Perdeu-se muito tempo no início com questões desinteressantes e tal como no @NumaSociedade não sobrou tempo para discutir a UE, o maior contraste!
Em relação à Europa, é uma questão de que compromissos estamos dispostos a fazer. Estar na UE, é negociável? Estar no Euro, é negociável? A cada votação, luta-se pelo compromisso ou pelo óptimo? Ana Gomes vive num mundo de TINA europeia, o melhor que de pode pedir é gradualismo.
Já João Ferreira, concorde-se ou não, tem uma visão clara que muitas vezes os compromissos são mais derrotas que conquistas e vão metendo cada vez mais pregos em qualquer suposta soberania portuguesa.
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João Ferreira num caloroso debate com a moderadora sobre as medidas de emergência que são necessárias (mas não o estado de emergência, que não evitou este brutal aumento de casos). Há alguma regra sobre não deixar o João Ferreira acabar um pensamento ou...? #presidenciais2021
Duas perspectivas anti-estado de emergência de ângulos completamente diferentes em confronto. E Mayan insiste no anti-confinamento sueco que tão bons resultados tem trazido. O que lhe interessa é que os privados possam continuar a lucrar no negócio da saúde. #presidenciais2021
Marcelo a mandar bocas a AV sobre as suas tendências megalomano-messiânicas religiosas. Mas não consegue condenar AV. Normaliza-o, mas torna mais difícil de AV o atacar porque não se pode fazer de vítima. Claro que isso não o impediu de fazer porque é um palhaço. 🤡
Clara de Sousa ajuda AV a pintar-se como candidato anti-sistema. Marcelo contrasta-se como da direita social vs securitária, do medo (AV faz a primeira interrupção tímida.) e pinta AV como um candidato meramente partidário e ele como um supra-partidário. (AV com problemas de mic)
“Propostas que não têm provas dadas” excepto a recuperação mais forte da Grande Depressão da 2a Guerra Mundial e o maior crescimento do nível de vida e de redução de pobreza da história do mundo na criação dos estados sociais do séc XX. O problema dos liberais modernos (1/8)
lembra o problema dos Republicanos que se seguiram ao Tea Party. A retórica desonesta de conservadores como Reagan e Thatcher que admiram inexplicavelmente, que justificou políticas de discriminação racial, imperialismo e de destruição dos direitos laborais para benefício (2/8)
dos mais ricos e pouco mais era uma patranha em que ninguém nos anos 80 acreditava. Mas quem cresceu nessa altura e a seguir ACREDITOU e a fé cega permitiu-os ignorar a destruição do estado social, da classe média, do ambiente e o crescimento da desigualdade galopante e (3/8)
Tenho muito pouca paciência para estas conversas de "precisamos de uma perna esquerda e uma perna direita senão andamos tortos" e "precisamos de uma direita forte". Se o centro político deste país já fosse entre o PS e o BE/CDU, a discussão era QUANTO investir no SNS, QUÃO (1/6)
rápida tem de ser a transição energética, que medidas vamos usar para combater a emergência climática, que medidas públicas vamos tomar para arranjar o que o mercado estragou: a habitação, a comunicação, a energia, os transportes, os correios, o planeamento do território; (2/6)
discutir como e quanto se pode e deve democratizar o trabalho, e quantas horas devemos trabalhar e se a gig economy precisa de ser regulada decentemente; em vez de estarmos a discutir se refugiados, lgbt, imigrantes são pessoas com os mesmos direitos ou se é muito mau (3/6)
MARISA MATIAS VS VITORINO SILVA na RTP3 agora! WILD CARD TIME
Começa com uma visita ao passado histórico da figura de “Tino de Rans” que já nos acompanha há mais de vinte anos. Pinta-se como um homem de família e não um fanático sedento de holofotes e defende as suas derrotas eleitorais recentes (reenquadrando como vitórias morais)
Ainda bem que Vitorino está nestes debates, Portugal é mais que Belém e São Bento. Não sei como Marisa consegue “marcar pontos” aqui, excepto sendo magnânima e simpática (como é normalmente). VdS a notar as boas audiências que teve. Como alguém não preocupado com a fama.
Professor Quirrell vs Voldemort na Sic Notícias agora!
Entrada a pés juntos. Clara de Sousa pede sangue. Mayan começa a ler o rol de crimes de AV contra a decência e a educação. AV interrompe claro, desconfortável. Mayan treme mas prossegue. Para AV ser de direita é ser racista e Mayan não passa o teste.
AV entra em modo cópia barata Trump com trejeitos de mão mal imitados e chama à IL de “esquerda liberal”. Para AV ser de direita é ser racista e atacar minorias. E chama travesti de direita, jfc, nível baixíssimo já. Mayan chama AV de oportunista que empola e puxa o Benfica.