Sem oxigênio, a mortalidade da COVID não são "só" os infectados. É toda a ala hospitalar. Pelos próximos dias. É do bebê prematuro ao paciente em coma por um acidente de carro.
Do começo do ano até aqui, mesmo no pior que passamos em março, nunca estivemos tão baixo na situação com que brasileiros são tratados. E é uma doença infecciosa, que não fica parada.
Meus pêsames a todos em Manaus pelo que tem acontecido e o que vem pela frente.
E meus pêsames a todos os profissionais de saúde que dão a vida para cobrir a incompetência alheia de quem não aprendeu a lição depois de 1 ano.
Devo passar menos tempo no Twitter pelos próximos dias.
Por mais que espere que cada pessoa que defendeu tratamento que não funciona, aglomeração e circulação desnecessária de pessoas e afins responda pelo que passamos e o que vem pela frente, não vai devolver as vidas que estamos perdendo agora por uma doença evitável.
O mínimo que pode se fazer agora é levar oxigênio para lá. Mas é uma doença infecciosa, como fazer quando mais cidades precisarem dos mesmos recursos?
Em setembro a Fiocruz avisava sobre o aumento de casos. Fiquem à vontade para procurar notícias de outubro mostrando como esses avisos foram recebidos. E notícias desde então sobre medidas de distanciamento adotadas ou não.
Lembrando que passamos por festas e temos uma variante preocupante de coronavírus circulando no Amazonas com as mutações que favorecem transmissão.
Se a situação de Manaus for consequência dela, é um prelúdio do que vem conforme se espalhar. Se não for, pode piorar.
E você que tá cobrando onde foram parar os milhões federais, estaduais ou municipais que deveriam ter ido para a saúde, por favor, cobre.
Mas entenda que não tem dinheiro ou profissionais no mundo para resolver COVID com hospitais. COVID se resolve evitando casos até se vacinar.
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Uma teoria intrigante sobre pq a gripe não é letal como foi em 1918 é que ela não só levou os mais vulneráveis como todos hoje têm contato com o vírus na infância, quando a infecção seria mais leve. E ele ainda seria letal se você só tivesse contato quando adulto, como em 1918...
Em alguns casos, como o sarampo e até COVID, o contato com o vírus quando adulto pode causar uma doença bem mais severa, em parte por causa da inflamação do sistema imune de adultos. Mas como todo mundo encontra o vírus da gripe cedo, a letalidade ainda preocupa, só que é menor.
Se for o caso, as vacinas serão uma forma muito segura de transformar a COVID em uma infecção mais leve. E até aqui, 100% dos vacinados não precisaram de internação, mesmo com uma parte deles pegando o vírus. Então, mesmo se variantes escaparem de algumas vacinas...
Ainda estão determinando se as mutações de variantes do coronavírus encontradas no Brasil aumentam ou não a transmissão. Mas o pensamento evolutivo mostra que logo mais isso não fará diferença: se não forem mais transmissíveis, variantes que são substituirão elas.
Segue fio 🧵
Evolução não é "sobrevivência do mais forte". É a predominância de quem deixa mais descendentes. No caso dos vírus, é a seleção daqueles que são mais transmitidos. Independente do que causam no hospedeiro.
O coronavírus é transmitido normalmente entre 4 e 14 dias. A COVID mata depois de 14 dias por causa da reação do nosso corpo. O que acontece com o hospedeiro depois da transmissão, se ele é internado ou não, se é mais ou menos letal, não faz diferença na transmissão do vírus.
Todo mundo tá com medo da COVID fazer dodói. Porque se o dodói é muito, o doente vai pro céu e a família fica triste. E pra parar esse bicho papão, precisa de uma coisa chamada vacina, que usa a seringa. Como ninguém quer ficar triste, o preço da seringa deve ficar lá em cima.
Se o Brasil não comprar seringa mesmo custando caro, ninguém vai ter vacina aqui e muita gente vai ficar dodói. Aí o Brasil todo vai ficar triste por muito tempo e muita gente para de trabalhar por causa do bicho papão. Por isso precisamos de máscara e vacina com seringa.
Quem fica dodói precisa de hospital. Mas quando muita, mais muita gente fica dodói, não tem como ir lá pro hospital pra cuidar. Aí a ambulância tem que deixar o vovô dodói em casa e ele fica com falta de ar até morrer. E todo mundo fica mais triste.
Uma explicação visual bem simples e direta mostrando que um vírus mais infeccioso, como a variante B117, gera mais mortes do que se o vírus fosse mais letal, por causar mais casos em pouco tempo.
Esse é o ingrediente extra que temos em 2021. Precisamos de medidas e vacinas.
Com 1000 pessoas infectadas, se cada uma delas passa o vírus para 1,1 outra (em média), e 0,8% das pessoas infectadas morrem, em 1 mês são 13 novas mortes.
Com mesmas pessoas, se uma variante 50% mais transmissível como a B117 passar para 1,65 outra, são 98 mortes em 1 mês.
Só de infectar mais pessoas, mesmo não sendo mais letal, o número de internações e mortes cresce bem mais rapidamente.
O @nytimes recebeu documentos mostrando como a China censurou redes sociais para controlar a narrativa e a opinião dentro do país e internacional. Muitos países distorceram a narrativa (EUA incluso), mas não com essa censura em redes sociais.
Ressalva importante: esse controle em redes sociais condiz com o que já disse antes de ser uma resposta mais autoritária que não ocorreria em outros países.
Os documentos não mostram que falsificaram dados ou informaram números fictícios de COVID para órgãos internacionais.
Não vi o mesmo em redes sociais outros países. Os documentos não mostram que os números comunicados são falsos ou qualquer coisa nesse sentido. O que é bem diferente do que vemos no Irã, por exemplo, onde mortes e casos não são compatíveis.