Ainda estão determinando se as mutações de variantes do coronavírus encontradas no Brasil aumentam ou não a transmissão. Mas o pensamento evolutivo mostra que logo mais isso não fará diferença: se não forem mais transmissíveis, variantes que são substituirão elas.

Segue fio 🧵
Evolução não é "sobrevivência do mais forte". É a predominância de quem deixa mais descendentes. No caso dos vírus, é a seleção daqueles que são mais transmitidos. Independente do que causam no hospedeiro.
O coronavírus é transmitido normalmente entre 4 e 14 dias. A COVID mata depois de 14 dias por causa da reação do nosso corpo. O que acontece com o hospedeiro depois da transmissão, se ele é internado ou não, se é mais ou menos letal, não faz diferença na transmissão do vírus.
Então não temos motivos para achar que a COVID vai se tornar mais ou menos letal por conta própria. Só será menos letal com nossos tratamentos. Mas podemos esperar que ela se torne mais transmissível, por conta da evolução. É o que estamos vendo.
Reino Unido, África do Sul, Brasil, Japão e outros países que testam quais os vírus circulam por lá estão detectando novas variantes. Em alguns casos, como a B117, são mais transmissíveis. Em parte, sabemos disso porque ela substituiu as outras linhagens no Reino Unido.
Então mesmo se as variantes novas que vemos aqui não forem mais transmissíveis, serão substituídas por essas outras que são. É uma questão de tempo. Como se tivéssemos um surto de COVID dentro de outro surto de COVID. E um surto que cresce mais rápido.
Mesmo se não for mais letal, um vírus mais transmissível fura mais barreiras, se espalha mais rápido, manda mais gente para o hospital e satura o sistema de saúde mais cedo. Tudo isso acaba implicando em mais mortes.
Por isso as medidas de distanciamento precisarão apertar no mundo todo, porque variantes mais transmissíveis são mais difíceis de conter. E por isso tanta pressa com as vacinas. Já eram urgentes, agora são ainda mais vidas em risco.
Reforçando o fio, ao menos 2 vírus com mutações reportados pelo Japão são de grupos do Amazonas com mutações que devem favorecer transmissão. Temos variantes transmissíveis circulando onde o sistema de saúde colapsa. Trabalho de @GrafTiago e @PaolaResende1
virological.org/t/phylogenetic… Image

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6 Jan
Todo mundo tá com medo da COVID fazer dodói. Porque se o dodói é muito, o doente vai pro céu e a família fica triste. E pra parar esse bicho papão, precisa de uma coisa chamada vacina, que usa a seringa. Como ninguém quer ficar triste, o preço da seringa deve ficar lá em cima.
Se o Brasil não comprar seringa mesmo custando caro, ninguém vai ter vacina aqui e muita gente vai ficar dodói. Aí o Brasil todo vai ficar triste por muito tempo e muita gente para de trabalhar por causa do bicho papão. Por isso precisamos de máscara e vacina com seringa.
Quem fica dodói precisa de hospital. Mas quando muita, mais muita gente fica dodói, não tem como ir lá pro hospital pra cuidar. Aí a ambulância tem que deixar o vovô dodói em casa e ele fica com falta de ar até morrer. E todo mundo fica mais triste.

g1.globo.com/mundo/noticia/…
Read 10 tweets
6 Jan
Uma explicação visual bem simples e direta mostrando que um vírus mais infeccioso, como a variante B117, gera mais mortes do que se o vírus fosse mais letal, por causar mais casos em pouco tempo.

Esse é o ingrediente extra que temos em 2021. Precisamos de medidas e vacinas.
Com 1000 pessoas infectadas, se cada uma delas passa o vírus para 1,1 outra (em média), e 0,8% das pessoas infectadas morrem, em 1 mês são 13 novas mortes.

Com mesmas pessoas, se uma variante 50% mais transmissível como a B117 passar para 1,65 outra, são 98 mortes em 1 mês.
Só de infectar mais pessoas, mesmo não sendo mais letal, o número de internações e mortes cresce bem mais rapidamente.
Read 4 tweets
21 Dec 20
O @nytimes recebeu documentos mostrando como a China censurou redes sociais para controlar a narrativa e a opinião dentro do país e internacional. Muitos países distorceram a narrativa (EUA incluso), mas não com essa censura em redes sociais.

nytimes.com/2020/12/19/tec…
Ressalva importante: esse controle em redes sociais condiz com o que já disse antes de ser uma resposta mais autoritária que não ocorreria em outros países.

Os documentos não mostram que falsificaram dados ou informaram números fictícios de COVID para órgãos internacionais.
Não vi o mesmo em redes sociais outros países. Os documentos não mostram que os números comunicados são falsos ou qualquer coisa nesse sentido. O que é bem diferente do que vemos no Irã, por exemplo, onde mortes e casos não são compatíveis.
Read 4 tweets
16 Dec 20
Google tem acesso a dados e posição de celular 24h e o que perguntamos na nossa intimidade.

Facebook traça perfil de personalidade de usuários melhor do que cônjuge e pode conduzir teste psicológico em escala mundial.

Mas é na vacina que colocaram chip para monitorar você.
O corretor tinha deixado um conjugue ali, mas eu não queria conjugar nada.
Como o Google sabe o que sabe:


Como o Facebook conduz experimentos psicológicos em uma escala que o mundo nunca viu:
Read 4 tweets
14 Dec 20
Fico bem mais feliz com a posição entre cientistas e instituições de pesquisa do que qualquer colocação :)
"Cientistas como @TaschnerNatalia e @PauloLotufo possuem bastante autoridade nas redes, ao passo que os professores @ThomasVConti e @marciacastrorj contam com boa articulação [...] só mostra como a comunidade de influenciadores da ciência se desenvolveu"
jornal.usp.br/ciencias/estud…
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10 Dec 20
Hoje saiu a notícia de que dois profissionais do sistema de saúde inglês tiveram reação alérgica à vacina que começaram a distribuir (bbc.com/news/health-55…). Segue um fio explicando pq isso é esperado, o que mais devemos ver e a importância do monitoramento agora.
Todas candidatas a vacinas precisam apresentar resultados de segurança e efeitos adversos, além da eficácia. Essa vacina da Pfizer que despertou alergia tem muita informação disponível (e que bate com os sintomas vistos), que a @mellziland destrincha aqui:
Efeitos adversos são esperados com vacinas, tanto que até o grupo placebo registrou alguns. Mas também deve ter mais efeitos adversos mais raros aparecendo agora, quando se salta de dezenas de milhares de doses dadas em voluntários para centenas de milhares de doses distribuídas.
Read 9 tweets

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