Oi, pessoal. Quero contar pra vocês rapidinho como funciona uma matriz de gerenciamento de riscos, e mostrar como ou não fizermos isso aqui no Brasil, ou fizemos muito mal. Segue o fio! 🧶 //1
Quando temos uma situação complicada se avizinhando, ou mesmo um projeto que queremos muito fazer, é interessante fazermos uma tabelinha, na qual cada linha é um risco que pode acontecer, e nas colunas temos a probabilidade daquilo acontecer e o impacto caso aconteça. //2
Então, por exemplo, se temos uma epidemia acontecendo na China, e temos risco dela chegar aqui, é interessante fazer a lista de riscos com pessoas da área. //3
Se formos fazer uma lista de riscos aqui no Twitter mesmo, acho que conseguiríamos ao menos alguns riscos:
- Falta de leitos;
- Falta de profissionais de saúde;
- Falta de insumos (sedativos, oxigênio, etc.);
- Falta de caixões;
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Aí, quando temos os riscos na nossa tabelinha, podemos fazer o cruzamento em uma matriz que diz qual o risco relativo, como esta aqui (fonte: blog.softwareavaliacao.com.br/matriz-de-risc…) //5
Todos os riscos que ficam nas faixas de moderado, substancial e intolerável devem ter ações imediatas atreladas a eles. Só podemos nos dar ao luxo (e muitas vezes, nem assim) de assumir riscos pequenos, dentro da faixas "desprezível" ou "aceitável". //6
Aqui entra o "pulo do gato": se por acaso eles não ocorrem, não é um desperdício de dinheiro. Pelo contrário, se analisa a situação e se melhora para as próximas matrizes de risco. O custo é sempre MUITO menor do que o contrário: acontecer o risco e não ter ação atrelada. //7
Estes riscos que eu descrevi tinham uma probabilidade entre "possível" e "provável" e um impacto entre "crítico" e "extremo"...então todos eram riscos "substanciais" ou "intoleráveis". E isso foi uma análise de risco super simples, feita no Twitter....//8
Então espero que fique explícito pra vocês como fica pra mim de que ERA POSSÍVEL prever o que aconteceu em Manaus e que ações NÃO FORAM TOMADAS.
Inclusive isso ainda pode ocorrer em outras cidades do Brasil. Rio de Janeiro (capital) está em um caminho MUITO similar. //9
São Paulo (capital) também passa por uma situação complicada, com aumento de internações....e tudo que não queremos é uma repetição de colapsos como o que infelizmente estamos passando em Manaus. //10
Para terminar: é importante SEMPRE trabalhar para ELIMINAR os riscos. A pior coisa que uma gestão pode fazer é ligar o modo "no andar da carruagem as melancias se ajeitam" ou "conforme acontecer a gente vê o que faz". //fim
Quando alguém vier com a fala (totalmente errada) de que o tratamento precoce salva vidas, peça dados, de fontes oficiais, de pacientes totais, quantos tomaram, internações hospitalares, óbitos...analise os dados oficiais de cada local, faça cruzamento de dados...//1
Infelizmente quem deveria fazer isso (quem prescreve) não está fazendo, está fazendo apenas análises observacionais, de que "parece que funciona". Hoje mesmo recebi um video do Instagram de um rapaz (que não vou divulgar aqui e dar palco) ostentando o tal "tratamento". //2
Ao analisar os dados dele, foram 969 pacientes e 42 internações em UTI. Ora bolas: isso dá 4,33% de pacientes internados em UTI, a mesma taxa da Lombardia em março: jamanetwork.com/journals/jama/… //3
Vi "lockdown" nos trending topics e percebi que alguns ainda dizem que afastar as pessoas umas das outras não resolve uma epidemia de vírus respiratório. Sigam o fio de 16 tweets para vermos juntos esse artigo: 🧶 science.sciencemag.org/content/early/… //1
Este artigo demonstra, através da estatística, o quanto as intervenções não farmacológicas foram eficazes para reduzir a transmissão do vírus.
Reduzir a transmissão do vírus é, de longe, a ação mais efetiva. Ela evita novas variantes, mortes, fechamentos de fronteiras, etc. //2
Para entender a importância da redução da transmissão, acompanhe essa analogia: se abrir uma goteira no meio da sala da sua casa, vale mais a pena colocar um balde ou consertar a fonte da goteira?
Aumentar leitos equivale a botar muitos baldes. //3
Oi, pessoal. Como temos sete dias de dados consolidados em 2021, eu gostaria de mostrar algumas coisas que encontrei para vocês, em relação às internações em UTI por COVID-19 no RS e em SP. Vamos ver? Sigam o fio de 19 tweets! 🧶//1
Primeiro de tudo: temos uma chance elevada de termos atrasos de notificação neste período de final de ano, desde a véspera do Natal (primeiro feriado) até a primeira semana de 2021 (trocas de governos municipais). Expliquei sobre atraso aqui: redeaanalisecovid.wordpress.com/2021/01/04/atr… //2
Dito isso, trago os gráficos de internações hospitalares de SP e do RS pois temos discrepâncias significativas entre estes dois estados:
- RS está em forte queda em quase todo o estado em 2021;
- SP está com aumento de internações em quase todo o estado em 2021. //3
Percebemos um grupo super feliz com os dados da Coronavac (são números ótimos) e um grupo receoso, pedindo mais dados. Para entendermos essa "divergência" (muitas aspas aqui pois estamos todos querendo a mesma coisa), uma analogia: //1
Em uma prova de matemática, vem a seguinte questão:
Qual a solução da equação logarítmica log10 (x-4) = 2?
E seu aluno responde: 104
E mais nada. Nenhum desenvolvimento, nenhuma explicação.
Vamos no gabarito conferir e vimos que ele acertou. Está bom assim para vocês?
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Gostamos de ver o desenvolvimento da equação para entender se o raciocínio pelo qual ele chegou lá é o correto, né? Por isso se pedem mais dados, relatórios e afins. É o "desenvolvimento da questão", a "resposta completa" que a professora pedia. //3
Oi, pessoal. Um status rápido: dados ainda estão com um "véu" devido ao recesso + trocas de governos municipais + carga forte nos hospitais. Infelizmente estamos "navegando sob forte neblina e com pane momentânea nos instrumentos", por isso é complexo analisar. //1
Reversões de tendência que aparecerem agora devem ser analisadas com muita calma, e não podem ser confirmadas/propagadas como verdade absoluta imediatamente. //2
É importante e válido sempre entender o que está havendo realmente nos hospitais/funerárias e comparar com os dados, e agora estamos com discrepâncias, por isso peço calma. //3
Oi, pessoal. Eu percebi que tem muita gente bastante chateada, com razão, com o "não anúncio" do resultado dos testes clínicos da fase 3 (eficácia) da Coronavac hoje, e acredito que posso ajudar um pouco analisando com um olhar de gestão de riscos: 🧶 //1
Quando temos uma expectativa em jogo (normalmente é uma expectativa comercial/acionistas, mas neste caso é uma expectativa da população), quem vai anunciar informações que possam ir de encontro a essa expectativa acaba fazendo alguns "cálculos" de como isso afeta a reputação. //2
Se fizermos um determinado anúncio que seja inclusive suficiente para a ciência, mas que corra risco de danos ao capital político, podemos vir a adiar esse anúncio em etapas, reduzindo os danos ao capital político. Explico: //3