Para mostrar como bens públicos fornecidos gratuitamente ou a um custo muito baixo, a Venezuela é um bom exemplo. Pense no caso da gasolina. A gasolina venezuelana já foi a mais barata do mundo, chegando a custar aproximadamente apenas US$ 0,01 por litro
Durante vinte anos, o governo venezuelano manteve os preços congelados e usou isso politicamente para dar a falsa impressão de um ganho econômico pela população.
A ideia é ótima: subsidiar a gasolina para que a população possa se locomover de maneira barata.
A economia também seria afetada ao reduzir o preço da logística. Até aí todos concordam. O que diferencia boas políticas de más políticas é como gestores querem atingir o objetivo.
Alguns querem fazê-lo por meios de mercado: incentivando a concorrência, o investimento por parte do setor privado etc. O governo venezuelano acreditou no poder da caneta. Mas, em economia, o barato sempre sai caro.
O custo de produção da gasolina venezuelana é muito acima de US$ 0,01 por litro. Assim, o governo precisou subsidiar a diferença. E como o governo subsidia esse tipo de política? Da mesma maneira que constrói estradas públicas: através de impostos.
Segundo algumas estimativas da agência Bloomberg (é difícil chegar a um número preciso, uma vez que não há dados confiáveis por fontes do governo), esse tipo de política de subsídios trouxe US$ 15 bilhões em prejuízo aos cofres públicos por ano, em 2013.
Aqui surge o primeiro problema com essa política de subsídios: a transferência de renda perversa. O dinheiro sai do bolso dos contribuintes, logo todos pagam esta conta, inclusive os mais pobres que nem sequer possuem carros.
Assim, subsidiar a gasolina tira dinheiro dos mais desfavorecidos para aqueles que utilizam carros. A isso, chama-se custos difusos, benefícios concentrados. Ou seja, apenas um pequeno grupo de pessoas é beneficiado por determinado produto ou serviço, enquanto todos pagam por ele
A pergunta que fica é se é justo alguém com o carro importado abastecer com uma gasolina subsidiada com o dinheiro de impostos pagos por quem faz parte das classes mais baixas da população.
O segundo problema é em relação a investimentos. A PDVSA, companhia estatal de petróleo da Venezuela, tem sucessivos prejuízos, já que vende a gasolina abaixo do seu preço de custo. Assim, a empresa não consegue investir em novas tecnologias.
Com tecnologias cada vez mais ultrapassadas, sem implantar inovações, a PDVSA não consegue reduzir o preço de produção no médio e longo prazo por meio de técnicas novas. Este tipo de redução de preço é bem-vindo, mas preços baixos de forma artificial não funcionam.
O terceiro problema é o que se chama de a Tragédia dos Comuns. O termo foi introduzido pela primeira vez por Garret Hardin, um ecologista. Com apenas seis páginas, o breve ensaio de Hardin teve a façanha de ser uma das mais citadas obras nas ciências no século XX.
Ele conta uma história hipotética, mas que acontece diariamente em áreas públicas.
Imagine um pasto compartilhado por pastores locais. Assume-se que os pastores querem maximizar sua produção e que aumentarão o tamanho do rebanho sempre que for possível.
Cada animal adicional traz um ponto positivo e um negativo. O ponto positivo é que o pastor recebe todo o lucro de cada animal a mais. O negativo é que a pastagem é ligeiramente degradada por esse animal. Para cada animal a mais na produção, há um benefício e um custo.
Acontece que a divisão destes custos e benefícios é totalmente desigual. O pastor ganha individualmente todos os benefícios sem dividir com ninguém, mas os custos são compartilhados entre todos os que deixam seus animais naquela pastagem.
Se você fosse um pastor, o que faria? Para o indivíduo, a decisão racional é acrescentar um animal extra. E mais um, e depois mais um. Como todos os pastores chegariam à mesma conclusão, o excesso de exploração e a degradação do pasto seria o inevitável destino de longo prazo.
Pode parecer uma decisão não inteligente enquanto grupo, mas, individualmente, a resposta racional para um indivíduo é acrescentar sempre mais um animal, visto que o ganho é sempre maior para cada pastor do que a quota individual do custo distribuído.
Em outras palavras, quando os custos são pequenos demais em relação aos benefícios, as pessoas tendem a fazer sobreuso desses bens. No história criada por Hardin, a lotação excessiva do pasto prejudica a todos.
No caso da gasolina não é diferente.
Sempre que as pessoas consomem o bem sem um determinado custo, não há porque usá-lo de maneira racional. Se a gasolina for excessivamente barata, as pessoas acabam por utilizá-la sem discriminação.
Por que alguém utilizaria transporte público ou uma bicicleta quando o custo de usar carro é tão baixo?
Cobrar pelos bens ou serviços o preço que eles valem é uma maneira de fazer as pessoas usá-los de maneira racional. Pense no caso de um jantar no restaurante em grupo.
Este é mais um caso típico de divisão de recursos comuns. Não é raro no Brasil, em um jantar, o grupo repartir a conta em partes iguais, independentemente da quantidade consumida. Separar a conta muitas vezes dá trabalho e é considerado por alguns até uma atitude indelicada.
No entanto, sabemos que cada prato tem um preço diferente. Além disso, alguns pedem sobremesa, outros não. Alguns pedem vinho, caipirinha, outros pedem apenas suco. E por aí vai.
A analogia é a seguinte. Uma pessoa racional pensa da seguinte maneira: eu vejo que todo mundo está pensando em pedir a carne por R$ 20 cada, mas há o camarão por R$ 40.
Como estamos em grupo, se pedir camarão, pagarei uma fração adicional , pois os meus R$ 40 serão diluídos
Mas se eu ficar na carne e os outros pedirem um prato mais caro, eu estarei pagando a mais sem usufruir.
Entretanto, todos têm o mesmo raciocínio e pedem camarão. O resultado é que a conta fica muito mais cara do que se cada um pagasse separadamente por seu prato.
A tragédia dos comuns ocorre sempre que não se cobra o preço justo das coisas. No caso da gasolina — ou de qualquer outro bem — fornecer algo gratuito ou com preços artificialmente baixos, que é o que ocorre quando há subsídios, leva ao uso não racional daquele bem.
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Precisamos falar da Petrobras: empresa é acusada de segurar preços
Na primeira semana do ano, a ABICOM, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis, protocolou no CADE a acusação de que a Petrobrás estaria segurando os preços dos combustíveis.
Esses produtores que fizeram a denúncia importam e vendem derivados de combustíveis com base nas cotações internacionais de petróleo enquanto a Petrobrás define o preço dos produtos com base nos custos de produção e. Isso dá uma diferença de preço para um e para outro.
Até esse ponto tudo certo, é assim com as políticas de preços. No entanto, começaram a circular no mercado rumores de que o represamento se deve à ameaça de greve dos caminhoneiros.
Infelizmente inúmeros colegas jornalistas, comunicadores e veículos de mídia estão reportando dados errados sobre a Coronavac.
Segue o fio. Aos fatos:
1) A eficácia de 50,38% (segundo o @butantanoficial ) O número foi estimado por um órgão internacional e deve estar correto.
Obs1. Só saberemos com certeza quando os dados/estudo completo forem disponibilizados
2) Quanto menor a eficácia, maior o percentual de pessoas a serem vacinadas para conter a epidemia.
3) A eficácia de 50,38% implica, supondo que os vacinados não transmitam os vírus, uma cobertura de aproximadamente de 56% se considerarmos que a transmissão no Brasil seja 1,4 . (epiforecasts.io/covid/posts/na…)
Devido a confusão , segue um resumo do texto da wikipédia sobre p-valor para analisar os dados reportardos da Vacina. Segue o fio...
1 p-valor é a probabilidade de se obter uma estatística de teste igual ou mais extrema que aquela observada em uma amostra, sob a hipótese nula.
2 Em um teste clássico de hipóteses, são definidas duas hipóteses, a nula (H0) e a alternativa (HA). A princípio, um pesquisador começa o teste supondo que a hipótese nula é considerada a verdadeira.
3 Ao confrontarmos a hipótese nula com os achados de uma amostra aleatória tomada de uma população de interesse, verifica-se a sua plausibilidade em termos probabilísticos, o que nos leva a aceitar ou não H0.
Ganhadores do Nobel de Economia revolucionaram os leilões
O Prêmio Nobel costuma ser uma ótima ocasião para se conhecer as ideias econômicas influentes, que, por vezes são pouco conhecidas fora do circuito acadêmico. A escolha dos dois ganhadores deste ano é um destes casos.
Nesta segunda-feira, a Academia Real de Ciências da Suécia entregou o Nobel de Economia a dois americanos, Paul Milgrom e Robert Wilson, devido aos estudos desenvolvidos pela dupla sobre como funcionam os leilões.
Os dois são professores da Universidade de Stanford e conhecidos por terem criado o formato usado pelo governo americano no leilão de frequências de rádio para operadoras de telecom nos Estados Unidos, nos anos 90.
Quase quatro décadas atrás, aumentar preço era assunto de polícia. Durante o plano cruzado, em mil novecentos e oitenta e seis, gerentes de supermercado eram presos se consumidores denunciavam que algum valor desrespeitava o congelamento de preços.
Eram os tempos da tabela da antiga SUNAB - Superintendência Nacional de Preços. Essa tabela apontava o valor máximo que um produto podia custar e era publicada nos jornais. As pessoas iam ao supermercado com ela e verificavam. Se fosse o caso, podiam denunciar abuso.
Em alguns casos supermercados foram fechados ao som do hino nacional. Pareciam tempos remotos, que ficaram no passado. A SUNAB, afinal, não existe mais desde mil novecentos e noventa e sete - foi extinta pelo governo.
Acordei com mensagens do "ódio do bem" por um vídeo que foi extraído fora de contexto mo @programapanico Sugeri em determinado momento que ele estudasse e continuasse o TikTok. Conselho que daria para meu filho , amigo ou qualquer pessoa que tenho apreço.
Falei isso pois em determinado momento, o Mário falou que largou os estudos. Torço para que sucesso dele continue no aplicativo, mas se os ventos mudarem, uma formação pode ser útil.
O lugar que estava sentado naquele momento me impedia de ver a reação do convidado que estava por Skype - jamais tive o intuito de ofender ou humilhar. Sou professor universitário desde 21 anos de idade e a educação para mim é um dos grandes entraves do Brasil.