Socializo, em seguida, a "Nota sobre Retorno às Aulas Presenciais" elaborada pelo Pacto Educativo Global do Brasil (iniciativa mundial liderada pelo Papa Francisco). Segue o fio.
1) 1.As bases técnicas para o retorno às aulas presenciais

A orientação de especialistas da área de saúde indica que sem redução drástica do número de infectados pela COVID19, o retorno presencial das aulas se torna inviável, dado o alto risco de contaminação.
2) A Fundação Oswaldo Cruz, órgão do Ministério da Saúde, publicou o documento com o título “Contribuições para o retorno às atividades escolares presenciais no contexto da pandemia Covid-19”, de setembro/2020
3) Este documento incorporado entre as referências adotadas pelo Ministério da Educação em seu Guia de Implementação de Protocolos de Retorno das Atividades Presenciais nas Escolas de Educação Básica (outubro/2020).
4) A Fiocruz apresenta sete Indicadores globais e específicos para a retomada das atividades presenciais (página 6 do documento). Um dos indicadores de retorno às aulas é redução da transmissão comunitária para menos de 1 caso novo por dia por 100 mil habitantes.
5) À título de ilustração, no dia 07 de janeiro, havia 14,7 casos novos por 100 mil habitantes na cidade de SP e 16,9 casos para cada 100 mil habitantes no Estado de SP.
6) Em Belo Horizonte, a prefeitura divulgou no final de 2020 que a incidência de coronavírus no município é de quase 90 para cada 100 mil pessoas. Novos casos de coronavírus por 100 mil habitantes em BH cresceram 76% neste primeiro mês de 2021.
7) Estudos recentes – como o da Universidade de Harvard – sustentam que crianças formam o segmento social com poucos sintomas, mas grande transmissor do vírus COVID19. O retorno às aulas presenciais significaria o aumento de contaminação e risco para as populações mais idosas
8) Muitos dos protocolos adotados por governos municipais para orientar o retorno às aulas presenciais acabaram por constituir num conjunto de indicadores que justamente impedem o retorno das atividades nas escolas.
9) Este é o caso da exigência de ventilação ou mesmo de roteiros de entrada e saída de alunos nas escolas por caminhos distintos, o que não é inviável na maioria das unidades escolares.
10) Lembremos que 26% das escolas brasileiras não têm acesso ao abastecimento público de água e quase metade (49%) das escolas brasileiras não têm acesso à rede pública de esgoto
11) Vale ressaltar que as recomendações internacionais - como as oferecidas pelo Relatório da ONU (2020) - sugerem atenção de toda a sociedade em quatro áreas principais: a. a forma segura de reabertura das escolas, somente após o controle da transmissão local da COVID-19.
12) b. as políticas econômicas priorizando a educação no orçamento.
c. a criação de iniciativas de educação para procurar alcançar aqueles que correm maior risco de serem abandonados devido às desigualdades digitais
13)
d. a educação “redesenhada” como “oportunidade geracional” como salto em direção a sistemas progressistas com educação de qualidade para todos.
14) O não retorno às aulas exige que soluções pedagógicas sejam construídas para além das tentativas apressadas de Ensino Remoto (ER) até aqui adotadas. Não há pesquisa nacional que ofereça parâmetros para compreendermos o impacto negativo das modalidades de ER adotadas em 2020.
15) Pesquisa recente realizada pelo Instituto Cultiva junto aos docentes dos Institutos Federais do MS indica que os cuidados com os filhos e as atividades domésticas envolvem um ambiente dispersivo para o desenvolvimento de atividades de ensino remoto para 33% dos docentes;
16) 44,6% dos respondentes afirmaram que tiveram conflitos familiares durante o período de pandemia. E, mais: 41% dos respondentes possuem filhos em idade escolar. Nesses casos, 56% dos respondentes informaram que são eles que cuidam dos filhos neste período
17) Estamos presenciando um conflito pessoal e no interior da família na vida dos próprios professores na tentativa de acomodar trabalho remoto com afazeres domésticos e cuidados com os filhos. Este é um ponto central na elaboração de propostas educacionais neste período
18) Há sinais de depressão e angústia envolvendo educadores brasileiros que indicam o aumento de casos de Síndrome de Burnout. No caso dos nossos alunos, o impacto emocional de mortes, adoecimentos e queda brusca da renda em suas famílias parece ser importante
19) Exige atenção no atendimento e abordagem dos educandos, assim como preparação do retorno às aulas presenciais. Não se trata de retomada do processo de aprendizagem somente, mas de acolhida e cuidado que envolve situações devastadoras para a segurança familiar.
20) A pesquisa encomendada pelo Conselho Nacional de Juventude sobre os impactos da pandemia sobre jovens brasileiros de 15 a 29 anos de idade (envolvendo 33 mil jovens) revelou que 1/3 pensam em não retornar às aulas presenciais devido à necessidade de ajudarem na renda familiar
21) Outro motivo de não retorno às escolas é a queixa de não receberem apoio emocional das escolas quando mais precisavam em suas vidas. Estamos próximos de 218 mil mortes e quase 9 milhões de infectados pelo COVID19 no Brasil.
22) O que parecia ser uma saída rápida do isolamento social – a vacinação em massa – parece que não será tão imediata.
O impacto econômico e social acirra o quadro de angústia nas famílias dos alunos brasileiros e indica a necessidade de se planejar o futuro das escolas
23) O problema maior desse retrato brasileiro é a desigualdade de renda. Estima-se que o número de pessoas vivendo com menos de US$ 1,90 por dia no Brasil aumentou para 14,7 milhões em 2020, e a taxa de pobreza extrema chegou a 7% da população, o maior patamar desde 2006
24) Em relação à renda familiar, uma pesquisa realizada pela UNICEF mostrou que 40% das famílias brasileiras residem com crianças ou adolescentes com idade entre 0 e 17 anos e 63% dessas famílias tiveram decréscimo de sua renda durante a pandemia
25) A adoção do ensino remoto nas redes públicas revelou, ainda, um outro problema pouco aprofundado no Brasil sobre as aulas presenciais: o distanciamento.
26) Pesquisa realizada com pais dos estudantes da rede municipal de ensino de Suzano (SP) sobre o impacto do ER sobre a vida de seus filhos em outubro de 2020 revelou que mais de 70% respondentes perceberam que houve maior proximidade da família com a escola e os professores
27) Para 68,1% dos pais, durante o ER, seus filhos teriam demonstrado mais interesse pelas aulas. Há algo intrigante nessa avaliação dos pais porque sugere que a rotina das escolas e das aulas presenciais não promoviam um diálogo tão contínuo como o ocorrido durante o ER.
28) Trata-se de um indicador de como as rotinas escolares nem sempre focalizam no diálogo, priorizando indicadores numéricos ou o coletivo em detrimento da proximidade com o aluno e sua família.
29) Entretanto, o ER não está sendo aplicado no Brasil com acuidade. Uma das decisões apressadas é a adoção da manutenção de módulos-aula de curta duração, sem interação, algo praticamente inexplorado nas plataformas digitais empregadas.
30) Rodas de Conversa, socialização de emoções e angústias, troca de experiências ou relatos do cotidiano, apoios mútuos são ignorados pelos planos de aula remota adotados.
31) Modalidades de projetos pedagógicos, como portfólios ou a dinâmica adotada na Pedagogia da Alternância poderiam ser redesenhados e adaptados à situação atual de ER
32) A concepção uníssona adotada na modalidade ER no ensino público brasileiro vem interditando justamente a adoção de outras possibilidades de plano de aula (adotando projetos de pesquisa), módulo-aula (mais dilatados, pensados em dias e não em horas) ...
33) ... , outras plataformas (como rádio, empregado com sucesso no estado de Alagoas) ou mesmo atividades interativas (com busca de cadernos de pesquisa ou projetos, pelo Correio, na casa de cada aluno, para serem socializados entre colegas de sala e avaliados periodicamente ).
34) Estamos nos limitando e estamos limitados em termos pedagógicos e até mesmo no uso de tecnologias por ansiedade e pouco tempo de formulação didático-pedagógica.
35) Se a adoção do ensino remoto nos revelou o anacronismo de concepções pedagógicas e práticas didáticas empregadas em muitos sistemas educacionais, por outro, nos trouxe a premência da elaboração de uma ampla discussão sobre a organização rígida dos tempos escolares
36) Revelou, ainda, a organização rígida da sequência didática de caráter taylorista e da ausência de prioridade ao desenvolvimento dos vínculos relacionais à convivência e inteligência socioemocional.
37) Enfim, o ideal da escola inclusiva nunca foi tão necessário. O professor deverá estar atento ao que cada um dos seus conseguiu aprender e planejar suas ações pedagógicas considerando a diversidade de capacidade de aprendizagem de sua turma.
38) E, para que essa educação floresça, é necessário que o espaço escolar seja organizado por outra lógica, pelo compromisso com a diversidade humana que inclui diferentes formas de comunicação, de ritmos de aprendizagem e de maneiras de assimilação do conteúdo.
39) Enquanto muitos alunos estão assistindo a uma exposição do professor, grupos pequenos podem estar pesquisando ou recebendo orientações mais precisas quanto a determinado conteúdo.
40) Nessa escola, as crianças e jovens poderão praticar o exercício da autonomia, respeitando as regras, definidas no coletivo, esclarecidas e atualizadas, em um ambiente de liberdade e de responsabilidade, com o apoio do adulto. (FIM)

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26 Jan
Boa tarde. Vou postar um fio sobre o que considero traços paradoxais de nossa cultura política. Algo que alia alegria excessiva, resiliência doentia e violência privada. Lá vai:
1) O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, num ensaio que dedicou às suas filhas, em determinado momento escreveu: “não posso evitar a história”. Afirmava que a história havia decretado que ele era polonês e judeu e, com tais imposições arbitrárias, emergia uma alta dose de incerteza
2) Quando li essas palavras que parecem uma narração realista, pensei no decreto que a história acabou impondo a todos nós, brasileiros. Bauman sabia que não nascemos com essência, já que nossa inteligência nos “decreta” que somos responsáveis por nossas escolhas e omissões.
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24 Jan
Bom dia. Farei um mini fio comentando as carreatas de ontem. Ontem, a reação foi um sucesso. Carreatas gigantes pelo país afora. Mas, nada de repercussão na grande imprensa. Por qual motivo? Segue o fio Image
1) Não foi apenas na região sudeste, não foi apenas nas capitais. As carreatas se espalharam pelas cidades do interior. Image
2) Mas, o que ocorreu na grande imprensa? Pequenas notas, quase no rodapé dos seus sites. Na ilustração à esta nota, percebam que não se trata de alinhamento com Bolsonaro. Trata-se de não divulgar ofensiva que não tenha o controle do Centrão Image
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23 Jan
Para não restar dúvidas sobre a impossibilidade de retorno às aulas presenciais. A Fundação Oswaldo Cruz, órgão do Ministério da Saúde, publicou o documento com o título “Contribuições para o retorno às atividades escolares presenciais no contexto da pandemia Covid-19”, de set/20
O documento pode ser acessado através deste link portal.fiocruz.br/documento/cont… . Os indicadores globais e específicos para retorno das atividades sugeridos pela Fiocruz são: 1. Redução da transmissão comunitária: < 1 caso novo por dia por 100.000 habitantes;
2. Taxa de contágio - valor de R < 1 (ideal 0,5) por um período de pelo menos 7 dias; 3. Disponibilidade de leitos clínicos e leitos de UTI, na faixa de 75% livres. (Faixa verde – Conass/Conasems);
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17 Jan
Prometi o fio sobre a inesperada ofensiva contra Bolsonaro. Então, lá vai:
1) Muitos previam que em algum momento transbordaria o copo até aqui de raiva. Bolsonaro abusou e todos nós sabemos. Incompetente como gestor, humilhado politicamente pelo Centrão, restou o grito do macho alfa, mesmo combalido. Ameaçou e, como sempre, recuou
2) Mas, o outro lado do país, aquele que é majoritário, umas três vezes maior que o apoio que Bolsonaro parece possuir, continuava resignado. Resignação, talvez, não descreva exatamente o cenário. O lado de cá resolveu ser expectador. Olhar a paisagem e fazer seu julgamento.
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15 Jan
Essa história de Bolsonaro ser desmentido pelo governo da Índia a respeito da compra de 2 milhões de doses da vacina revela muito da personalidade do nosso presidente. Vou pistar um mini fio a respeito. Lá vai:
1) O desmentido oficial do governo da Índia, sustentando que não há como fornecer tão rapidamente a vacina se chocou com o avião que teria saído do Brasil para trazê-las em dois dias.
2) Bolsonaro parece não pensar ou planejar com cuidado. Parece pensar apressadamente no primeiro lance e executá-lo o mais rápido possível sem medir as consequências. Ansioso e pouco reflexivo, não nasceu para ser estrategista, mas para espalhar notícias, mesmo que sem fundamento
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