Sobre o preprint da colchicina, poucas palavras:
⁃ Que bom que temos um ensaio clínico randomizado!
⁃ Pena que os autores tenham superdimensionado os seus resultados em um comunicação preliminar, pois o estudo tem seus méritos e encoraja investigações adicionais. Porém👉
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⁃ Na verdade temos uma redução não estatisticamente significativa no desfecho 1ário a favor da intervenção em um estudo interrompido precocemente, c/ uma redução absoluta de risco de 1,1% c/ uso de 30 DIAS de colchicina: 1,2% de hospitalização e 0,2% em óbito.
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Mas o que gostaria de destacar deste estudo são os DADOS DO GRUPO PLACEBO
👉 total de 2253 pacientes COM RISCO DE COMPLICAÇÕES
👉👉 desses, 2244 (99,6%) sobreviveram e 2125 (94,3%) sequer foram hospitalizados.
Qual medicamento eles tomaram? NENHUM, apenas placebo.
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Isso significa que se alguém tivesse prescrito a medicação X, Y ou Z p/ 250 pacientes, 249 sobreviveriam e poderia se atribuir este fato ao uso de qualquer uma dessas medicações.
249 pessoas diriam, me curei com X, Y ou Z.
Por isso ensaios clínicos são fundamentais.
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Artigo de revisão narrativa:
-Formato q permite composição do texto c/ variável carga de opinião pessoal.
Texto justamente de revisão, não traz conteúdo de pesquisa original. Um artigo de revisão narrativa não traz informações novas q comprovem ou refutem uma hipótese. 1/
- Os autores reconhecem a necessidade de ensaios clínicos (Abstract).
- Os autores reconhecem que apenas estão propondo um algoritmo de tratamento (Summary). Proposta é legítima mas não é evidência. 2/
— Suposto mecanismo de ação de drogas sobre alegado racional fisiopatológico (suposto e alegado pq não são conhecimentos consolidados ainda) não são evidências em medicina. Servem p/ gerar hipóteses, como as apresentadas pelos autores. 3/
Diagnóstico de COVID: como ampliar testagem e aliviar os sobrecarregados LACENs?
Testes rápidos p/ detecção de ANTÍGENOS me parece uma saída. Simplesmente substitui PCR? Não, pois não tem a mesma sensibilidade, ou seja, um negativo não descartaria covid. Porém, 1/5
Poderiam ser aplicados em pacientes SINTOMÁTICOS, preferencialmente, os mais graves (onde se espera carga viral maior e consequentemente, mais antígeno). É nestes pctes que estes testes apresentam melhor desempenho.
Na prática, como seria? 2/5 cdc.gov/mmwr/volumes/6…
Paciente sintomático👉teste de antígeno👉15min depois: resultado. Resultado➕: encerra a investigação. Vantagem: 1 exame de PCR poupado, já sai do atendimento c diagnostico, vai se isolar e informar familiares. Consegue receber as orientações médicas na hora. 3/5
A @ICS_updates acaba de publicar um guia muito útil sobre como devem ser reportados os “leitos de UTI”.
Aprimorar a forma de transmitir um dado é uma das peças da engrenagem que precisamos para diminuir o dano da pandemia.
Segue um resumo👉
+ ics.ac.uk/ICS/News_State…
Um leito sem equipe é como ter a carroceria de um carro (o leito) com motor (os monitores e equipamentos), abastecida e pronta para andar, mas sem motorista (a equipe treinada em UTI).
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Definições-chave para que os dados sejam apresentados com precisão:
👉Capacidade basal de UTI = N de leitos de UTI totalmente equipados (e financiados, isto é, recursos para medicações e adequado funcionamento dos equipamentos) em um hospital.
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PARTE 3. Quanto mais evidências de diferenças não esperadas por mero acaso forem sendo encontradas, mas consistência de que aquele efeito é encontrado por aquela causa. +
Mas então é preciso ficar testando indefinidamente para cada vez mais diminuirmos esta probabilidade de ter sido ao acaso o efeito observado? Certamente, não. Aí entrem outros conceitos de probabilidades esperadas a partir do que já se sabe de outros estudos, que vão +
determinar se são necessários novos estudos para comprovar aquelas conclusões ou não. +
PARTE 2. Como são mais fáceis e rápidos de serem realizados, os estudos observacionais muitas vezes frente a uma situação inédita ou inesperada são a primeira base do nosso conhecimento sobre o novo ocorrido e a partir dos seus resultados direcionamos as nossas ações. +
Além disso que foi explicado, um estudo científico precisa ser minuciosamente descrito em todos os seus aspectos. Muitas vezes como ocorreu agora na pandemia, muitos estudos observacionais careciam de descrições às vezes muito básica, +
como por exemplo, quando a intervenção foi administrada de forma que fica impossível sequer averiguar se a administração da intervenção guarda alguma relação temporal com o evento (desfecho) que estava sendo medido. +
Neste que se inicia continuaremos escutando bastante que algo “está provado”. Mas o que é estar "provado"? O que é, afinal, uma “prova” em ciência?
Aviso, dividirei em mais de um🧵E fios longos, mas espero que sejam úteis! (PARTE 1) +
Certamente, esta é uma discussão que poderia ser bem mais formal e ir bem mais para trás no tempo, para 369 A.C., nos primórdios da epistemologia, quando, conforme nos legou Platão, Sócrates questiona Teeteto, “O que é o conhecimento?” +
Poderíamos também derivar uma ampla reflexão sobre a própria natureza da realidade, a partir das inquietudes trazidas por gigantes da humanidade, os grandes físicos teóricos do início do século XX, Planck, Einstein, Bohr e Schrödinger, apenas para citar uns poucos. +