As revelações das conversas entre Moro e Dallagnol são estarrecedoras. O STF precisa ter coragem de anular as condenações de Lula, mas também libertar o hacker que tornou públicas essa conversa. Se não continuaremos neste atoleiro (1/7).
Há colegas falando em "prova ilícita", mas vejam: o hacker agiu em legítima defesa de terceiro não em benefício próprio. As conversas eram feitas em meio privado pela natureza clandestina e criminosa da prática, sendo que elas se referiam a algo público, os processos (2/7).
Ninguém vazou conversas privadas de Moro e Dallagnol. Aquelas conversas deveriam estar em meios oficiais, como o e-mail institucional deles, mas evidentemente isso não ia ser tratado por lá pela *natureza* do conteúdo (3/7).
"Ah, mas o celular deles foi invadido". Ué, imaginem que Moro resolvesse usar o porão da casa dele como cela de prisão e confinasse lá um condenado. Pode? Não pode. Mas eu posso invadir lá pra soltar a pessoa sim (4/7).
Nesse sentido, Moro e Dallagnol precisam ser levados a julgamento. E Lula nem sequer deve ser julgado novamente, uma vez que a própria denúncia é nula de pleno direito (5/7)
A Lava Jato é parte importante sobre como chegamos aqui. Não apenas porque ela deliberadamente elegeu Bolsonaro destruindo a Nova República, mas pelo mau exemplo de vale tudo (6/7).
Não tem meias palavras. A Lava Jato desorganizou a política e a economia brasileira, colocando no poder essa monstruosidade no poder (que ironicamente se voltou contra eles) (7/7).
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Interessante a movimentação alemã, e por consequência europeia, em direção da China e se afastando dos EUA. Isso é um dos maiores movimentos de placa tectônica desde o fim da URSS e está quase sendo ignorado no Brasil (1/7).
Até Obama, havia um processo de globalização em curso, uma competição cooperativa entre China e EUA e, do outro lado, um alinhamento quase total da Europa com os EUA, na economia e na política (2/7).
A Europa, p.ex., tinha um enorme comércio com a China, mas não um acordo de investimentos. Isso, por incrível que pareça, só saiu agora e é parte dessa movimentação (3/7).
A China parecia condenada a ser um enorme parque industrial para produzir as invenções, designs e modelos desenvolvidos na Califórnia, mas ela inverteu essa relação, o que deixou os EUA de cabelo em pé e virou o mote da tensão sino-americana (1/5).
Pois bem, quem mais se incomoda com o avanço da China na vanguarda tecnológica nem são as empresas de alta tecnologia do Vale do Silício, mas um capital velho dos EUA que vê nessa "ultrapassagem" um tema para tomar o poder como tomaram em 2016 (2/5).
Por que a China tomou a dianteira em coisas como 5G, fusão nuclear, automóveis elétricos? Pela capacidade de investir organizando e organizar investindo. Isso, aparentemente, acabou no Ocidente depois de 2008 (3/5).
Está em curso a aplicação a fórmula Crivella em escala nacional: no caso, manter um presidente fraco, sem moral, com inúmeros crimes de responsabilidade nas costas, mas que é justamente um pato manco capaz de conferir legitimidade a quem for enfrenta-lo na reeleição (1/7).
Militares lucram ocupando ministérios, parlamentares lucram colocando a faca no pescoço do presidente, banqueiros lucram com a política econômica e aos sem voz nem vez, Bolsonaro tem uma agenda de perversidade (2/7):
A entregar uma flexibilização de direitos trabalhistas e ambientais para o pequeno e médio capital ficarem felizes com a diminuição (todavia inócua) dos custos e uma agenda moral perversa para trabalhadores e pobres (3/7).
Ocupar uma rede social como esta é tática. Ela é um câncer. O uso da capacidade tecnológica humana reduzida à mercadoria vil. E serviu para alavancar a extrema-direita irresponsavelmente todos estes anos, ganhando muito dinheiro. Aí chegamos na exclusão do perfil de Trump (1/7).
A nova direita radical mal tinha força eleitoral fora da Europa, onde vivia mascarada na forma de movimentos anti-imigração, e voltou com tudo depois de 2008, autorizada por uma oligarquia global desesperada pelo revival social-democrata. Onde o Twitter entra (2/7)?
Isto daqui foi uma das principais plataformas dessa onda. Não foi nenhuma rede social clandestina ou a deep web. Foi aqui. E não me falem em "precedente". Quantos perfis de militantes não foram suspensos ou excluídos? Aqui talvez só seja menos pior do que o Youtube (3/7).
Muita gente tem uma leitura apressada sobre o impacto eleitoral do levante antirracista nos EUA durante a pandemia. É de se pensar. Em tempos, o grande efeito bom daquilo se vê na Georgia, mas há várias nuances. Vamos refletir sobre alguns pontos (1/10).
No caso da Georgia, resumir a virada eleitoral, em um estado tradicionalmente direitista e racista, aos levantes do meio de 2020 é bobagem: existe um renascimento do movimento negro lá, com uma intensa política de base inclusive voltado para mobilização eleitoral (2/10).
Essa conjuntura catalisou, na verdade, os protestos em Atlanta, mais do que no que no Meio-Oeste Norte onde George Floyd foi morto, mas também se beneficiou do levante: só que só a Georgia teve um retorno eleitoral disso, pois havia antes uma política de base contínua (3/10).
Raphael Warnock se tornou o primeiro negro a ocupar o senado pela racista Georgia. Possivelmente, Jon Osoff vai tomar a outra cadeira dos republicanos. Isso dará vantagem aos democratas no Senado. Isso é bem simbólico sobre os próximos anos da América (1/7).
Trump forçou a mão justamente na Georgia, um estado que ele não esperava perder -- desde que os republicanos se tornaram a ultradireita, eles jamais haviam perdido. A tensão que ele exerceu sobre as autoridades eleitorais de lá prejudicaram o seu candidato (2/7).
Ironicamente, durante muito tempo, o Partido Democrata era hegemônico no Estado. Afinal de contas, os democratas do Sul eram os legítimos representantes do segregacionismo e do revanchismo pelo fim da escravidão, à direita dos republicanos (3/7).