Ocupar uma rede social como esta é tática. Ela é um câncer. O uso da capacidade tecnológica humana reduzida à mercadoria vil. E serviu para alavancar a extrema-direita irresponsavelmente todos estes anos, ganhando muito dinheiro. Aí chegamos na exclusão do perfil de Trump (1/7).
A nova direita radical mal tinha força eleitoral fora da Europa, onde vivia mascarada na forma de movimentos anti-imigração, e voltou com tudo depois de 2008, autorizada por uma oligarquia global desesperada pelo revival social-democrata. Onde o Twitter entra (2/7)?
Isto daqui foi uma das principais plataformas dessa onda. Não foi nenhuma rede social clandestina ou a deep web. Foi aqui. E não me falem em "precedente". Quantos perfis de militantes não foram suspensos ou excluídos? Aqui talvez só seja menos pior do que o Youtube (3/7).
Enquanto isso, a alt right cresceu e se multiplicou inventando toda ordem de mentiras e cometendo crimes a rodo, sobretudo nesta pandemia com direito a charlatanismo, exercício ilegal da medicina etc -- tudo isso mata (4/7).
O Twitter se tornou uma plataforma privilegiada: era aqui que o líder da superpotência despachava. Para saber a pauta, era tudo questão de entrar no Twitter, não ligar a TV, abrir um jornal ou entrar num site jornalístico (5/7)
O Twitter ganhou e ganharam os bilionários que em todos esses 12 anos dificílimos ganharam mais dinheiro ainda, os quais elegeram através de faunas como esta demagogos psicopatas como Trump ou Bolsonaro (6/7).
Hoje, com a "normalização" -- causada pelo stress pelo uso prolongado da extrema-direita ou a neutralização das esquerdas --, os oligarcas podem eleger um Biden e responsabilizar um Trump. O "precedente" é este: a luta de classes (7/7).
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Está em curso a aplicação a fórmula Crivella em escala nacional: no caso, manter um presidente fraco, sem moral, com inúmeros crimes de responsabilidade nas costas, mas que é justamente um pato manco capaz de conferir legitimidade a quem for enfrenta-lo na reeleição (1/7).
Militares lucram ocupando ministérios, parlamentares lucram colocando a faca no pescoço do presidente, banqueiros lucram com a política econômica e aos sem voz nem vez, Bolsonaro tem uma agenda de perversidade (2/7):
A entregar uma flexibilização de direitos trabalhistas e ambientais para o pequeno e médio capital ficarem felizes com a diminuição (todavia inócua) dos custos e uma agenda moral perversa para trabalhadores e pobres (3/7).
Muita gente tem uma leitura apressada sobre o impacto eleitoral do levante antirracista nos EUA durante a pandemia. É de se pensar. Em tempos, o grande efeito bom daquilo se vê na Georgia, mas há várias nuances. Vamos refletir sobre alguns pontos (1/10).
No caso da Georgia, resumir a virada eleitoral, em um estado tradicionalmente direitista e racista, aos levantes do meio de 2020 é bobagem: existe um renascimento do movimento negro lá, com uma intensa política de base inclusive voltado para mobilização eleitoral (2/10).
Essa conjuntura catalisou, na verdade, os protestos em Atlanta, mais do que no que no Meio-Oeste Norte onde George Floyd foi morto, mas também se beneficiou do levante: só que só a Georgia teve um retorno eleitoral disso, pois havia antes uma política de base contínua (3/10).
Raphael Warnock se tornou o primeiro negro a ocupar o senado pela racista Georgia. Possivelmente, Jon Osoff vai tomar a outra cadeira dos republicanos. Isso dará vantagem aos democratas no Senado. Isso é bem simbólico sobre os próximos anos da América (1/7).
Trump forçou a mão justamente na Georgia, um estado que ele não esperava perder -- desde que os republicanos se tornaram a ultradireita, eles jamais haviam perdido. A tensão que ele exerceu sobre as autoridades eleitorais de lá prejudicaram o seu candidato (2/7).
Ironicamente, durante muito tempo, o Partido Democrata era hegemônico no Estado. Afinal de contas, os democratas do Sul eram os legítimos representantes do segregacionismo e do revanchismo pelo fim da escravidão, à direita dos republicanos (3/7).
Alberto Fernandez teve um 2020 infernal: herdou um país em forte crise econômica e, ainda, foi atravessado pela desorganização regional promovida por Bolsonaro e pela Pandemia de Covid-19. Entre percalços, termina o ano muito bem com a aprovação do aborto legal (1/5).
Alberto acertou na quarentena radical, mas não suportou a pressão pela reabertura, que saiu desorganizada, mas agora tenta compensar com parcerias para vacinação com mexicanos e russos, o que pode dar muito certo. De todo modo, ele saiu na frente do Brasil (2/5).
Na política externa, ele foi até onde pode, estabeleceu boas pontes e se mostrou um interlocutor legítimo, sensato e racional, mas não pode colher ainda tantos frutos. Ainda assim, é ele que Biden, Macron ou Putin recorrem para falar na América do Sul (3/5).
Os EUA tentaram dar uma volta na China, derrubando o sistema local no final dos anos 1980, mas uma vez perderam a briga, se distraíram com a queda da URSS e o ensaio de demonização de Pequim ficou para o futuro, que é hoje (1/7).
O que o expansionismo desenfreado da era Clinton demandava era da China como exportadora de produtos baratos por um lado, mas também como compradora de títulos da dívida americana por outro. A escalada parou por ali (2/7).
Editoriais do NYT como este foram congelados e trazidos de volta só há pouco, por Donald Trump (3/7).: nytimes.com/1991/09/22/wee…
Doria, é claro, mascarou a pandemia de Covid-19 durante as eleições e isso foi bem grave assim como o retorno precipitado ao trabalho e tudo mais, MAS, na questão da vacina ele está certo. Inclusive, as DUAS leis que Bolsonaro sancionou sobre a pandemia autorizam ele (1/5).
A ANVISA É OBRIGADA a autorizar a vacina que venha a ser importada: "§ 7º-A. A autorização de que trata o inciso VIII do caput deste artigo deverá ser concedida pela Anvisa em até 72 (setenta e duas) horas após a submissão do pedido à Agência, (...)" (2/5).
"(...) dispensada a autorização de qualquer outro órgão da administração pública direta ou indireta para os produtos que especifica, sendo concedida automaticamente caso esgotado o prazo sem manifestação" -- se não vier a autorização em 72 horas, ela é desnecessária (3/5).