A China parecia condenada a ser um enorme parque industrial para produzir as invenções, designs e modelos desenvolvidos na Califórnia, mas ela inverteu essa relação, o que deixou os EUA de cabelo em pé e virou o mote da tensão sino-americana (1/5).
Pois bem, quem mais se incomoda com o avanço da China na vanguarda tecnológica nem são as empresas de alta tecnologia do Vale do Silício, mas um capital velho dos EUA que vê nessa "ultrapassagem" um tema para tomar o poder como tomaram em 2016 (2/5).
Por que a China tomou a dianteira em coisas como 5G, fusão nuclear, automóveis elétricos? Pela capacidade de investir organizando e organizar investindo. Isso, aparentemente, acabou no Ocidente depois de 2008 (3/5).
Quando Trump ataca Obama em parte com um discurso desenvolvimentista, ele mente. Era a mesma roleta financista de sempre, mas ele foi atacar o 5G chinês sem criar um sistema de inovação americano. Nem poderia (4/5).
Corporações do Vale do Silício querem fazer dinheiro, sem uma grande organização pública e coletiva, você não dá não dá grandes saltos. Os EUA pararam de fazer isso, a China só começou. Por isso a Google e a Intel foram lá ganhar seu dinheirinho com o avanço do 5G chinês (5/7).
O que Trump fez não foi uma competição, uma corrida tecnológica, ele apenas trabalhou para prejudicar os chineses sem dar um boom na própria indústria de inovação. O que ele fez não foi contra a China, mas contra o mundo. E aparentemente não há saída para isso no Ocidente (6/7).
Não é por falta de dinheiro ou know how que o Ocidente está ficando para trás, mas por falta de organização. Hoje, apenas o Socialismo de Mercado chinês é capaz de organizar esse colossal esforço. Se isso vai mudar, não sabemos, mas não há sinais concretos (7/7).
P.S.: A questão é que há dinheiro, ideias e cabeças nos EUA ou da Europa. Quem trava isso é oligarquia econômica e a classe dirigente, independentemente da sua guerra interna.

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10 Jan
Está em curso a aplicação a fórmula Crivella em escala nacional: no caso, manter um presidente fraco, sem moral, com inúmeros crimes de responsabilidade nas costas, mas que é justamente um pato manco capaz de conferir legitimidade a quem for enfrenta-lo na reeleição (1/7).
Militares lucram ocupando ministérios, parlamentares lucram colocando a faca no pescoço do presidente, banqueiros lucram com a política econômica e aos sem voz nem vez, Bolsonaro tem uma agenda de perversidade (2/7):
A entregar uma flexibilização de direitos trabalhistas e ambientais para o pequeno e médio capital ficarem felizes com a diminuição (todavia inócua) dos custos e uma agenda moral perversa para trabalhadores e pobres (3/7).
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9 Jan
Ocupar uma rede social como esta é tática. Ela é um câncer. O uso da capacidade tecnológica humana reduzida à mercadoria vil. E serviu para alavancar a extrema-direita irresponsavelmente todos estes anos, ganhando muito dinheiro. Aí chegamos na exclusão do perfil de Trump (1/7).
A nova direita radical mal tinha força eleitoral fora da Europa, onde vivia mascarada na forma de movimentos anti-imigração, e voltou com tudo depois de 2008, autorizada por uma oligarquia global desesperada pelo revival social-democrata. Onde o Twitter entra (2/7)?
Isto daqui foi uma das principais plataformas dessa onda. Não foi nenhuma rede social clandestina ou a deep web. Foi aqui. E não me falem em "precedente". Quantos perfis de militantes não foram suspensos ou excluídos? Aqui talvez só seja menos pior do que o Youtube (3/7).
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7 Jan
Muita gente tem uma leitura apressada sobre o impacto eleitoral do levante antirracista nos EUA durante a pandemia. É de se pensar. Em tempos, o grande efeito bom daquilo se vê na Georgia, mas há várias nuances. Vamos refletir sobre alguns pontos (1/10).
No caso da Georgia, resumir a virada eleitoral, em um estado tradicionalmente direitista e racista, aos levantes do meio de 2020 é bobagem: existe um renascimento do movimento negro lá, com uma intensa política de base inclusive voltado para mobilização eleitoral (2/10).
Essa conjuntura catalisou, na verdade, os protestos em Atlanta, mais do que no que no Meio-Oeste Norte onde George Floyd foi morto, mas também se beneficiou do levante: só que só a Georgia teve um retorno eleitoral disso, pois havia antes uma política de base contínua (3/10).
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6 Jan
Raphael Warnock se tornou o primeiro negro a ocupar o senado pela racista Georgia. Possivelmente, Jon Osoff vai tomar a outra cadeira dos republicanos. Isso dará vantagem aos democratas no Senado. Isso é bem simbólico sobre os próximos anos da América (1/7).
Trump forçou a mão justamente na Georgia, um estado que ele não esperava perder -- desde que os republicanos se tornaram a ultradireita, eles jamais haviam perdido. A tensão que ele exerceu sobre as autoridades eleitorais de lá prejudicaram o seu candidato (2/7).
Ironicamente, durante muito tempo, o Partido Democrata era hegemônico no Estado. Afinal de contas, os democratas do Sul eram os legítimos representantes do segregacionismo e do revanchismo pelo fim da escravidão, à direita dos republicanos (3/7).
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30 Dec 20
Alberto Fernandez teve um 2020 infernal: herdou um país em forte crise econômica e, ainda, foi atravessado pela desorganização regional promovida por Bolsonaro e pela Pandemia de Covid-19. Entre percalços, termina o ano muito bem com a aprovação do aborto legal (1/5).
Alberto acertou na quarentena radical, mas não suportou a pressão pela reabertura, que saiu desorganizada, mas agora tenta compensar com parcerias para vacinação com mexicanos e russos, o que pode dar muito certo. De todo modo, ele saiu na frente do Brasil (2/5).
Na política externa, ele foi até onde pode, estabeleceu boas pontes e se mostrou um interlocutor legítimo, sensato e racional, mas não pode colher ainda tantos frutos. Ainda assim, é ele que Biden, Macron ou Putin recorrem para falar na América do Sul (3/5).
Read 6 tweets
29 Dec 20
Os EUA tentaram dar uma volta na China, derrubando o sistema local no final dos anos 1980, mas uma vez perderam a briga, se distraíram com a queda da URSS e o ensaio de demonização de Pequim ficou para o futuro, que é hoje (1/7).
O que o expansionismo desenfreado da era Clinton demandava era da China como exportadora de produtos baratos por um lado, mas também como compradora de títulos da dívida americana por outro. A escalada parou por ali (2/7).
Editoriais do NYT como este foram congelados e trazidos de volta só há pouco, por Donald Trump (3/7).:
nytimes.com/1991/09/22/wee…
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