R: É aquela que está sendo aplicada no seu bracinho.
Ficar comparando eficácia é tão infantil quanto comparar o tamanho de órgão genital. Pode parecer divertido, pode às vezes impressionar mas, no final, o que importa é saber usar.
Explicando melhor, obviamente a eficácia é importante. Mas como sempre tenho dito aqui, uma vez atingidos os requisitos mínimos para registro, o tamanho do efeito das vacinas serve muito mais para orientar o plano de imunização do que para ficar comparando.
As vacinas não são tratamentos individuais. Não estamos tratando cada pessoa que é vacinada. Vacina é um empreendimento coletivo. Nessa perspectiva, o paciente deixa de ser eu ou você. O paciente passa a ser uma população chamada Brasil. E esse "paciente" precisa ser vacinado.
O debate deve ser muito menos sobre 95%, 62% ou 50% de eficácia e muito mais sobre as estratégias de uma boa cobertura vacinal e com maior agilidade do que está sendo feita. Isso junto à uma educação popular de combate ao negacionismo que o próprio governo ajudou a instaurar.
Só um adendo. A média de eficácia de vacinas para infecções respiratórias fica abaixo de 60%. Várias vacinas que que você usou e usou nos seus filhos possuem cerca de 50% de eficácia. Essa impressão de baixa eficácia se deve ao desempenho acima da média das novas vacinas de mRNA.
Além disso, os efeitos adversos relatados até agora não incluem efeitos graves acima do esperado e muito menos óbitos (ao contrário das fake news disseminadas).
Então chega de se iludir com kit-Covid (Eficácia = 0%) e de menosprezar a eficácia e supervalorizar os riscos da vacina
Os argumentos:
"A eficácia é baixa"
"Pode causar efeitos graves"
"Não dá pra desenvolver uma boa vacina em pouco tempo"
"Você vai virar um jacaré"
"Vão implantar um chip comunista"
Já foram amplamente debatidos e desmentidos. Mas continuo à disposição de vocês para esclarecê-los.
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"Eu tive COVID-19 e me recuperei graças ao tratamento com Kit-Covid".
Sinto informar que que a frase está incorreta. O certo seria: "Eu tive COVID-19 e me recuperei, APESAR do tratamento com Kit-Covid"
A boa notícia é que você é um duplo vencedor. Venceu a Covid e a iatrogenia.
Iatrogenia: alterações patológicas derivadas de intervenções médicas. No caso do uso de medicamentos, são os efeitos adversos e consequências negativas não intencionais.
Se tem uma coisa que aquele ensaio clínico da Colchicina nos mostrou (volta lá no meu feed ver o vídeo) é que no grupo placebo (que não tomou medicamento nenhum), apenas 6% dos pacientes foram hospitalizados e 0,04% foram a óbito sem utilizar medicamento (ou kit-covid nenhum).
Vamos falar desse artigo que blogueirinhos, médicos "fodões" e defensores ferrenhos da "terapia precoce" andam "enchendo a boca" pra citar como demonstração de eficácia...
Tradução "Base fisiopatológica e (Ir)racional para o tratamento precoce de Sars-Cov-2. O "(Ir)" é meu rs.
Esse é um artigo de "Revisão Narrativa".
André, o que é isso?
Artigos de Revisão são uma forma de pesquisa que tenta revisar um determinado tema e sintetizar o resultado de diversos estudos, com o objetivo de fundamentar melhor um determinado objetivo. Existem 2 tipos básicos:
1) Revisão Sistemática (RS): Tipo de revisão planejada para responder uma pergunta específica e que utiliza métodos explícitos e sistemáticos para identificar, selecionar e avaliar criticamente os estudos, e para coletar e analisar os dados destes estudos incluídos na revisão.
Como vocês gostaram da última historinha que contei, vou contar mais uma.
Sabe como surgiu o primeiro ensaio clínico controlado?
Parece papo chato, mas vem comigo que vou te contar como um ensaio clínico foi capaz de mudar o destino de uma nação. Curioso?
Então segue o fio!
Em 1744, George Anson retornou à Inglaterra após uma longa navegação de 4 anos. Foi um retorno triunfante após uma batalhas navais contra a Espanha. Apenas 4 de seus tripulantes morreram nesses embates. Porém cerca de 1.000 deles morreram por uma doença conhecida como escorbuto.
O médico William Clowes, que serviu a frota da rainha Elizabeth a descreveu:
"As gengivas apodreciam até as próprias raízes dos dentes, seu hálito tornava-se pestilento. Pernas frágeis e fracas, cheias de dores e feridas, com manchas roxas e avermelhadas".
Uma doença assustadora.
Vamos finalmente entender por que precisamos de ensaios clínicos randomizados para dizer se um tratamento funciona?
Spoiler: Não é médico famoso, político ou "tradição milenar" que garante essa eficácia.
Vem comigo que vou te contar uma historinha legal nesse fio.
Você certamente já ouviu falar de um "tratamento" bizarro de antigamente chamado Sangria. Ele consiste basicamente em cortar a pele, romper vasos sanguíneos para curar qualquer tipo de doença.
"Nossa André, que absurdo, quem é o idiota que acha que isso funciona?
Já chego lá...
A sangria começou lá na Grécia Antiga. Achavam que doenças eram causadas por desequilíbrio entre 4 fluidos: sangue, bile amaralea, bile negra e fleuma.
Como o sangue era associado à boa disposição, quando alguém ficava doente, pensavam que era porque o sangue tinha estagnado.