Sempre disse que o impeachment do Bolsonaro era um sonho inalcançável das esquerdas: o sujeito oscila de forma sólida na casa dos 30% de aprovação e está no bolso do congresso. A eleição do Lira pela margem de votos que foi demonstra bem como o cenário era impossível.
Maia nunca avançou na pauta pois ele sabia que ela funcionaria como um freio de arrumação (pró-Bolsonaro) e isso eliminaria suas chances de influenciar na sucessão. Acabou acontecendo mesmo sem os pedidos.
Não se enganem, foi uma derrota retumbante - como, importante lembrar, também foram as municipais do ano passado.
Diante disso o que resta? Tudo. Já perdemos dois anos nessa missão impossível. O que nos resta é algo que deveria ser o Norte das esquerdas desde 2016: recompor com as bases para criar uma alternativa viável para 2022.
O bolsonarismo agora enfrenta o seu momento mais crítico: penhorou tudo que tinha e o que não tinha para conquistar a liderança plena de um país colapsando. Os próximos seis meses serão críticos para eles (e para nós).
No momento correm o risco de chegar em 2022 com um índice de rejeição impeditivo, mas que pode sim ser revertido diante de uma nova coalizão à direita. Como correu na Câmara.
Trata-se de uma base política tão verdadeira quanto uma nota de três reais. Que vai pular fora se o governo não se virar para pagar as promessas que foram feitas ou se as coisas realmente se complicarem em termos de apoio popular.
E aí vem um dos problemas: o governo vai ter que lidar com a rejeição da sua base para cumprir as promessas feitas aos "novos" aliados políticos. E como isso fica? Não tem um ano que gritavam que o inimigo era o centrão, agora o centrão vira amigo... Há limites.
Fora que o cumprimento das promessas feitas ao centrão vai colocar o governo em rota de colisão com os militares que compõe o governo.
Enfim, Bolsonaro venceu essa e não foi por pouco. Mas o que ele levou para casa é uma incógnita.
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