Thread by @thiamparo

Hipótese: Gov. Bolsonaro só começou hoje + tese do Centrão mercenário é incompleta. Explico: em 2019, Bolsonaro tentou governar com bancadas temáticas. Perdeu e governou por decreto (vide armas). Arthur Lira une boi, bala e bíblia ao centrão. Inicia assim projeto bolsonarista.

Tese do Centrão mercenário defende, com razão, que estes partidos se alimentam de cargo e recursos pra base. Sim, mas ofusca o lado ideológico da equação adicionado pelo bolsonarismo: sem freios no legislativo, a boiada ultraconservadora pode passar e com isso Bolsonaro se mantém

Bolsonaro não suporta o centrão não porque teria aversão à perversidade com recursos públicos (não tá nem aí pra isso), mas porque sua visão de mundo é muito mais ideológica do que a do Centrão: Bolsonaro quer destruir tudo que tá aí e ser o líder da revolução ultraconservadora.

Centrão fez uma aposta. Apostou não só em vender cargos, como prega a tese mercenária. Centrão apostou em dar uma chance para Bolsonaro mostrar a que veio e quiçá isto o manterá relevante em 2022, numa eleição tripartida. É o casamento da ideologia de domínio + mercenarismo.

Bolsonaro aposta que, passando suas pautas militares, de costume, anti-meio ambiente e outras, irá galvanizar seu eleitorado e mostrar a que veio: destruir o estado de direito e o que resta dele. Bolsonaro aposta que povo engula pão com ovo e arrote sua revolução conservadora.

Experiência húngara mostra que Órban conseguiu se manter relevante, mesmo com economia ruim, 1) promovendo uma retórica de refundação da nação; 2) cooptando o judiciário; 3) mexendo na mídia e nas eleições pra dar ao Centrão de lá o que gosta mais do que $: autopreservação.

Experiência polonesa mostra que isto tudo só é possível mesmo quando o bolsonarismo adentrar as profissões de segurança e de justiça, o que já começou. Experiência venezuelana mostra que ter uns fanáticos armados ajuda tambem a preservar autoritarismo.

Centrão, com as composições das comissões, aposta em bolsonarismo, mais do que em Bolsonaro. Aposta que se deixar a boiada passar, bolsonarismo ganha 2022. É a aposta mais cruel para a democracia.