A boiada do mercado financeiro vai passar no congresso
Enquanto a independência do Banco Central garante a blindagem da instituição, o PL do câmbio transfere para o BC atribuições do executivo e legislativo.
É um “combo” que aumenta o poder do mercado financeiro. 1/7
O PL do câmbio dá carta branca ao BC para fazer transformações radicais no mercado de câmbio, por exemplo, disseminar as contas em dólar para residentes ou seletivamente dizer quem pode ou não pode.
É o caminho em direção à dolarização, percorrido pela Argentina e o Equador.
2/
Hoje a lei restringe a circulação de dólar entre residentes e o Conselho Monetário Nacional tem palavra final sobre as diretrizes do sistema financeiro.
Com o PL -que revoga artigos que versam sobre as responsabilidades do CMN- a bola estará com um Banco Central independente. 3/
Para além das contas em dólar, o projeto libera o crédito em reais para não residentes, prato cheio para especuladores estrangeiros que poderão entrar aqui sem um centavo de dólar e ganhar dinheiro apostando contra a moeda brasileira.
4/
Tudo isso está sendo vendido como eficiência e modernização, com referência nas "práticas internacionais" e no código de liberalização da OCDE. Mentira.
O mesmo código mudou nos últimos anos e hoje reconhece a importância dos controles de capitais em situações específicas.
5/
O FMI vai além e hoje sustenta que os países podem até adotar medidas q discriminem residentes e não-residentes.
Já a conversibilidade plena da moeda não é, nem nunca foi, consenso dentre as recomendações do FMI e OCDE. Nem Chile, nem México chegaram a tal ponto.
6/
Hoje o congresso e a mídia aplaudem um liberalismo fundamentalista, anacrônico e inconsequente.
No limite, o país pode tomar uma trilha sem volta em direção à dolarização, conduzido por um BC capturado pelo mercado, a despeito do governo eleito e das pressões democráticas.
Hoje é aniversário do teto de gastos, mas não vi ninguém comemorando. Não é pra menos, o teto é bomba relógio pra 2021.
A regra é inviável, irresponsável, mal feita, reduz o Estado, desfinancia saúde e educação e é freio para a recuperação econômica. 1/9 #AcabaTetodeGastos
2021 + teto = caos social
Se voltar ao teto, sem orçamento de guerra e auxilio emergencial teremos um salto no desemprego junto com paralização da maquina pública.
Achar q podemos cortar 7% do PIB em despesas em meio à crise sem impacto no emprego e renda é delírio ideológico
O teto é um projeto de redução do tamanho do Estado e de seu papel social. Ele impõe a redução da relação gasto/PIB e da relação gasto/per capita
O Paulo Guedes tenta vender a ideia de que o ajuste fiscal é responsabilidade da nossa geração com as gerações futuras. E que filhos e netos não devem pagar uma conta (dívida) deixada por nós.
A ideia apela para o senso comum, mas é FALSA. Seguem os argumentos ... 1/5
Uma geração desempregada não paga conta alguma. A responsabilidade do governo é também buscar o pleno emprego.
A afirmação do Guedes pressupõe que o ajuste fiscal não reduz crescimento e emprego o que, nos dias de hoje, é terraplanismo macroeconomico.
2/5
A geração do pós-guerra nos países centrais deixou um legado pra filhos e netos e não foi com austeridade fiscal mas com aumento do gasto público que ergueu os estados de bem estar social.
Com crescimento alto, juros baixo e reformas tributárias progressivas...a dívida caiu. 3/5
Nessa semana a austeridade fiscal foi enterrada. O artigo do editor de economia do Financial Times fala em mudança de consenso e substituição da ortodoxia pelo ativismo fiscal.
Já no Brasil a austeridade é uma ideia zumbi, não morre nunca e é imune às evidencias. 1/4
"não há mais desejo de austeridade após a difícil década de 2010, então o clima político e público se encaixa em uma nova economia." "a austeridade semeou as sementes de sua própria destruição" 2/4 ft.com/content/0940e3…
A ideia agora é gastar até que a economia recupere força total. "A mensagem do FMI é que o aperto fiscal prematuro após a crise prejudicará, não curará, as economias" diz esse outro artigo. 3/4 ft.com/content/2f4ef5…
Encontramos ERROS com os dados na capa da @folha de ontem. O bom jornalismo deve corrigir.
O primeiro é o uso dos dados de "expense" que exclui investimentos líquido, em vez de "expenditure". Abaixo a série replicada q a folha usou e a correta com os dados do FMI. 1/n
Com a série correta o crescimento das despesas primárias entre 2008-2018 nao foi de 10,4 % do PIB como diz a folha, mas de 7,6%.
A comparação internacional precisa ser refeita com o conceito correto. 2/
O segundo erro é ignorar q o FMI junta duas séries do Tesouro, com quebra metodológica em 2010 (perceptível no gráfico).
Vejam o Sergio Gobetti, com ressalva q a mudanca metodologica na série do tesouro é em 2010 e nao 2013. 3/
A capa da folha é uma peça de propaganda da austeridade fiscal. O que a folha chama de "anomalia" são, no fundo, os direitos e benefícios sociais previstos pela Constituição de 1988.
Se a folha omite e distorce, a gente traz o outro lado da história no fio. 1/10
Pra comparar o tamanho do gasto público entre países, devemos considerar o q esses oferecem em termos de serviços públicos. Nao faz sentido comparar o Brasil com países q nao tem previdencia social, SUS, ensino superior gratuito, etc.
2/10
Na América Latina, o Brasil é o país que mais reduz a desigualdade por meio de transferências e gastos sociais, como mostra esse estudo da CEPAL. 3/10 repositorio.cepal.org/bitstream/hand…
Esse vai e vem sobre furar ou não furar o teto de gastos só mostra o quanto o teto é antidemocrático
A demanda da sociedade por um programa social poderia ser financiada taxando os mais ricos, mas o teto impede.
"Fazer caber dentro do teto" = tirar os ricos da conta
1/6
Limitado pelo teto, o governo propõem absurdos tipo reduzir em 25% o salário dos servidores, congelar salario de aposentado, calote em precatórios, tirar $ da saúde e educação, rever programas como o abono... como se nao houvesse alternativa.
2/6
A alternativa obvia pra financiar um programa permanente é arrecadar mais, taxando lucros e dividendos e aumentando alíquotas de IR, por exemplo.
Mas o teto garante q essa discussão nao prospere e impõe a solução de tirar de pobre e precarizar serviços e carreiras publicas.
3/6