Quão autônomos/independentes eram os Banco Centrais (BCs) dos tigres asiáticos nos anos 1980, quando exibiam elevado crescimento econômico e reduziam rapidamente a distância para o mundo desenvolvido?
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Em 1992, Cukierman, Webb e Neyapti criaram uma medida de independência dos Bancos Centrais, analisando a legislação de 50 países.
Consideraram os seguintes aspectos: (i) nomeação, duração do mandato e demissão do Presidente do Banco Central; jstor.org/stable/3989977…
(ii) formulação da política monetária (se cabia ao governo e se o BC possuía algum papel); (iii) objetivos do BC (se apenas estabilidade de preços ou se permitia outros, como pleno emprego); e (iv) limitações para o BC financiar o governo.
O índice, que vai de zero (nenhuma autonomia) a um (independência total), mostrou que os tigres asiáticos não possuíam Bancos Centrais com autonomia significativa durante as suas fases de maior crescimento econômico.
Singapura tinha índice de 0,29, menos da metade da Alemanha (0,69), que possuía o Banco Central mais autônomo da amostra. A Coreia do Sul tinha 0,27 e Taiwan registrou 0,21. O Japão, que naquela década alcançaria os EUA em renda per capita, apresentava apenas 0,18.
Nos 4 países, a palavra final em caso de conflito entre BC e governo era do governo, e não havia limites ao montante de financiamento do governo por parte do BC.
Em Singapura, a nomeação do Presidente do BC era responsabilidade apenas do Chefe do Executivo.
Na Coreia do Sul, em Singapura e em Taiwan, a estabilidade de preços era apenas um dos objetivos, equivalente a outros. No Japão, a estabilidade de preços sequer constava dos objetivos do BC. Em Taiwan e Singapura, o BC não tinha voz na formulação da política monetária.
A maior autonomia se dava na demissão. Japão, Coreia e Singapura somente poderiam demitir por razões não ligadas às políticas. No Japão, BC participava da formulação da política, mas tinha pouca influência. Coreia somente poderia fazer empréstimos de curto prazo ao governo.
FIM
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A tradicional estratégia chinesa era limitar em 50% o controle de multinacionais estrangeiras, oferecendo seu mercado interno em troca de capital, expertise e tecnologia
Nesse fio, explico por que a estratégia ainda não gerou os resultados pretendidos
A Tesla usou seu status como produtora de carros mais valiosa e mais avançada do mundo, e se beneficiou da ameaça de isolamento comercial imposta pelos EUA à China, para conseguir o controle total sobre a subsidiária
A fábrica gigante em Shanghai foi construída em tempo recorde
A história da indústria automobilística chinesa é uma ótima aula sobre as razões que fazem ser tão difícil para um país pobre atingir alto nível de desenvolvimento, mas também sobre as oportunidades que surgem quando se tem ambição e visão.
Primeiramente, não é à toa que a indústria automobilística é considerada estratégica em tantos países. A cadeia de fornecimento é longa (elevado número de partes e peças e de serviços terceirizados), cria muitos empregos com bons salários e incorpora e gera inovação e tecnologia
A primeira vez que foi elaborada uma estratégia para o desenvolvimento da indústria automobilística na China foi em 1994.
A meta era criar de três a quatro conglomerados automotivos com "competitividade internacional" até 2010, com marcas e tecnologia nacionais.
East Indies, ou British East Indies, outra grande exportadora de algodão da época, provavelmente é a Índia atual, que ficou muito para trás no desenvolvimento econômico até recentemente. O mesmo aconteceu com o Egito.
A notícia de que a China pretende importar soja da Tanzânia, um país que não é tradicional exportador, para reduzir suas compras dos EUA e do Brasil, é só mais uma a deixar clara a vulnerabilidade dos produtores especializados em bens simples
Ora, porque produzir bens simples como a soja não é... difícil
Hoje em dia, com os avanços em áreas como a biotecnologia, nem mesmo o clima é capaz de impedir o cultivo desses produtos por países não tradicionais scmp.com/news/china/dip…
1) Governo atrai multinacional estrangeira com subsídios bilionários (mais de R$ 22 bi), anunciando a prometida fábrica como a oitava maravilha do mundo
2) Multinacional acaba investindo apenas 2,8% do que foi acordado.
A fábrica, que deveria ter 1,9 milhões de m², acaba tendo apenas 2% da área construída
Isso depois de o Estado realocar forçosamente os moradores da região
3) Multinacional acaba gerando só 13% dos empregos prometidos, e ainda assim porque criou funções desnecessárias para atingir a meta anual acordada, a qual lhe daria acesso a mais subsídios
Empresa contrata no final do ano, quando é feita a contagem, e demite logo depois