Você sabe o que quer dizer Didática? Já ouviu esta palavra mas não sabe exatamente o que significa, ou já ouviu e não pensou muito a respeito? Vamos falar um pouquinho sobre estratégias de aprendizagem?
Estes dias, ouvindo um podcast que analisava um texto, ouvi mais de uma vez que o texto era bem “didático”. O engraçado é que ao mesmo tempo que a intenção era dizer que o texto era claro em sua proposta, também queria dizer que era um texto raso.
Lembro também de uma professora do primeiro semestre do bacharelado de História que, ao criticar um seminário de colegas, disse que a apresentação “era muito didática”. Isto foi dito para deixar claro que não esperava um seminário de Ensino Médio, mas algo mais robusto.
O problema é que entender a palavra didática como algo introdutório ou superficial é uma interpretação bem equivocada do conceito, que vem do grego Τεχνή διδακτική (techné didaktiké) que em bom português significa técnicas de ensino.
A Didática é a parte da Pedagogia que se debruça sobre procedimentos, métodos e estratégias para tornar o processo de ensino-aprendizado o mais efetivo possível.
Por isto a Didática é tão importante, pois se a pessoa que está diante dos alunos não tem domínio de como construir o conhecimento, ela não vai conseguir fazer este processo acontecer de fato.
Dentro dos elementos mais importantes deste processo, vale enumerar 5 muito importantes: o professor, o aluno, a disciplina, o contexto e a estratégia. Vamos a cada um deles…
O professor é uma parte muito importante do processo de ensino e aprendizagem, pois proporciona aos alunos as ferramentas com as quais os alunos irão aprender. Cada professor tem predileção e proficiência em certas ferramentas em relação a outras.
O conhecimento prévio deste professor é muito importante, mas não apenas sobre os dados que ele quer trabalhar, mas também sobre as melhores técnicas de como trabalhar estes dados.
Cada um de nós tem a sua individualidade e muitas classes sentem a diferença quando se troca o professor de uma disciplina e não necessariamente por um ser melhor que o outro.
O aluno como principal agente e beneficiário do processo de aprendizagem é a parte mais importante deste sistema. A sua predisposição, seu preparo, sua organização e sua capacidade de tornar para si o que constrói em sala de aula são fundamentais para o sucesso de um curso.
Claro que em uma classe de 40 alunos, muitas vezes este protagonismo pode ser diluído, mas o professor não pode perder de vista que uma aula dada é diferente para cada um que participa dela, pois mudando-se o aluno, muda-se a percepção, aproveitamento e o significado desta aula.
Cada aula é única, assim como a percepção de cada aluno sobre esta mesma aula. Pensar em como fazer cada aluno ter protagonismo no próprio aprendizado neste cenário é extremamente desafiador.
O curso ministrado também exige que pensemos como a aula será trabalhada. Uma aula de Física exige uma dinâmica muito diferente de uma aula de Gramática. Muita coisa que funciona nas minhas aulas de História jamais dariam certo nas minhas aulas de Literatura.
Justamente por isto, precisa-se ter em mente quais são as melhores ferramentas para trabalhar cotidianamente naquela disciplina. Parece óbvio, mas muita gente quer que um professor siga sequências didáticas que são adequadas à outras disciplinas que não a sua.
O contexto da aula também influencia muito! Dar aula na rede pública é muito diferente de trabalhar na rede particular. Ensino Médio exige abordagens completamente diferentes do Ensino Fundamental. O Ensino Remoto é diferente do Presencial e também da Educação à Distância (EaD).
E isto não significa nenhum elitismo, pois o professor tem que pensar muito bem o contexto para que a aula realmente funcione. Realidades diferentes exigem soluções diferentes. E assim cada aula ganha real significado para os alunos, pois ela está conectada com os seus mundos.
E por fim chegamos à estratégia. E não falo apenas da estratégia do professor em como passar o conteúdo pretendido, mas também do aluno para construir seu conhecimento.
Certos professores precisam de elementos cenográficos. Outros de textos de apoio. E existem os que são excelentes no uso dos mapas mentais em lousa escritos com giz.
Como aluno, eu sou muito visual e auditivo. Minha esposa precisa escrever. Enquanto eu não tiro os olhos de quem me dá aula, ela toma nota de tudo possível. E ambos fomos bem na faculdade, apesar das dificuldades que cada um tinha e tem.
Existem os alunos que vão anotando dúvidas e tentam saná-las antes do sinal tocar. E tem os que vão para casa com as palavras-chave para fazer as próprias pesquisas. Todas as estratégias são válidas se funcionam para os que as usam.
No fim das contas, Didática não tem nada de raso. É um exercício profundo de pensar como servir melhor ao aluno. É criar estratégias para dar significado aos dados que levamos para os alunos e assim facilitar o aprendizado deles.
E lembrem-se…
O que deve ser prioridade na aula não é o professor brilhar, não é a apostila completa e nem o diário em dia. É o aluno consciente que é dono do aprendizado que construiu. Isto não significa que ele ficará feliz ou satisfeito. Mas isto é assunto para outro fio...
Toda vez que alguém vem com papos do tipo “Esqueça o que você ouviu no Ensino Médio”, “Aprendi a deixar de seguir o senso comum que me passaram na escola”, você não está sendo vanguardista ou descolado. Você só está desrespeitando o trabalho dos professores do Ensino Básico...
Este desprezo pelo ensino básico é perceptível em alguns acadêmicos (mas longe de ser uma maioria), que para reforçar seu status ou fingir um status que ainda não possuem, adoram se colocar como os verdadeiros donos de uma verdade que os professores escondem nos colégios...
“Esqueça o que você aprendeu na escola”, “Seu professor te ensinou tudo errado”, são chavões comuns que desintelectualizam o professor da rede basica. E não se enganem. Tive muitos colegas de EM e Fundamental II que fazem o mesmo com as professoras do Fundamental I e E. Infantil.
Pessoas falando sobre ressignificarmos a bandeira do Brasil, não deixando que fascista, opressores e afins a sequestrassem de vez. Mas será que esta bandeira alguma vez foi do povo brasileiro?
Foi esta bandeira imperial que tremulava quando o exército assassinou os líderes da Confederação do Equador (Lembrem de Frei Caneca), que lutavam contra o autoritarismo de D. Pedro I.
Foi uma bandeira do Império que tremulou ao fuzilarem e açoitarem os líderes da Revolta dos Malês em 1835. Cada revolta escrava, cada açoite público nos pelourinhos do Brasil, tinha a bandeira verde e amarela como testemunha e legitimadora.
Em meio à repercussão sobre o Ur-Fascismo (ensaio do professor Umberto Eco, vi na minha timeline que o professor @lftofoli usou meu fio como base e recebeu como resposta que deveria ler Jason Stanley, pois este possuía argumentos melhor construídos que aos de Eco.
Por coincidência, eu li “Como o fascismo funciona: a política de nós e deles” do professor Stanley, nascido em 1969 e atualmente professor em Yale. Como estudo o enfrentamento de Érico Veríssimo ao Fascismo e ao autoritarismo em geral, está bibliografia me interessa muito.
Para começo de conversa, já é bom dizer que o professor vê em Trump e também em Bolsonaro representantes e defensores de ideias fascistas, como pôde-se ver na seguinte matéria:
Estava de bobeira aqui lendo um texto do Professor Umberto Eco sobre o Ur-Fascismo, que seria a manifestação do Fascismo nos dias de hoje. Vivemos chamando pessoas e grupos de fascistas. Mas o que define o Ur-Fascismo neste texto primoroso de Eco?
Em abril de 1995, Umberto Eco (1932 – 2016) proferiu um discurso para uma conferência na Universidade Columbia, numa celebração da liberação da Europa. Depois, a transcrição foi publicado no livro Cinco Escritos Morais, publicado pela Editora Record em 2002.
Vou me concentrar na segunda parte do texto, onde o professor Eco descreve as 14 características básicas do Fascismo. Mas antes, observe a tabela abaixo.
E quando preferimos uma lorota conveniente ao invés de aceitar os fatos que nos incomodam? Vamos pensar um pouco sobre o conto de Hans Christian Andersen (1805-1875), publicado em 1837 e uma epistemologia de lealdade aos fatos?
O crítico literário, que debruçou-se sobre a obra de Andersen, Elias Bredsdorff classifica-o na categoria de “contos realistas que acontecem em um mundo imaginário”, pois não contém elementos mágicos ou sobrenaturais. Está localizado no mundo humano, embora não identificável.
Vamos a um resumo precário do conto! Mas recomendo a leitura do texto integral publicado pela editora Martins Fontes. É um ótimo meio de ensinar as crianças sobre um compromisso com a verdade.