É bom ver que coisas que venho martelando estão se confirmando: estes dias me referi ao Daniel Silveira como um tendente de infantaria do bolsonarismo.
Enquanto figuras como Oswaldo Eustáquio e Sara Winter atuam como bucha de canhão, dando um "rosto popular" ao movimento, não apenas para os apoiadores, mas também para os opositores, concentrando boa parte das atenções, figuras como Daniel atuam um pouco mais recuadas.
"Silveira manteve contatos com o empresário Otávio Fakhoury, que já admitiu ter ajudado a financiar manifestações antidemocráticas, e com o advogado e empresário Luís Felipe Belmonte, um dos que tentam fundar o Aliança Pelo Brasil, partido ao qual Bolsonaro se filiaria."
""E aqui vem um detalhe bem importante: "No caso de Belmonte, o próprio Silveira admitiu à PF que tem “relação profissional” com o empresário, porque “ambos possuem um projeto de criação de núcleos para jogos eletrônicos no Brasil”.
Quem me acompanha por aqui sabe o tanto que bato na tecla - e não estou sozinho - de que os "jogos eletrônicos" se tornaram uma das principais plataformas de divulgação de ideologias e símbolos da extrema direita.
Silveira participou ainda de reunião do Instituto Força Brasil, do qual Otávio Fakhoury é vice-presidente. [...] O instituto se descreve como “união de patriotas” criado para “oferecer subsídios para o fortalecimento dos movimentos ativistas conservadores”.
E esse é um ponto importante: o problema não é (apenas) o gabinete do ódio, mas não vou falar sobre isso por aqui. Pelo menos não agora. O ponto é: compreender bem o papel desses sujeitos no ecossistema das direitas, desenhar a cadeia de comando, quem manda e quem obedece.
E isso não significa isentar ninguém de responsabilidade, significa compreender exatamente o que está ocorrendo no Brasil - e no mundo. E assim estabelecer uma tática de resistência que vai além da indignação e mobilização/manifestação voluntarista nas redes.
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Um dos problemas da maioria das análises políticas sobre o derretimento das estatais, especialmente a Petrobras, é de que se trata de um plano para facilitar a privatização. Quando tudo indica que se trata do oposto, e por isso mesmo o mercado está reagindo tão mal.
A agenda do Guedes sempre foi clara: privatizar até o CPF nos brasileiros, plano este que, supostamente, contaria com a participação direta do Presidente Bolsonaro. Contudo, bastou uma pressão popular para que o Capetão adotasse mudar sua orientação.
A privatização de uma estatal como a Petrobras é o sonho molhado do mercado. Contudo, eles não contavam com o projeto de poder bolsonarista, que coloca sua agenda sobre todas as demais. Não existe agenda governamental que contrarie seus interesses.
Para quem está ai comemorando o derretimento da bolsa, achando que isso é apenas um problema do mercado financeiro. É sempre bom lembrar que em cenários de incerteza como essa os investidores buscam refúgio no dólar, aumentando ainda mais a desvalorização da moeda nacional.
O aumento do dólar puxa a inflação, pior, pode levar até a novos cenários de desabastecimento, como ocorreu com o arroz, recentemente. Aumentando ainda mais a pressão da economia sobre os mais pobres e o achatamento das camadas populares.
Fora que a única política cambial desse governo é a venda de dólar. Só hoje, como medida de contenção, o Banco Central anunciou um leilão de swap cambial, de até 20 mil contratos, o equivalente a US$ 1 bilhão.
Paulo Guedes foi anunciado como Posto Ipiranga mas na realidade nunca passou de um bonecão do posto.
É impressionante, pois quando a gente coloca na ponta do lápis percebe que nem os setores mais interessados na implementação da ideologia do Guedes foram beneficiados por suas presença no governo, pelo contrário.
Tanto foi que até ontem a narrativa era de que a "agenda liberal" do ministro encontrava resistência no congresso e por isso ainda não havia sido implementada. E o que acontece assim que o congresso se mostra plenamente favorável? Intervenção nas estatais para agradar as bases.
Assisti Doutor Castor, enfim. Gostei bastante, com a excessão de algumas participações totalmente desnecessárias, que não tinham nada além de uma anedota com o sujeito. Mas achei bem interessante como a vida do Castor foi mesclada com a do clube Bangu, da Mocidade e do bairro.
Não há nada na série que não seja novidade - sobretudo para quem é da região e daquele tempo (eu peguei a rebarba pós 87). Mas vale pela narrativa.
E confesso que fiquei bem emocionado com a história do Marinho e do Ado. Marinho sobretudo, sua decadência e morte. Seguem como ídolos na região, jamais esquecidos pelos torcedores do Bangu. Somos poucos, porém imensos.
Bolsonaro vive pagando de valente, diz que é especialista em matar e tudo mais, contudo, bastou os caminhoneiros falarem mais alto que ele se desesperou, criou um buraco orçamentário de 3 bi/mês, diminuiu o valor da Petrobras em 30 bilhões e ainda deu início a uma crise política.
Só para vocês terem uma ideia do impacto das medidas do presidente desesperado, a redução anunciada do Pis/Cofins sobre o diesel e o gás de cozinha gera um rombo anual de cerca de 36 bilhões de reais. O orçamento do Bolsa Família para esse ano é de cerca de 35 bilhões.
E isso tudo em um momento onde o corpo político tenta arrumar 30 bilhões de reais para subsidiar uma retomada bem meia bomba do auxĩlio emergencial.
Quem está por aí repetindo que o Daniel Silveira é apenas "mais um palhaço bolsonarista" deveria gastar uns cinco minutos entendendo o papel das forças de segurança na política carioca, especialmente dos bolsonaristas.
Como parte do plano de ocupação militar da cidade, desenhado lá nos tempos da Ditadura, o controle de áreas periféricas (favelas e subúrbios) foi destinado a grupos paramilitares formados tanto por policiais (civis e militares), bombeiros e civis. Os famosos grupos de extermínio.
Eu que nasci e fui criado no subúrbio do Rio, no apagar das luzes da Ditadura, vi isso ao longo da minha vida: a influência de PMs e/ou figuras associadas era um fato tão natural quanto o calor do verão.