Para quem está ai comemorando o derretimento da bolsa, achando que isso é apenas um problema do mercado financeiro. É sempre bom lembrar que em cenários de incerteza como essa os investidores buscam refúgio no dólar, aumentando ainda mais a desvalorização da moeda nacional.
O aumento do dólar puxa a inflação, pior, pode levar até a novos cenários de desabastecimento, como ocorreu com o arroz, recentemente. Aumentando ainda mais a pressão da economia sobre os mais pobres e o achatamento das camadas populares.
Fora que a única política cambial desse governo é a venda de dólar. Só hoje, como medida de contenção, o Banco Central anunciou um leilão de swap cambial, de até 20 mil contratos, o equivalente a US$ 1 bilhão.
Ou seja, não se trata apenas de um problema dos investidores e especuladores - até pelo fato de que os grandes investidores não vão perder nada com isso, podem até ganhar -, trata-se de um processo que vai afetar a sociedade brasileira de forma ampla.
Pior, como sempre, com um impacto mais pesado sobre os mais pobres.
Infelizmente a realidade não se encaixa no comentário político apressado da internet.
Ou seja, as esquerdas tem que estar sim preocupadas com o que está acontecendo no mercado, com as ações das estatais. Infelizmente, muito infelizmente, a conta dessa bagunça, como sempre, vai cair no colo do povo.
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A questão nunca foi se Bolsonaro era ou não liberal. A questão do Mercado (e de todo os outros setores) sempre foi o tamanho da influência que eles teriam sobre um presidente como Bolsonaro.
Esse é um dos pontos cruciais: Bolsonaro sempre foi um político incapaz. Conseguiu uma projeção nacional, ganhou uma tração midiática, mas nada disso adiantaria se não fosse pelo apadrinhamento de alguns setores.
Bolsonaro não era o candidato original do mercado. A confiança do Mercado estava antes no Alckmin e depois no Meirelles. E aqui fica evidente o tamanho da influência que o Mercado tem na hora de se decidir uma eleição: é bem menor do que se imagina.
Um dos problemas da maioria das análises políticas sobre o derretimento das estatais, especialmente a Petrobras, é de que se trata de um plano para facilitar a privatização. Quando tudo indica que se trata do oposto, e por isso mesmo o mercado está reagindo tão mal.
A agenda do Guedes sempre foi clara: privatizar até o CPF nos brasileiros, plano este que, supostamente, contaria com a participação direta do Presidente Bolsonaro. Contudo, bastou uma pressão popular para que o Capetão adotasse mudar sua orientação.
A privatização de uma estatal como a Petrobras é o sonho molhado do mercado. Contudo, eles não contavam com o projeto de poder bolsonarista, que coloca sua agenda sobre todas as demais. Não existe agenda governamental que contrarie seus interesses.
Paulo Guedes foi anunciado como Posto Ipiranga mas na realidade nunca passou de um bonecão do posto.
É impressionante, pois quando a gente coloca na ponta do lápis percebe que nem os setores mais interessados na implementação da ideologia do Guedes foram beneficiados por suas presença no governo, pelo contrário.
Tanto foi que até ontem a narrativa era de que a "agenda liberal" do ministro encontrava resistência no congresso e por isso ainda não havia sido implementada. E o que acontece assim que o congresso se mostra plenamente favorável? Intervenção nas estatais para agradar as bases.
Assisti Doutor Castor, enfim. Gostei bastante, com a excessão de algumas participações totalmente desnecessárias, que não tinham nada além de uma anedota com o sujeito. Mas achei bem interessante como a vida do Castor foi mesclada com a do clube Bangu, da Mocidade e do bairro.
Não há nada na série que não seja novidade - sobretudo para quem é da região e daquele tempo (eu peguei a rebarba pós 87). Mas vale pela narrativa.
E confesso que fiquei bem emocionado com a história do Marinho e do Ado. Marinho sobretudo, sua decadência e morte. Seguem como ídolos na região, jamais esquecidos pelos torcedores do Bangu. Somos poucos, porém imensos.
É bom ver que coisas que venho martelando estão se confirmando: estes dias me referi ao Daniel Silveira como um tendente de infantaria do bolsonarismo.
Enquanto figuras como Oswaldo Eustáquio e Sara Winter atuam como bucha de canhão, dando um "rosto popular" ao movimento, não apenas para os apoiadores, mas também para os opositores, concentrando boa parte das atenções, figuras como Daniel atuam um pouco mais recuadas.
"Silveira manteve contatos com o empresário Otávio Fakhoury, que já admitiu ter ajudado a financiar manifestações antidemocráticas, e com o advogado e empresário Luís Felipe Belmonte, um dos que tentam fundar o Aliança Pelo Brasil, partido ao qual Bolsonaro se filiaria."
Bolsonaro vive pagando de valente, diz que é especialista em matar e tudo mais, contudo, bastou os caminhoneiros falarem mais alto que ele se desesperou, criou um buraco orçamentário de 3 bi/mês, diminuiu o valor da Petrobras em 30 bilhões e ainda deu início a uma crise política.
Só para vocês terem uma ideia do impacto das medidas do presidente desesperado, a redução anunciada do Pis/Cofins sobre o diesel e o gás de cozinha gera um rombo anual de cerca de 36 bilhões de reais. O orçamento do Bolsa Família para esse ano é de cerca de 35 bilhões.
E isso tudo em um momento onde o corpo político tenta arrumar 30 bilhões de reais para subsidiar uma retomada bem meia bomba do auxĩlio emergencial.