SOBRE A PEC EMERGENCIAL E A PROPOSTA DE REDUÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO!!!!

1. Já circula a minuta do parecer da PEC Emergencial no Congresso, texto que deve ser modificado nas discussões que serão abertas durante a semana. Portanto, a hora de pressionar é agora. O que temos?
2. Um dos pilares da medida é a redução dos rendimentos dos servidores civis (EXCLUINDO OS MILITARES) e do salário mínimo por dois anos. Abaixo vou explicar melhor a indecência que é a proposta de redução de salário dos trabalhadores ao passo que se blinda os militares!
3. Além disso, a PEC cria um regime especial de calamidade p/ pagar o auxílio emergencial fora do teto, da regra de ouro e da meta fiscal deste ano. É uma forma de driblar três regras fiscais inexequíveis e incompatíveis entre si, mesmo sem considerarmos a necessidade do auxílio
4. Aqui algo preocupante: o gasto com o pagamento do auxílio pode chegar a até R$ 30 bilhões. Trata-se de um auxílio emergencial de valor baixíssimo: 5 vezes mais baixo do que o destinado para o programa original se levarmos em consideração um novo período de 6 meses.
5. No texto também há um ataque descabido e oportunista ao BNDES: acabando com a destinação de 28% da arrecadação do PIS e Pasep para o banco, já tentada pelo governo durante a reforma da Previdência Social em 2019, o BNDES está indo para a UTI !
6. Agora a parte mais incoerente de todas: reduziram o salário mínimo e de servidores civis, mas protegeram, totalmente, os militares. Vamos à grande incoerência que isso significa.
7. Atualmente, dentre outras excrescências, os militares representam metade dos gastos da Previdência entre o funcionalismo público, embora representem apenas 30% do quadro.
8. O Brasil, na comparação com os países que integram a Otan, está entre as três nações que, proporcionalmente, mais gastam com salários e pensões para militares.
9. Os militares representam hoje metade dos gastos da Previdência entre o funcionalismo público, embora representem apenas 31% do quadro. Militares ainda possuem paridade de remuneração entre ativos e inativos, diferente dos demais servidores e população em geral.
10. Com isso, são gastos R$ 43,9 bilhões com pensões e aposentadorias para cerca de 300 mil militares e pensionistas, enquanto a União despende R$ 46,5 bilhões para 680 mil servidores do regime civil.
11. Segundo dados do Tesouro Nacional, o déficit per capita (por beneficiário) do regime militar chega a ser 85 vezes mais deficitário do que o apresentado pelo regime geral urbano.
12. Porém, são justamente os militares, justamente a parcela de servidores que mais apresenta anomalias fiscais em comparação ao restante da população, que estão blindados na reforma. Enquanto isso, o salário mínimo é duramente atacado.
13. Por falar no ataque ao salário mínimo , vale destacar que ele já está congelado, em termos reais, desde 2017! Agora, o que se propõe é a sua REDUÇÃO em termos reais. Não é congelamento. É REDUÇÃO!
14. É redução pois não haverá reposição nem pela inflação para o assalariado, que já vem sofrendo fortemente com a elevação dos preços dos alimentos e de outros itens básicos. Trata-se de proposta criminosa.
15. Só o preço dos alimentos subiram 14% em 2020! Parte da culpa foi da desvalorização cambial. Neste ano, dada toda a turbulência causada pelo Bolsonaro em sua recente briga com o mercado, o real tende a sofrer novas rodadas de desvalorização. Será duro para o trabalhador(a)

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18 Feb
1. Torço pelo Gil, mas quando ele fala de macroeconomia tá todo errado rs. E olha só, é a Juliete que tá certa nessa: existem várias teorias! E não Gil, "emitir moeda" não gera, necessariamente, inflação. E sim, a moeda pode ter impactos reais. Segue o fio, galera...
2. Sobre emissão de moeda, saca só como os EUA imitiu moeda loucamente desde 2008. O gráfico abaixo é o M0 (base monetária) e se refere ao volume de dinheiro criado pelo FED - isto é, papel moeda e reservas bancárias... Mas e a inflação, como anda? Rastejante, Gil! Image
3. Como vcs viram aí no gráfico de cima, os EUA mandaram ver na impressora (M0) e tacaram moeda na Economia. Agora, no gráfico aí de baixo, olha o que acontece com a inflação: nadinha, Gil! Baixa até demais. O Gil criança, estava mais certo que o Gil economista. Image
Read 13 tweets
16 Feb
1. Por que considero um problema político, técnico e teórico misturar a necessidade e urgência de renovação do auxílio emergencial com o debate, também fundamental, da taxação progressiva dos mais ricos?

Segue o fio que explico. Vou apanhar de todos os
lados, mas vamos lá...
2. Primeiro de tudo: renovar o auxílio emergencial é tarefa para ontem. Portanto, subordinar essa emergência à obtenção de recursos advindos de uma reforma tributária é um equívoco temporal/técnico; teórico e, creio eu, de grandeza de valor.

Explico...
3. Equívoco temporal e técnico pq mesmo que a gente faça o milagre de aprovar uma reforma tributária progressiva na semana que vem, os efeitos só se darão no próximo ano por conta do princípio da anterioridade anual para o IGF; IR (lucros e dividendos entra aqui); heranças...
Read 17 tweets
8 Feb
Sobre independência do BC e aumento da desigualdade: c/ a palavra o Banco Mundial.

Segundo artigo do mês passado publicado pelo Banco Mundial (insuspeito de comunismo), a independência do BC amplia fortemente a desigualdade social por três mecanismos que resumo no fio. 1/4
1º A independência do banco central, ao restringir indiretamente o espaço de política fiscal do governo, enfraquece a capacidade do Estado de realizar políticas fiscais redistributivas. 2/4
2º A independência do BC incentiva os governos a desregulamentarem os mercados financeiros, o que gera um boom nos valores dos ativos. E esses ativos estão predominantemente nas mãos dos mais ricos da população. (no caso do Br, o PL do câmbio aprofunda essa tendência). 3/4
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24 Jan
Olhem oq o @AlexSchwartsman escreveu, corretamente, em 2002:

“Isso significa que o governo, que detém o controle do Banco Central, dificilmente poderia ser forçado a uma moratória da dívida interna mesmo no caso extremo (e improvável) de os bancos se recusarem a rolar o débito“
... "Com relação à dívida, devo chamar a atenção dos leitores para o fato de que a maior parte (uns 75%) da dívida do governo é liquidada em reais, muito embora uma parcela substancial da dívida interna esteja indexada ao dólar."
"Acredito que esses analistas têm em mente algo parecido com a crise argentina. Isto é, o mercado recusa a rolagem da dívida do governo (sem nem sequer cogitar de novas emissões para financiar o déficit fiscal) e força o governo a declarar moratória...
Read 8 tweets
8 Jan
Coluna interessante do N. Barbosa. Mas fiquei com algumas dúvidas:

(i) Qual arcabouço teórico considera BC e Tesouro são a mesma coisa? A MMT que não é. E não precisa disso para chegar em suas conclusões.

(ii)...
... (ii) Quais são os casos de hiperinflação causados, em sua essência, por emissão de moeda? Não me lembro de nenhum. Nos que conheço, a causalidade é invertida. Ninguém nega a possibilidade de hiperinflação, o não consenso é sobre suas causas, histórica e teoricamente.
(iii)...
(iii) Por qual motivo, em armadilha da liquidez, bancos começam a rasgar dinheiro? Qual o sentido deles não quererem trocar reservas bancárias (dívida pública que não rende juros) por compromissadas (ou voluntários) de prazo curtíssimo e que rendem juros?
Enfim.
Read 5 tweets
7 Jan
1. 3 problemas que a sociedade brasileira está vivendo no início deste ano e q o PSOL apresentou Projetos de Lei p/ resolver: fim do auxílio emergencial; fila do bolsa família e a correção do salário mínimo abaixo da inflação sentida pelos + pobres. Fio com cada uma das propostas
2. Sobre o salário mínimo, há dois projetos do PSOL com propostas de correção real do salário. Em uma delas, propõe-se a utilização do Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1, que calcula justamente a inflação que pesa sobre os mais pobres.
psol50.org.br/pl-de-jean-wyl…
3. Sobre a fila do bolsa família, atualmente com mais de 3,5 milhões de pessoas aguardando, o PSOL formatou um novo design para o programa, visando evitar que filas gigantes como essa se formem justamente em momentos de profunda vulnerabilidade social.

camara.leg.br/proposicoesWeb…
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