Batemos o recorde histórico de mortes. Ainda assim, nem sinal de uma política que valorize a vida e leve a saúde a sério.
Inclusive, vão usar a morte para... tirar dinheiro da saúde!
Quer entender como isso funciona?
Segue o fio. (0/9)🧵👇
1)É importante entender que o número 250 mil mortes, por si só, não nos diz nada.
É muito? É pouco?
Se comparar aos 64 mil de pessoas assassinadas em 2017, é muito. Mas se comparar com os EUA onde morreram 500 mil, é pouco.
Toda informação precisa de um enquadramento.👇
2) A gente só entende os fatos em conjunto, comparando um monte de informações.
Então, há um poder gigantesco na mão de quem estabelece a referência principal de comparação.
Quem dá o enquadramento.
Advinha quem é a pessoa que tem o maior alcance e repercussão no país?👇
3) Pois é. Se o presidente fala, todos os meios de comunicação e as redes sociais repercutem. Então, ele está sempre dando o elemento principal de comparação.
Ex: Focar nas dúvidas da ciência e não nas certezas; falar dos casos recuperados e não da taxa de mortalidade, etc...👇
4) Pensa niso: o presidente não precisa mentir. Basta que ele dê as referências que interessam a ele.
Sim, ele mentiu, mas não é o principal.
Pq o Min Saúde tirou dados do ar? Pq não fizemos testes? Pq juntamos casos de doença com recuperados? É o controle da informação.👇
5) Assim, quanto mais escandaloso o que ele disser, mais as pessoas reproduzem e mas elas prestam atenção nas informação que ele dá - e ignoram todo o resto.
Ficamos tentando desmentir, ultrajados. Mas até explicar a informalçao correta, ele já lançou um escândalo novo.👇
6) O presidente tem o poder de dar a referência do debate e determinar a nossa economia de atenção.
Lembra do "Golden Shower"? Dava para discutir qualquer coisa que não isso nesses dias? Pois é. Quando o assunto não interessa, ele consegue esgotar a nossa atenção com barulho.👇
7) E sabe como isso vai ser usado contra nós? Lembra do poder do enquadramento?
Bom, ele fica dizendo que falta dinheiro, que o país tá quebrado. As pessoas exigem o auxílio emergencial e ele dá o enquadramento do debate: a escassez.👇
8) Essa é a desculpa perfeita para quebrar o orçamento vinculado, ou seja, acabar com a obrigação de destinar recursos para a saúde e educação.
Fim-
É por isso que defendo: precisamos pensar (e regular) como os ocupantes usam as redes sociais.
Eles não ocupam os cargos de autoridade para amplificar as opiniões deles. Os posicionamentos deles são institucionais e eles precisam ser responsabilizados nesses termos.
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O que o banimento do Trump, QAnon e afins significa para nós?
Com certeza, a internet dos anos 20 será muito daquela que a antecedeu- e a nossa experiência on-line será outra.
Segue um fio sobre a transformação da internet e tendências. 🧵👇🏽
2. A internet surgiu marcada como um mero meio de comunicação. Era o espaço da livre circulação de ideias. Em 1996, Barlow declarou que a internet seria o domínio exclusivo da mente.
Aqui, cada um diria o que bem entendesse. Era o território das ideias livres.
3. Essa ideologia era a visão que reinou na internet durante anos. Nos anos 2000, percebeu-se que a internet não era terra sem lei. Os estados poderiam fazer valer a lei ordenando as empresas de tecnologia e as empresas de telecomunicação.
Mais que uma questão de saúde pública, a pandemia é um fenômeno econômico e social. O seu surgimento é fruto direto do modelo econômico que adotamos, assim como é a sua gestão política.
Segue o fio.(1/8)🧵
O capitalismo contemporâneo é marcado pela hiperconectividade. Isso gera flexibilização da ocupação do espaço por conta das complexas e eficientes cadeias de produção e telecomunicação.
Todo lugar é aqui.
Compre da China via internet. Faça um skype com a Alemanha.
Não à toa, em poucos meses um vírus que estava em um animal silvestre na periferia rural chinesa se alastrou pelo mundo.
Hoje, trocamos as variantes do mesmo virus com igual velocidade, apesar de todas as restrições de viagem.
Usando a base de dados da @factchecknet, conduzimos um estudo comparativo sobre desinformação em 129 países. O problema é mundial, no Brasil o cenário é mais grave.
Nossa pesquisa que virou matéria da @camposmello. Fio (1/6)👇
2) Identificamos que o Brasil e a Índia estão isolados no conteúdo da sua desinformação. Ou seja, as fake news que rodam nesses países é diferente daquelas que rodam no resto do mundo. O mundo segue padrões regionais, ondas que vão e vêm de teorias que surgem e são desmentidas.🌎
3) No Brasil, o debate público é empacou mesmos temas. O resto do mundo conseguiu superar essas questões, enquanto o Brasil se viu travado nos mesmo temas: cloroquina, ivermectina, azitromicina.💊
Ou seja, o que é superado no mundo se se estagnou aqui.
Na semana passada o NY Times relatou o caso de um homem que foi identificado erroneamente pelo reconhecimento facial da polícia. Passou a noite na delegacia à toa.
Não é o único caso e nem de longe o mais grave. Fio
Os problemas de decisões automatizadas vêm recebendo pouca atenção no Brasil.
Nos EUA já tivemos algoritmos até sendo usados no sentenciamento criminal.
Mas a máquina é imparcial, né?
Não. É racista. Negros recebiam sentenças mais duras que brancos.
Os exemplos são muitos. Desde a concessão de vistos para entrar no Reino Unido, até o uso de inteligência artificial para estimar a sua receita anual.
Precisamos pensar em como sistemas automatizados moldam como usamos nossos direitos.
Já que a pauta é liberdade de expressão, cabe apontar o desserviço que é a matéria da @UOLNoticias.
O veto ao Olavo foi dentro da legalidade por alguns motivos:
1 - Não existe o direito de desinformar. O OC promovia discurso de ódio e crimes contra honra sistematicamente (1/5)
2 - O @PayPal se reserva o direito contratual de não trabalhar com certos serviços que possam ser lesivos a sua marca. Eles podem, por exemplo, querer se afastar do comércio de armas. Por que eles não poderiam se afastar da desinformação e discurso de ódio?
3 - Esse mecanismo de pressão popular é extremamente legítimo e é usado faz tempo para pressionar marcas que usam do desmatamento, trabalho infantil, etc.
É louvável uma empresa participar do combate a práticas lesivas à sociedade por vias econômicas e sociais legítimas.