Na propaganda partidária, o PT tem uma agenda que entendo ser muito nobre, e que imagino poder resumir como "redução da desigualdade" e "defesa dos direitos humanos".
Mas, desde 2015, a prioridade de Lula tem sido a de conter o avanço da Lava Jato. Só em 2016 ele recebe o apoio de Dilma Rousseff na missão. E, desde então, posso afirmar sem peso na consciência que essa vira também a maior prioridade do PT.
Havia uma forma simples de libertar Lula: provar a suspeição de Sergio Moro, o que faria a investigação voltar ao início, e levaria à prescrição da maior parte dos crimes apurados. E entendo que a suspeição fica cristalina já quando Moro aceita ser ministro de Bolsonaro.
Mas essa solução só salvaria Lula. E não havia apoio político suficiente para salvar apenas Lula.
Entretanto, a ideia de inutilizar o combate à corrupção como um todo encontra vários pares nos três poderes. E nenhum caminho parecia mais promissor do que o fim da execução de pena para condenados em segunda instância.
Em maio de 2019, o caso Queiroz faz com que mesmo a família Bolsonaro passe a apoiar solução tão ampla. Seis meses depois, o STF derruba a execução de pena para condenados em segunda instância. Lula sai da cadeia e não sai sozinho.
E, agora, o STJ enterra de vez o caso Queiroz.
Faz total sentido reclamar que a Lava Jato ajudou a eleger Jair Bolsonaro. Não faz qualquer sentido reclamar que Lava Jato e Jair Bolsonaro continuam unidos. Desde maio de 2019, Jair Bolsonaro atua para acabar com a operação. E conseguiu.
Sempre que eu falo em bolsopetismo, eu me refiro primeiro a esse pacto entre governo e oposição pela inutilização do combate à corrupção. Ele existe, está bem documentado e é o principal fator a impedir o fim precoce do governo Bolsonaro.
É por causa desse acordo que temos uma oposição tão branda. É por causa desse acordo que precisamos digerir a morte de mais de 250 mil brasileiros. Não há impeachment de Bolsonaro por causa desse acordo.
Mas não foi por acaso que Bolsonaro passou toda uma vida parlamentar votando alinhado com o PT em temas econômicos. Imagino não ser injusto apontar que, nessas questões, as agendas de ambos também se unem.
Assim como ambos possuem uma agenda contrária à liberdade de imprensa. Mas aqui cabe uma modulação: a sede com que Jair Bolsonaro avança contra a imprensa é muito maior e mais abjeta — até porque, concorde você com isso ou não, ele conta com menos apoiadores nos maiores veículos.
Dito isso, acho injusto que se diga que petismo e bolsonarismo sejam a mesma coisa. Eu enfrentei e enfrento ambos. E afirmo categoricamente que o bolsonarismo é muito pior.
As eleições de 2020 mostraram que o caminho para derrotar o bolsonarismo passa pelo centro. E entendo que, se o Brasil quiser de fato colocar um fim na crise iniciada em junho de 2013, precisa trilhar esse caminho.
Mas há o risco de novamente o Brasil ter que escolher entre Bolsonaro e o PT. Se isso ocorrer, será menos por mérito de ambos, e mais por demérito de todo o resto. E aí não haverá muito o que fazer.
É escolher o mal menor —e estou mais uma vez deixando claro que o PT é um mal muito menor— e no dia seguinte passar a fazer a oposição firme que o PT vem se negando a fazer contra Bolsonaro.
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Assim como não vou discutir com Allan Terça Livre se tratamento precoce cura covid-19, eu não vou discutir com petista se o Brasil teve um golpe em 2016.
Não cura. E não foi golpe. Não estou dando uma opinião. Estou citando fatos.
Quando alguém me diz que o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe, a pessoa me fala mais da própria pessoa do que do impeachment de Dilma Rousseff.
Porque eu testemunhei o impeachment de Dilma Rousseff. Eu li bem mais do que a média a respeito. E eu sei que não foi golpe.
Eu sei, inclusive, que a ideia de que o impeachment seria um golpe foi uma das muitas narrativas exploradas pelo PT para tentar justificar o injustificável. Mas não era verdade. E sustentar isso ainda hoje ou é muito ingênuo ou muito desonesto.
Se você acha que, porque crítico duramente Bolsonaro, eu concordo que o PT seria um partido injustiçado que sofreu um golpe em 2016, PLMDDS, clica nesse unfollow AGORA e mete um block no meu perfil URGENTEMENTE para você não mais se frustrar comigo.
Com 8 títulos, o Flamengo se tornou ontem o maior campeão brasileiro de todos os tempos. Superou o Corinthians, com sete campeonatos. E já havia superado um anos antes São Paulo e Palmeiras, com seis cada. Os demais clubes têm menos. O Sport segue sem nenhum.
Impressionante como brasileiros têm problemas com a verdade.
Tanto é verdade que o flamenguista é o primeiro a se dizer octacampeão. Nenhuma outra torcida gritou essa palavra.
Antes mesmo de intervir na Petrobras, Jair Bolsonaro acrescentou Augusto Heleno (contra quem não temos dúvidas, mas certezas) e Paulo Skaf no Conselho da República. noticias.uol.com.br/politica/ultim…
Para a suplência de ambos, escolheu Vítor Hugo, que ontem votou contra a manutenção da prisão de Daniel Silveira, e Pedro Cesar de Sousa, ex-chefe de gabinete de... Jair Bolsonaro.
Na manhã deste sábado, Jair Bolsonaro já adiantou que novamente tomará alguma decisão polêmica na semana que vem. E deu a entender que será ainda mais polêmica que a intervenção na Petrobras.
A imunidade parlamentar é pensada para proteger o parlamentar que busca fazer Justiça, mas não para proteger aquele que busca cometer injustiças.
Pensando estar protegido pela ironia, pelo cinismo, pela imunidade parlamentar e pela liberdade de expressão, Daniel Silveira fez apologia à ditadura militar, defendeu um golpe de Estado, cometeu falas preconceituosas e incentivou o linchamento dos onze membros da Suprema Corte.
Muitos dizem que a democracia brasileira deixou à mostra a própria fraqueza quando, em 17 de abril de 2016, deixou Jair Bolsonaro, ao vivo para todo o país, impunemente homenagear um torturador.