Um dos maiores problemas das analises sobre o bolsonarismo - especialmente aqui - é o fato de que elas pressupõe uma unidade entre seus apoiadores. O "gado" é sempre tomado como uma massa univoca, como se todo apoiador do presidente fosse um clone de algum bolsonarista notório.
Para começar é preciso discutir o que significa apoiar o presidente. Afinal, entre ir para as ruas gritar mito enquanto ele passa em carreata é radicalmente distinto de responder uma pesquisa por telefone dizendo que avalia positivamente a sua gestão.
É preciso compreender aqueles que de algum modo avaliam a sua gestão como razoável ou positiva. Até para entender como convencê-los do contrário. Exemplo: eu conheço pessoas de uma cidade do interior do Pará que avaliam positivamente a gestão bolsonarista por conta de uma estrada
E antes que venham falar alguma coisa, o sujeito está em um uma instituição onde transita livremente pelo pátio, não sofre nenhum tipo de maus-tratos, basicamente um fim de semana entre os amigos. Não me venham comparar a situação desse sujeito com a de 99,9% da massa carcerária.
Com o adendo de que ele goza de ampla possibilidade de defesa, advogados, apoio aberto de políticos, etc...
A pandemia escancara o óbvio: a grande religião sacrificial do mundo é o capitalismo, que dia após dia obriga o trabalhador a se sacrificar em prol do Deus-Mercado. Políticos, empresários e pastores neopentecostais são os arautos dessa religião.
O assustador é que sejamos incapazes de renegar esse deus e retribuir a violência que seus arautos exigem. Pior, nós mesmos nos tornamos reprodutores dessa violência. E de fato essa é a grande técnica dessa religião: os cordeiros se identificam com os arautos.
O que diferencia o político de um trabalhador que apoia esse sistema é apenas a capacidade de colher os espólios do sacrifício diário (de si e de outrem), da destruição contínua dos corpos e subjetividades em prol do lucro. E isso é dado desde antes de Marx.
Bicho, eu tô absolutamente enojado desse comentário político barato que insiste na repisada tese de que os militares estão constrangidos com esse ou aquele aspecto do governo Bolsonaro. Não estão. Estão é mamando nas tetas do estado (que nesse caso despeja leite condensado).
O livro do Vilas Boas fala de uma preocupação da alta cúpula com um espírito revoltoso da população - que lhes foi reportado por empresários. Conversa para boi dormir. Agiram por ressentimento, pois ficaram ofendidinhos com a Comissão Nacional da Verdade.
Os militares jamais tiveram qualquer compromisso com o país. Se tivessem jamais teriam saído da caserna. Pois qualquer investigação minimamente séria sobre a ditadura revela que eles só destruíram o país.
Jair Bolsonaro não é presidente, é uma criança que, tudo indica, jamais saiu de sua fase anal. Incapaz de ser contrariado, de assumir qualquer responsabilidade, moleque mesmo. Ele e seus filhos, igualmente moleques, igualmente irresponsáveis.
250 mil mortos e ele é incapaz de falar, propor algo que não seja bravatas e, pior, promover o caos, a morte. Se deliciar com ela. Se existe um sujeito que odeia o próprio país, o próprio povo, esse sujeito é o Bolsonaro.
Não é a toa que ele e seus filhos não perdiam uma oportunidade de afagar as bolas do ex-presidente dos Estados Unidos. Batendo uma (continência) para a bandeira dos outros e tudo mais.
Ser militar no Brasil é a melhor coisa do mundo: não importa quantas vezes destruam o país, quantas morram por conta de suas ações, ainda serão vendidos (pela direita e esquerda) como uma instituição integra, ética...
Bolsonaro não é um militar atípico: é um militar padrão, exemplar. Não fosse não teria sido escolhido pelos militares para governar o país.
Sim, Mourão não caiu ali de paraquedas. Se os altos círculos das FFAA não compactuassem com o projeto bolsonarista não o teriam colocado ali. Pior, não teriam aceitado que tantos oficiais integrasse esse governo.