Vamos continuar o papo sobre Yoga e extrema direita?
Não só de conspiritualidade vive a extrema direita na Yoga, sabia que fundamentalistas hindus indianos a utilizam como forma de soft power?
Bora entender
Além dos fenômenos relatos semana passada, uma questão que precisa ser abordada é o uso feito pela extrema direita fundamentalista hindu indiana da Yoga para aumentar seu soft power no ocidente.
Modi, primeiro-ministro indiano, do Partido Bharatiya Janata, +
ameaçou os direitos de milhares de mulçumanos indianos com uma nova lei de cidadania de 2019. A Lei de Emenda à Cidadania busca garantir nacionalidade indiana a budistas, cristãos, hindus, parsis, jains e sikhs que deixaram seus países por perseguições religiosas, mas deixa de+
fora mulçumanos. Além disso, correligionários de Modi já estiveram envolvidos em queimas e depredações de mesquitas na Índia e os protestos contra a nova lei deixaram 78 mortos, a maioria muçulmana.
Modi representa um setor da extrema direita indiana, o nacionalismo hindu, que questiona o secularismo estatal e busca refundar o Estado indiano a partir de valores hindus. E, para aumentar sua influência no Ocidente, Modi usa a Yoga como propaganda, mostrando a face benevolente
do hinduísmo. Suas iniciativas como a criação do Dia Internacional da Yoga o aproximaram de líderes de extrema direita como Donald Trump e foram bem recebida na ONU.
A partir de iniciativas como essa, Modi busca exportar uma identidade indiana específica, atrelada ao hinduísmo, que atende a seus interesses políticos do nacionalismo hindu. Ele o faz manipulando fantasias orientalistas do Ocidente a seu favor.
Atualmente, a prática da Yoga é mais difundida nos Estados Unidos (9% da população praticantes) que na Índia (7,5% da população praticantes), onde esta é uma prática mais restrita às classes médias.
O combate dentro da comunidade yogui a esse tipo de pensamento existe, mas precisa ser mais forte. É preciso ter em mente que o hinduísmo não é apenas a face benevolente mostrada pelo soft power da Yoga, ele pode assumir um caráter segregador.
Inclusive tem um papel grande na opressão de castas e violência de gênero até hoje na Índia. E, recentemente, o fundamentalismo hindu tem perseguido mulçumanos indianos.
Claro que esse não é um fenômeno do hinduísmo como um todo, é uma religião praticada por 6% da população mundial, em sua maioria pacífica. Mas enxergar o hinduísmo apenas como uma religião pacífica tem dado margem para o crescimento do fundamentalismo hindu.
É preciso também deixar claro, em todos os espaços de prática da Yoga, que a cultura indiana não está restrita ao hinduísmo. Essa ideia interessa aos fundamentalistas religiosos próximos de Modi, que ligam a identidade indiana ao hinduísmo, excluindo os não hindus.
A Yoga é um exercício físico excelente e pode ser também uma prática espiritual. Para ser um espaço de acolhimento de todos e não uma arma de soft power para fundamentalistas religiosos que buscam excluir com base em religião, precisa encarar esses temas espinhosos.
Vamos terminar hoje falando um pouco mais sobre conspiritualidade aqui no Brasil,
bora?
Através de pesquisas em canais de YouTube brasileiros de propagação de teorias da conspiração como o QAnon, foi possível observar diversos comentários de apoio feitos por produtores de conteúdo ocultistas e esotéricos.
Sim, existe a possibilidade que a sua tia namastê gratiluz esteja assistindo vídeos de QAnon
Para nosso ÚLTIMO FIO sobre a machosfera, vamos ser radicais e irmos na raiz do problema.
Vocês devem ter percebido que falamos muito de "psiologia evolucionista" como base da filosofia da machosfera, mas não entramos em detalhe.
Hoje nós vamos.
A filosofia da Machosfera, a filosofia Red Pill, se baseia na ideia de que homens e mulheres teriam evoluído de formas diferentes, homens aptos a caça e, por isso, mais agressivos e racionais e mulheres focadas em sobreviver, por isso teriam desenvolvido formas de +
Se aproveitar de homens, já que elas não teriam condições de caçar.
Já explicamos a filosofia da Red Pill aqui, mas ainda não tínhamos explicado a corrente acadêmica que deu origem a ela. Essa corrente é a "psicologia evolucionista".
Hoje vamos falar sobre a ÚLTIMA FACÇÃO DA MACHOSFERA!
(pelo menos dos que mapeamos até agora)
Hoje vamos falar dos Homens Sanctus. Para falar dessa facção, esse fio vai abordar questões de violência de gênero e contra crianças, pessoas sensíveis aos temas podem se incomodar.
Os "Homens Sanctus" são a facção mais abertamente violenta da machosfera brasileira. Se nomear enquanto “sancto” tem relação com a ideia de que mulheres seriam promíscuas e infiéis, uma idéia misógina corrente na machosfera, ser um homem “sanctu” é estar em oposição a isso.
O termo “sancto” pode ser visto também no dialeto da machosfera para nomear “actos sanctus”, ou seja, atos violentos de ódio cometidos por um participante da machosfera
Além de misóginos, frequentemente também postam racismos sobre a "necessidade de embranquecimento do Brasil"
Vamos continuar falando sobre facções da machosfera. Eu sei, elas são muitas. Mas estamos quase no fim.
Hoje vamos falar de uma facção brazuca, criação nacional, os Guerreiros da Real.
Guerreiros da Real, ou apenas "da Real", são homens frequentadores de blogs que propagam ideias misóginas, fazem parte do ecossistema da machosfera e ecoam muitos de seus pensamentos.
A origem desse grupo, que se organizam através de postagens em blogs, Youtube e podcasts, é incerta, mas algumas pessoas apontam comunidades no (falecido) Orkut. Nessas comunidades eram estudados "gurus" do masculinismo e debatidas ideias que, mais tarde,
E ai, gente, afim de mergulhar num penico entupido? Vamo falar da machosfera, o primeiro grupo que vai aparecer no site.
Pra galera que não quer ver misoginia, babaquice e grandes pitadas de racismo, sugiro vídeos de gato no YouTube. A partir daqui o bagulho fica RUIM. Avisados
"Mas o que é a machosfera? Quem participa? É realmente perigoso ou é um monte de menino que gosta demais de anime e videogame? Racismo?? Achei que eles fossem só meio machistas!"
Vamos por partes, gafanhoto
A machosfera não é um grupo fechado, é um ecossistema de fóruns e produtores de conteúdo. Dentro da machosfera temos muitas facções (incel, mgtow, pua, #/gamergate, movimento de direito dos homens...), mas vamos entrar nelas em outros momentos.
O Mapa do Ódio é um projeto de mapeamento dos grupos de ódio na região metropolitana do Rio de Janeiro. A partir desse mapeamento vamos tentar entender como se organizam, o que pensam e, principalmente, como se relacionam esses grupos.
Todo esse material estará disponível em breve em formato de site, onde o usuário poderá explorar os nódulos (os grupos de ódio) e seus vínculos (as relações estabelecidas entre eles). Esse site será constantemente atualizado a medida que a pesquisa avança.
Além de mapear, o site também funcionará como plataforma de divulgação científica da área de Ciências Sociais, debatendo e analisando sociologicamente os grupos apresentados, bem como suas relações.