Thread by @luizacaires3

No Brasil de hoje, uma pessoa morre por minuto (ou menos) de covid. Muita gente, dor demais.
Gente com família, com história. Gente como Rosimeire Silva dos Passos, 45 anos. Negra, mãe de duas moças, avó de dois meninos (continua...)

Empregada doméstica em Salvador, Rosimeire tinha um sonho: comprar uma uma casa própria que pudesse deixar para as filhas. Mas o mesmo trabalho duro que a permitiu realizar um sonho fez parte do caminho do vírus que tirou sua vida...

Rosimeire provavelmente contraiu a doença do patrão idoso. Que provavelmente contraiu do neto, “que andava viajando muito”, dizem. Já diagnosticado, o aposentado foi orientado a voltar para casa onde, além de Rosimeire, contaminou a esposa. Voltou a ser internado, e não resistiu.

Os médicos recomendaram o isolamento, que Rosimeire cumpriu, bem até demais. Era diabética, e não deveria, mas quis ficar completamente sozinha em casa. Não deu tempo de comunicar a ninguém sua piora repentina. A porta precisou ser arrombada para que fosse encontrada já sem vida.

Na foto abaixo, Rosimeire e sua cunhada e amiga Cristiane, que me contou sua história.
“Fiquei muito arrasada, em choque. Ela era uma pessoa muito boa para todos, para a gente, ajudava muito minha família.

"Era muito boa inclusive para casal o que para quem trabalhava, que gostava demais dela. A vida dela era só trabalhar. Pelo menos ela realizou o sonho de deixar a casa para as filhas, ela sempre falava disso."

Cristiane tem sintomas, e aguarda em isolamento o resultado do exame. Ela divide a casa com José Oliveira, que contraiu o vírus e está internado, no oxigênio.

Felizmente, José não precisou de UTI até agora. Para vaga em UTI, Salvador tem fila de espera de mais de 300 pacientes.

*Fila de espera da Bahia, corrigindo