A civilização Chavín se desenvolveu nas montanhas andinas ao norte do Peru, mais precisamente no vale do rio Mosna, onde os rios Mosna e Huachecsa se fundem, entre 900-250 AC, com sua influência se estendendo a outras civilizações ao longo da costa Peruana.
Dentro do ‘horizonte cultural’ andino (divisão de períodos entre formações culturais nos Andes Pré-Colombianos), a cultura Chavín entra na ‘formação andina’, classificada dentro do ‘primeiro horizonte cultural’ ou ‘horizonte inicial’, que corresponde aos anos 1200-200 AC.
A geografia única do território Chavín, perto de dois rios e de vales de altas montanhas permitiu que cultivassem milho, batatas, quinoa de grãos, etc, domesticar lhamas, construir sistemas de irrigação, montar complexos de aldeias e desenvolver técnicas avançadas de metalurgia.
A arquitetura Chavín mostra técnicas de construção engenhosas que foram adaptadas ao ambiente das terras altas do Peru.
Para evitar inundações e a destruição do templo durante a estação chuvosa, eles criaram um sistema de drenagem com canais sob a estrutura dos templos.
A cultura recebeu esse nome por causa de seu centro religioso mais importante:
Chavín de Huantar.
Chavín foi um significativo local de peregrinação por todo a região andina na época, em seu pico, contava com uma população de até 3000 pessoas.
Sua arquitetura foi muito influenciada pelo sentido religioso e espaços sagrados como Chavín de Huantar foram projetadas para percepção sensorial; a estrutura e o design causavam certas sensações através dos sentidos, como visão e tato, e outras séries de respostas fisiológicas.
Um exemplo são rituais de sacrifício, nas quais o sacrificado era conduzido por labirintos de galerias subterrâneas nas quais durante o trajeto, ouvia-se o estrondoso rugido de felinos, som esse, projetado intencionalmente por meio de um sistema de canais hidráulicos subterrâneos
Cerimônias dentro desses espetáculos sensoriais eram realizados em espaços públicos ou restritos e também incluíam música, sangria, etc.
Um dos principais fundamentos religiosos era o sacerdócio de xamãs por meio de transes induzidos por enteógenos (plantas psicoativas).
O cacto Wachuma, talvez fosse a principal delas, contendo o princípio ativo da mescalina. O cacto foi muito exibido na arte, com figuras em procissão os carregando e temos evidências e vestígios rituais e arquitetônicos que mostram que haviam métodos para consumo e uso como rapé.
Outras práticas rituais dos xamãs envolviam divinação oracular, observações celestes, cálculos de calendário, e cura.
No entanto, uma das características mais proeminentes do xamanismo Chavín foi a relação e transformação entre humano-animal, bastante difundida em suas artes.
A arte Chavín é repleta de imagens antropomórficas onde rostos humanos se mesclam com os de felinos, cobras, jacarés, aves de rapina, e seres ‘sobrenaturais’, com a característica proeminente de presas, indicando o conceito de transfiguração xamânica entre a classe sacerdotal.
A arte é uma forma de entender a cosmologia Chavín; vemos isso na Estela Lanzón, a principal câmara subterrânea em Huantar mostra uma entidade com presas e garras apontando para baixo e para cima, funcionando como um ‘Axis Mundi’, um ponto de encontro entre mundos cosmológicos.
Acredita-se que esse monólito tenha sido o ponto de um oráculo que atendia aos peregrinos que deixavam oferendas à entidade, e que teve um papel nas cerimônias envolvendo a Wachuma e também no efeito sensorial do rugido felino causado pelos canais, como mencionado mais acima.
A Estela Raimondi é mais um objeto religioso importante da cultura Chavín, também antropomórfico e com detalhes animalísticos, acredita-se que a Estela represente o “Deus dos cajados”, uma iconografia densamente compartilhada por diversas culturas Andinas.
O obelisco de Tello apresenta imagens naturalistas: Humanos, pássaros, cobras, felinos, plantas, conchas e constelações.
Entre essa confusão de elementos naturais, o monólito apresenta, mais proeminentemente, uma grande criatura serpentina, semelhante a um dragão ou jacaré.
A rica iconografia natural dessa cultura não foi por acaso, os Chavín ocuparam geograficamente um ponto entre as três principais zonas ecológicas do Peru:
A costa desértica, as montanhas Andinas e as selvas tropicais da Amazônia.
Outra característica artística marcante da cultura são as cabeças clavas, feitas de pedra, elas se projetavam nas paredes externas dos templos e tinham diversas iconografias, nas quais a maioria também parece representar cabeças humanas com traços felinos ou de outros animais.
Além de esculturas e estelas, a arte Chavín também consistia de têxteis, cerâmicas de alta qualidade representando imagens da religião e cotidiano, desde instrumentos musicais feitos de conchas de Spondylus com desenhos incisos, entre outros artefatos.
A cultura Chavín também impressiona por terem sido metalúrgicos qualificados e criavam objetos e utensílios como coroas, máscaras, peitorais e joias, em folhas de ouro usando técnicas de solda e repoussé, a maioria apresentando as iconografias artísticas e religiosas.
Não há evidências arqueológicas de forças militares na cultura, se sugere que o maior poder político na cultura Chavín fosse exercido por uma pequena elite de xamãs de forma teocrática e que a posição estratégica de seus territórios garantiam defesa de possíveis ataques.
A partir de 300 AC a civilização começou a declinar, no entanto existem poucas fontes que indicam o motivo desse declínio; muitos arqueólogos sugerem que foi devido à desaceleração do comércio na região e mudanças no funcionamento das comunidades e terras.
Sua influência, no entanto, sobreviveu, alcançando culturas contemporâneas e posteriores, desde os Paracas até os Incas, em especial os Moches, ajudando a difundir parte das imagens e idéias da cultura Chavín e a estabelecer e padrões iconográficos importantes para a arqueologia.
O legado arqueológico dos Chavín é sentido desde sua arte característica, até a engenhosidade de seus templos, a relação geográfica com a fauna e flora dos ecossistemas andinos, seus entendimentos cosmológicos e a influência para as culturas seguintes.
Esse vídeo é muito bacana, conta um resumão da cultura Chavín em poucos minutos e tem legenda em português!
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É importante notar que os Maias tiveram uma grande variedade de roupas para diversas ocasiões e em diferentes épocas, desde vestidos luxuosos para grandes eventos, trajes de dança, de guerra, esportivos, e, claro, roupas cotidianas.
A vestimenta Maia é reconhecida pelas cores vibrantes alcançada pelos materiais disponíveis dos seus ambientes tropicais, que fabricavam tecidos coloridos e ornamentações exuberantes, cores essas que também foram formas de distinguir status e famílias.
Este elaborado queimador de incenso (350-500 DC) une um objeto ritualístico de influência Teotihuacana com uma narrativa cosmológica Maia.
Ela apresenta uma possível entidade emergindo de uma grande concha que simboliza a entrada no submundo aquático.
A figura agarra a borda da concha com a mão esquerda para ajudá-lo a emergir e usa um colar de três fios de conchas redondas; uma versão menor da concha da qual ele se levanta balança em seu peito.
Seus braços também são adornados com uma concha cada.
A tinta amarela de suas joias pode indicar que todas foram feitas de concha.
O adorno de nariz é típico da elite de Teotihuacan, no entanto quase toda sua iconografia, principalmente a concha em suas costas parece representar o chamado “Deus N” ou “Pauahtun”.
Os povos proto-Jê habitavam complexos de casas subterrâneas, também associadas a estruturas cerimoniais geométricas há 2.200 anos atrás dispersadas pelas terras altas do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
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O prefixo ‘proto’ é utilizado para englobar todos os ancestrais dos atuais grupos Jê do Sul, como os Xokleng e os Kaingang, incluindo também os antigos falantes das línguas Jê meridionais, Ingain e Kimdá, do território onde hoje é o oeste de Santa Catarina e Misiones (Argentina).
Os proto-Jê são identificados por uma cultura material conhecida como tradição Taquara-Itararé, englobando cerâmica, arte rupestre, e diferentes tipos de sítios arqueológicos como as aldeias de casas subterrâneas, montículos, plataformas e praças cerimoniais (danceiros).
Mingqi representando uma figura antropomórfica, possivelmente mitológica e ritual, inspirada pela literatura Han e iconografia budista, conhecida como “guardião das feras”.
Leste Asiático, China, Dinastia Han, 206 AC-220 DC.
Figuras como esta fazem parte de uma classe de artefatos chamados ‘mingqi’, conhecidos como "utensílios espirituais" ou "receptáculos para fantasmas" e se tornaram populares na Dinastia Han, persistindo por vários séculos.
Mesmo sendo produzidos em massa, os mingqi da Dinastia Han geralmente mostram um alto nível de detalhes e naturalismo.
Eles foram projetados para auxiliar o “Po”, a parte da alma do falecido que permanecia no subsolo com o corpo enquanto o Hun, a outra parte da alma, ascendia.
Como uma pintura egípcia conhecida como “A Mona Lisa do Egito” de 4.500 anos pode ajudar a identificar uma espécie desconhecida e já extinta de gansos? 🦆
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A pintura conhecida como "Ganso de Meidum", foi descoberta em 1800 na tumba de Nefermaat, um vizir, ou o oficial que servia ao faraó e sua esposa Itet em Meidum, um sítio arqueológico no baixo Egito.
A pintura foi descoberta na Capela de Itet dentro do túmulo.
A pintura vívida, que já fez parte de um quadro maior desde então foi descrita como "A Mona Lisa do Egito", o autor do estudo é Anthony Romilio, paleontólogo e assistente técnico da Universidade da escola de química e biociências moleculares de Queensland.
A civilização Nurágica foi uma cultura autóctone que floresceu na Idade do Bronze, por volta de 1800 A.C na atual ilha italiana da Sardenha.
O nome deriva de seus monumentos mais característicos: Os ‘Nuragues’.
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Foram formados na Sardenha por populações enraizadas na ilha há milhares de anos e influenciada pelas culturas anteriores.
A ilha foi capaz de sustentar por pelo menos 5000 anos, o desenvolvimento de povos neolíticos e da idade do Cobre/início da Idade do Bronze (7000-1600 AC).
Fontes romanas descrevem a ilha como habitada por numerosas comunidades que se fundiram culturalmente.
As populações Nurágicas mais importantes mencionadas incluem os Balares, os Corsi e os Ilienses.