Nós ficamos felizes por uma injustiça ser parcialmente desfeita - Lula pegou cana e foi impedido de usar seus direitos políticos, por tanto, alguéns deveriam ser penalizados por terem feito isto. Mas eu penso logo: que tipo de arte do cão trama a burguesia contra nós?+
Para mim vem mais um ciclo de de ilusões. Ilusão do campo democrático-popular, no petismo, na democracia burguesa, nas eleições, enfim. E com tudo isto há que ter a certeza absoluta: a burguesia tem projeto de poder e não envolve romper a desigualdade que estrutura o BR.+
O mau governo e muitos militares estão cometendo genocídio. O golpe dado em 2016 não foi derrubado pelo povo. Se houver uma transição pacífica será, evidentemente, com todo perdão pelas perversidades do mau governo. Isso não é paz.+
Agora... eu sou pura felicidade pq as contradições dos donos do poder é caminho de oportunidade para os povos em luta. No mais eu tenho consciência plena que nossos povos de movimentos sociais estão felizes com a anulação das condenações de Lular. Se eles estão feliz, eu tb.
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Uma coisa tb que ficou muito evidente para mim é que a galera tem uma formação política para o debate racial rasa como um pires (de cabeça para baixo), mas eficaz para este modelo de redes. Você mete uns termos pré-fabricados, uma emulação de altivez e estética. Cabô.+
O problema que um pouco mais de olhar sobre o processo e as contradições vão do não domínio de conceito básico e/ou história até não conseguir extrair da experiência registrada como lidar com situações de subalternização e de ódio racial. É tudo superficial.+
Quando a gente se expõe ao trabalho de base, com as comunidades e mesmo se coloca como aprendizes das lideranças, vamos percebendo que estes termos pré-fabricados podem dar lugar ao silêncio diante da dor, à escuta sensível e à postura de combate que nasce das coisas simples.+
Antes deste modelo de agricultura industrial houve toda uma cultura de difusão de como viver na cidade era moderno, desenvolvido, culturalmente mais avançado. Pq antes de tomar a terra, é preciso enfraquecer a resistência e isso começa pelo imaginário, pela cultura.+
Quando falamos em êxodo rural, nós associamos a secas, paisagens castigadas, mas falamos pouco do papel do rádio e da TV, por um lado, e da violência e autoritarismo dos fazendeiros, por outro. A operação de força precisa e financia a operação ideológica, cultural.+
Quem é do interior sabe que muitos políticos profissionais são ao mesmo tempo donos de terras e dos meios de comunicação local. Quando não o são, estão ligados por parentescos ou afiliação política. Eu trabalhei com jornais em meados do século XX, aquilo era uma operação.+
se eu num tivesse num BR fodido de fome, fascismo, genocídio preto e indígena, eu até estendia minha mão e preocupação com o nazismo no EUA. Mas daqui, o que posso fazer? Combater os daqui, né?! E só se faz impedindo eles de cativarem mais gente pobre.+
O @detetivevsilva esteve escrevendo textos sobre como os pobres daqui estão embarcando na ação direta, em manifestações, contra o lockdown em várias cidades e sendo abraçados, é claro, pelos comerciantes e sua política de morte.+
Estão errados em lutar contra as medidas sanitárias? Veja, muitos deles estão entre duas possibilidades de morte: pela fome e toda desgraçada da ausência de renda; ou pela COVID-19. É uma decisão no meio do completo desamparo. Não dá para a gente criticar muito.+
Quando eu comecei aqui na rede falando sobre voltar à terra, uma turma de intelectuais de esquerda, algumas pessoas até com história de vida na periferia, fez cada crítica como se fosse um absurdo, como se ninguém tivesse tempo para isso pq estava sobrevivendo, etc.+
Quando nós soltamos a convocatória do Quilombo Terra Livre, recebemos gente de todas as regiões do Brasil interessados. E claro, muita gente tá muito longe da Bahia para poder vir. Estamos ouvindo histórias de vida dolorosas em que a terra será de fato liberdade.+
Ouvimos muita disposição de gente da cidade para aprender a lidar com a terra, respeitar o bioma e trabalhar com habilidades urbanas na construção de uma nova comunidade. E muita gente disposta a tomar um meio de produção do latifúndio. Isto é fundamental.+
Ontem e @teiadospovos convocou o povo para superar a crise com nossas próprias forças e lutas, sem esperar do mau governo. É importante que a turma do movimento negro veja isto: estamos seguindo fazendo quilombos. Retornamos ao princípio.+ teiadospovos.org/quilombo-terra…
Ontem eu e @luta_onire passamos o dia conversando com pessoas que nos chamaram. Ontem também saiu no México um texto fundamentando o pensamento de forjar quilombos. Estávamos cumprindo algo que pensamos, elaboramos e colocamos como desafio deste ano.+ desinformemonos.org/hacer-quilombo…
Por um lado estamos cumprindo nossas falas ao povo preto, sobretudo, que é possível sair da maquinaria de morte que é a cidade. E dizendo que a melhor política de hoje é construir quilombo, lugar de refúgio, para se fortalecer e vir tocar fogo no canavial que aprisiona.+
Papo rápido sobre autodefesa. Os mais velhos que enfrentaram latifúndio, polícia, jagunço nos tem ensinado algumas coisas. A primeira ilusão são as armas. Bagunçam organizações e não garantem muita coisa sem uma organização consolidada e com uma formação vigorosa. O que defende?+
Eles nos têm ensinado que o fundamental da resistência é conhecer o território, ser amigo e familiar dele e ter abundância alimentar. Quem vai defender ficará afastado da tarefa de produção e manutenção da sua existência e de sua família. Então precisamos alimentá-los.+
Com reserva de comida, nós podemos sair do território, acampar em outro lugar, voltar, sair, ocupar outra terra até consolidar o processo de vida na terra almejada. E não existe forma eficaz de defesa que ignore a comida das guerreiras e guerreiros.+