Como se constrói uma fake news, desinformação e alarmismo desconectado da realidade: no dia em que o judiciário decide finalmente respeitar um pouco da Constituição, preferem assimilar Bolsonaro a Lula como extremos complementares.

Grupos de zap? Nah, toda nossa grande mídia.
Antes de vir com esse papo de que Lula é igual a Bolsonaro (que, com todo respeito, é um atestado de indigência intelectual), a mídia deveria estar informando os porquês jurídicos e constitucionais da decisão. Esse deveria ser o trabalho de uma mídia séria no dia de hoje.
Trabalho de construção de narrativa: explicar a Lava-Jato e seus vícios; como um juiz Zé Ninguém de Curitiba se sentiu no direito de tomar processos para si, como ele violou leis, incorreu em crime (inclusive com apoio da mídia) e contou com suporte de partes do MP e da PF (...);
explicar a importância dos vazamentos da Vaza-Jato, o papel do hacker e do Intercept (aparecendo, finalmente, uma luz de mídia no país) na restauração da verdade; e o contexto e consequências jurídicas da decisão de hoje.

Informar, explicar, dar panorama. Imprensa faz isso.
Se só informa o que quer e como quer, isso não é imprensa. É partido do mais chinfrim.

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1 Feb
Moro e Deltan são o supra-sumo do que faculdades de direito criam diariamente: sociopatas com senso de superioridade, egolatria e mediocridade intelectual. Criminosos em potencial que escondem seus ilícitos na verborragia jurídica e no salvacionismo delirante.
Já circulei muito por conselhos e órgãos universitários e sempre, sempre eram os juristas os primeiros a encontrarem alguma "brecha" normativa, a operarem na exceção, a suspenderem o direito no interesse de alguma parte.
É de se estranhar que qualquer outro curso esteja mais disposto a respeitar a lei do que o direito.

E isso não é exceção, faz parte da estrutura da nossa formação como juristas, que está relacionada a uma função social na organização do poder e das classes no Brasil.
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15 Jan
Diante da impossibilidade de negar a tragédia, a nova mentira das redes bolsonaristas é circular que o STF retirou qualquer competência do presidente para gerir a pandemia.

Absolutamente falso. Na ADI 6341, o Supremo estabeleceu a competência concorrente.

A mentira é recibo.
Além da 6341, que apenas estabelece o que já está na Constituição, no início do caos, outras decisões foram tomadas (ADPF 669 e 672) justamente porque Bolsonaro estava agindo de forma temerária e negligente com a pandemia. Pibic que orientei sobre o tema:

portaldeperiodicos.idp.edu.br/cadernovirtual…
Ou seja, o STF não retirou competências de Bolsonaro, apenas disse que a gestão do Covid deveria ser realizada de maneira concorrente (leia-se: de maneira coordenada entre os entes federativos). Ademais: tentou impedir suas atitudes irresponsáveis e irracionais (...),
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13 Jan
Tava querendo escrever um texto sobre uma certa antipatia que nós brasileiros passamos a ter pela seleção brasileira nos últimos anos. Daí pensando nas origens desse processo, fiquei pensando na Copa América de 1989, com as vaias e rechaço na Fonte Nova.
O momento em que o brasileiro começou a ver a possibilidade de nutrir outros sentimentos para a amarelinha para além da alegria e da tristeza: o ódio e o desprezo. Daí vem 90, a geringonça de Lazaroni, depois a paulatina e completa gringalização da seleção em si.
Mas aí, será que a RAIZ desse processo pode ser mesmo 1989? Peço ajuda aos doutos e universitários dessa nobre rede para vasculhar a GENEALOGIA DO ÓDIO.
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9 Jan
Quando era moleque, tenho três grandes memórias da grande mídia: os ataques dominicais ao Bolsa Família no Fantástico; a criminalização diária do MST; e a guerra contra as cotas raciais.

Ali formei minha opinião. Não temos imprensa séria no Brasil, temos órgãos senhoriais.
Entre as variáveis que explicam a crença no whatsapp e nas fake news, deve entrar na conta uma mídia historicamente formada por mentiras. Nunca tivemos uma cultura de apreço pela verdade no país.

Nisso, a mídia não contribui para o fascismo atual. Ela é parte constitutiva dele.
De memória e pegando o exemplo do Bolsa Família para pensar o mesmo modus operandi da mídia e das fake news. O ataque se baseava em três elementos: enfatizar as "fraudes"; afirmar que ele incentivava uma cultura de "não-trabalho"; e dizer que era uma tática de cooptação de votos.
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1 Jan
Dia 01/01 é data de celebrar a Independência do Haiti, fruto da mais importante revolução moderna. Deixo uma thread com textos que escrevi sobre o assunto.

Primeiro esse na @JacobinBrasil, que já circulou muito por aqui. É uma boa introdução no tema! 👇🏾

jacobin.com.br/2020/08/a-mais…
Para a galera do direito, fica a pedida de texto publicado em 2016, na Revista Direito, Estado e Sociedade, da PUC-Rio. Acredito que é o primeiro artigo em português a abordar as conexões entre Revolução Haitiana e constitucionalismo moderno. 👇🏾

revistades.jur.puc-rio.br/index.php/revi…
Na mesma toada, minha dissertação de mestrado, na qual analiso o impacto da Rev. Haitiana na gênese do constitucionalismo brasileiro e da construção do nosso estado-nação. Lá está a hipótese central nas minhas pesquisas: o Brasil nasce negando o Haiti. 👇🏾

repositorio.unb.br/bitstream/1048…
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22 Dec 20
O movimento negro colocou a discussão sobre a presença negra e cotas no ensino superior na Constituinte de 1946. Na década de 80, lutou para a volta do quesito cor/raça nos censos como ponto central para reivindicar medidas afirmativas. No mesmo momento, Abdias (...) 👇🏾
protocolou o PL 1332/83, que estabelecia reserva de vagas para negros nas mais diversas instâncias. Na década de 90, a partir do caso Ari na UnB, foi esse movimento que pressionou as universidades a implementarem o sistema de cotas. 👇🏾
O movimento negro falava de cotas quando NINGUÉM discutia medidas para colocar negros e pobres nas universidades brasileiras.

Tudo isso para chegar hoje e muita gente querer colocar a nossa presença na universidade na conta de uma única pessoa ou partido. Façam me o favor. 👇🏾
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