@rsallesmma sugere que o principal fator do desmatamento na Amazônia é a pobreza. Além de falsa, essa afirmação acaba contribuindo para o aumento da destruição ambiental ao desviar a atenção dos verdadeiros culpados.
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Desmatar custa caro: em média R$ 1 mil por hectare. Portanto, produtores pobres, que só contam com a própria mão de obra, não conseguem abrir grandes áreas. Dados do PRODES mostram que desmatamentos feitos em blocos de até 6.25 ha não superaram 7% da área desmatada total.
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Mesmo se considerarmos os blocos de 6-25ha (que já demandam investimentos significativos), a soma não superou os 3.8 mil km2.
Por outro lado, o culpado pelo aumento do desmatamento total nos últimos anos tem sido principalmente os blocos de 25-100 ha e maiores de 100ha.
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Também ao analisar o perfil dos imóveis no CAR que mais desmatam, é possível notar que somente 2% dos imóveis médios e grandes concentram 62% de todo desmatamento potencialmente ilegal pós 2008 na Amazônia e Cerrado.
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As verdadeiras maças podres são empresários que investem bilhões de reais anualmente para desmatar em escala industrial.
Colocar a culpa do desmatamento na pobreza e nos pequenos, além de ser errado, contribui para o aumento da impunidade dos crimes ambientais.
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O aumento do desmatamento não é acidental. Salles quebrou a "industria das multas" realizando três ações cirúrgicas que interferem no coração do IBAMA: 1) redução da fiscalização 2) criação de núcleos de conciliação 3) mudança do rito administrativo dos autos de infração
1) Para reduzir a fiscalização Salles substituiu gestores experientes de carreira por indicados políticos (a maioria da PM de SP), sem conhecimento da área. Isso juntamente com a redução do orçamento diminuiu a capacidade de atuação do IBAMA. É incompetência "by design".
2) Após receber a multa o infrator precisava pagar um advogado para recorrer. Mas graças às mudanças feitas por Salles isso é é necessário após uma reunião do núcleo de conciliação. Criminosos ganham tempo e fiscais que poderiam estar combatendo o desmatamento ficam no escritório
@rsallesmma tem afirmado que a contribuição do Brasil às mudanças climáticas é irrelevante, e que o mundo precisa pagar para o Brasil, mesmo com o desmatamento e emissões crescentes nos últimos anos.
Não é isso que mostra a literatura científica.
Salles: Brasil só contribui com 3% das emissões globais anuais e históricas.
Por causa do desmatamento estima-se que historicamente o país contribuiu com 7% do aquecimento, sendo o 4o pior país do mundo (à frente da Índia que tem 4x maior).
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O desmatamento também está levando à savanização da Amazônia, detonando uma "bomba" de gases de efeito estufa de 90 gigatoneladas, quase 20 anos de emissões anuais dos EUA.
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Muitos do agro apostam que as reclamações ambientais são "mimimi" de Europeu, e que o Brasil tem mercado garantido na China. Vão perder a aposta.
Altos funcionários da Min do Meio Ambiente chinês e a ONG @WRIClimate publicaram um relatório com indicação de medidas duras. +
O relatório reconhece que a China contribui para o desmatamento global ao ser o maior comprador de soja e carne, e indica em uma figura o aumento do desmatamento ligado às commodities no Brasil e Indonesia. O alvo do recado está claro. +
Cita leis do EUA e Europa que proíbem importação de madeira ilegal e a nova lei Chinesa que faz o mesmo. O mais importante é que o documento propõe que o WTO e acordos comerciais tenham clausulas para o monitoramento de cadeias e desmatamento zero (i.e. green supply chains).+
A proibição da venda de terras para estrangeiros é um dos poucos temas que geram convergência entre nacionalistas e ambientalistas. Durante as eleições Bolsonaro foi contra tb.
Tudo mudou com a aprovação 15/12 no Senado de um PL com apoio do governo.
O PL 2963/2019 proíbe ONGs de comprarem terras, diferente de outros países vizinhos e nos EUA onde compra de terras para conservação é comum. Agora, se uma empresa voltada para o lucro comprar terras para desmatar, aí tudo bem.
Também existem limitações de compra de terra na Amazônia "em áreas onde reserva legal é 80%". Essa definição exclui todas as áreas já consolidadas (maioria de MT e boa parte do PA) que desmataram antes de 2008 e por isso podem ter RL de 50%.
Na audiência no STF um representante do @Incra_oficial reafirmou que a titulação reduz o desmatamento, mas dessa vez foi além de deixou a referencia do estudo.
Uma análise mais cuidadosa desse estudo mostra que na verdade áreas regulares desmatam mais👇
O estudo mostra que o desmatamento dentro das parcelas irregulares (i.e CAR com CPF inexistente na base de títulos INCRA) é maior que nas parcelas regulares (i.e. CPF do CAR na base de títulos). 👇
Só que as regulares correspondem a só a 24% da área total dos assentamentos no Pará. Ao considerar a área desmatada em relação a área total, fica claro que proporcionalmente as áreas regulares desmatam 20% a mais que os irregulares. 👇
Em um grande condomínio, um grupo de moradores baderneiros criavam problemas para todos: destruíam os jardins, jogavam lixo nas áreas comuns e música alta toda a noite. Em anos anteriores, o síndico, o porteiro e o segurança conseguiam reduzir o problema com multas e regras.
Em 2019 a baderna continuou, porém os novos administradores ao invés de repreender os bagunceiros buscava minimizar o problem: "sempre tivemos música alta aqui no condomínio, está no direito deles fazer festa também. Precisamos regularizar a baderna ao invés de proibi-la"
Os baderneiros ouviram o recado e as festas dobraram de tamanho, para desespero de todos. Enquanto o porteiro deixava entrar boiadas de novos convidados, a situação tornou-se insuportável, principalmente para os moradores mais antigos que já estavam no terreno ha gerações.