Com as análises baseadas nos dados inseridos no Sivep-gripe até o dia 15/03/2021.
Semana epidemiológica 10: 07/02/2021 à 13/03/2021
Definições importantes:
Analisamos casos da sídrome respiratório aguda grave (SRAG) com todos os sintomas associados exceto a febre. Além disso, utiliza-se data de primeiros sintomas e um método estatístico para corrigir o atraso de inserção dos registros no SIVEP
Vamos aos números:
Desde 2020 até a presente atualização, temos um total de 882.663 casos reportados, e estimamos que já ocorreram 944.702 casos de SRAG, podendo variar entre 923.318 e 975.155.
O total de casos sem filtro de sintomas 1.561.337 [1.527.786; 1.600.708].
Sim, já estamos num momento pior que ano passado. Nas 10 primeiras semanas, foram observados 177.503 casos (sem correção de atraso). Claro que nao podemos falar de onda para o país, mas em várias localidades temos visto que essa "onda" tem sido bem pior que a anterior. Ex Manaus
Observamos que 15 dos 27 estados apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo até a semana 10. Apenas 2 estados apresentam sinal de queda.
É importante perceber que a incidência prevista segue muito alta em TODOS os estados. O menor valor é no AP com 5.6 casos semanais por 100 mil hab. E a mais alta é no RS (26.7), seguida RO (18.9), SP (18.0), DF (17.9), MS (17.3), e SC (17.0).
Maceió (AL), Natal (RN), Porto Velho (RO), São Luís (MA), Teresina (PI) e todas as capitais do SE, apresentam sinal forte de crescimento, enquanto Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Macapá (AP), Palmas (TO), e Brasília (DF), apresentam sinal moderado de crescimento.
Destaco aqui as capitais do sudeste, todas com com tendência de crescimento. Sao Paulo talvez chegando num pico? Saberemos melhor semana que vem.
Em 23 das 27 UFs, Amazonas, Pará, Rondônia, e Tocantins na região Norte, todos os estados das regiões Nordeste, Centro-Oeste, e Sudeste, além de Rio Grande do Sul e Santa Catarina na região Sul, há ao menos uma macrorregião estadual com tendência de crescimento.
Qual é o mistério do aumento de hospitalizações, UTIs lotadas e queda nos óbitos no Rio de Janeiro?
A queda nos óbitos era observada não só por nós, mas também pelo consórcio de imprensa que usa a média móvel dos dados por data de divulgação.
A resposta é simples, o atraso. Tem o tempo entre a hospitalização e o óbito dado pela história natural da doença, e depois tem o tempo p o óbito entrar no sistema. Nossos modelos já captavam a mudança nas hospitalizações, e agora já percebemos uma mudança devagar nos óbitos.
Os dados de hospitalização são mais oportunos (i.e. a gente atencipa o que está acontecendo no momento). Provavelmente os óbitos relacionados a essas hospitalizações já estejam ocorrendo, mas eles demoram para serem notificados. Enfim, a alta na média móvel de óbitos vai chegar.
Hospitalizações por SRAG: 1.553.483; dessas 956.694 foram por COVID-19.
Óbitos por SRAG: 367.178; desses 275.246 foram por COVID-19.
Em preto valores observados até dia 6/3. Em vermelho valores corrigidos usando um modelo estatístico de nowcasting.
As hospitalizações por SRAG com COVID-19 está numa fase de crescimento em praticamente todos os estados.
Aqui estão as estimativas para os óbitos, muitos estão já estão na fase crescente outros ainda não. Eu disse ainda, pois a letalidade é muito alta e se para um particular estado a figura anterior apresenta alta de internações, mais adiante veremos alta nos óbitos.
Vamos ao fio do #InfoGripe dessa semana, já que o @marfcg está de férias essa semana.
Semana de referencia 10/2021 (até 06/03).
Resumo da ópera: O trem tá feio!
BR: oscilando em torno de valor indicando ↗️
Olhando o agregado do país estamos no período de maior incidência semanal desde o começo da epidemia no país.
Em 15 (TO, CE, RN, PB, AL, SE, BA, GO, MS, MG, RJ, MS, PR, SC e RS) das 27 UFs apresentam sinal de crescimento de longo prazo na maioria de suas macros.
Enquanto apenas 3 (AC, AP, e RR) das 27 UFs não observa-se crescimento em alguma das macrorregiões de saúde.
Um ano de epidemia de COVID-19 no Brasil, e até o momento foram notificados:
1.397.852 hospitalizações e/ou óbitos por SRAG [com intervalo de 95% indo de 1.381.176 até 1.418.825]
Dessas notificações, a COVID-19 foi confirmada em
814.906 [ 803.042; 830.619] casos de SRAG-COVID
Quantos aos óbitos, até o momento foram notificados
336.265 [332.504; 341.635] óbitos com SRAG
E desses, a COVID-19 foi confirmada em
248.267 [245.020; 253.072] óbitos com SRAG-COVID
As estimativas são baseadas num modelo estatístico que corrige o atraso de notificação, e os valores são estimativas até a 8a epiweek de 2021. Outros grupos, modelos e configurações paramétricas podem gerar estimativas distintas, por isso é imperativo sempre reportar incerteza.