Trata-se de uma morte cruel, desumana, indigna, por omissão de socorro, falta de atendimento ou falta de medicamento/leito/exame. Ou seja: morre-se numa fila de hospital, à espera de um medicamento, leito de UTI ou de um cilindro de oxigênio, por exemplo.
(3/11)
Na capital paulista, por exemplo, a Prefeitura confirmou, nesta semana, que já houve a primeira morte de uma vítima da doença sem atendimento adequado na rede pública.
(4/11)
Tratava-se de um jovem de 22 anos, que chegou a ir a quatro unidades básicas de saúde antes de morrer numa cadeira de rodas à espera de um leito. Após a morte de Renan Ribeiro Cardoso, o Prefeito Bruno Covas negou a possibilidade de lockdown na cidade.
(5/11)
Em Manaus, durante a crise aguda de falta de oxigênio, foram inúmeros os casos de pessoas que morreram sem ar.
(6/11)
Associações de saúde já notificaram a Anvisa de que em 20 dias o estoque de analgésicos, sedativos e bloqueadores musculares usados para a intubação de pacientes em UTIs, em todo o Brasil, pode acabar.
(7/11)
A morte de qualquer paciente contaminado pela Covid-19 por falta de recursos a esta altura da pandemia é uma morte PREVISÍVEL e EVITÁVEL.
(8/11)
O desdém das máscaras, das medidas de isolamento, a pregação de um tratamento precoce falso, a negação inicial da eficácia das vacinas - que culminou com a recusa de planejamento para a compra - e a desarticulação governamental são elementos que jogam a favor do vírus.
(9/11)
A mistanásia é um termo cunhado no Brasil, nesse país em que tudo falta para quem mais precisa, e é hoje utilizado em todos os países em desenvolvimento. Está intimamente ligada à desigualdade social e à necropolítica.
(10/11)
A diferença entre esta situação e o vírus é que o vírus não faz de propósito.
Neste sábado, 20.03, traremos um fio sobre os motivos pelos quais é injusto que equipes da linha de frente carreguem o ônus de decidir quem vive e quem morre.
(11/11)
Luciana Dadalto é advogada, bioeticista, professora e pesquisadora.
Juliana Dantas é jornalista e apresentadora do podcast Finitude.
Exigir que esses profissionais, que já estão há um ano trabalhando com medo, à exaustão, e sem abraçar seus familiares, escolham para quem dar um leito, um respirador ou um medicamento, é contra todos os critérios científicos sobre o tema.
Trata-se de uma Escolha de Sofia, termo que ganhou fama após um filme clássico protagonizado por Meryl Streep, no qual "Sofia", uma mãe polonesa, filha de pai anti-semita, é presa num campo de concentração durante a Segunda Guerra e é forçada por um soldado nazista a escolher +
Com todo o respeito pelo Ruy Castro e com todo o desprezo por Trump e Bolsonaro, me sinto no dever de escrever sobre isso.
Não sou psicóloga, sou jornalista. Já fiz reportagens sobre suicídio em grandes redações e atualmente cubro especificamente temas relacionados à morte. +
Antes de a gente seguir neste fio, vale lembrar que se você está passando por alguma situação delicada ou conhece quem está, o @CVVoficial é um atendimento sigiloso, gratuito e 24h. Pelo telefone 188 ou pelos canais de comunicação na internet. +
Também há o mapasaudemental.com.br, desenvolvido pelo Instituto Vita Alere - uma referência em prevenção e posvenção ao suicídio. Neste site há contatos de psicólogos e psiquiatras gratuitos em todo o Brasil, online ou presencial.
Nos últimos dias tive uma das experiências mais incríveis da minha vida.
Segue o 🧶
O Hospital Premier, o 1º do Brasil a se dedicar integralmente aos cuidados paliativos, esteve 100 dias em isolamento.
Metade da equipe escolheu ficar e a outra metade - por razões diversas - esteve do lado de fora, recebendo o salário integralmente.
A princípio, a quarentena+
duraria 45 dias. Mas, como sabemos, os números do coronavírus não param de subir. Para proteger os pacientes, em estado de saúde frágil, o único jeito era manter a medida - tão drástica quanto necessária. Se a Covid passasse por algum dos portões, poderia acontecer uma tragédia+
Nos próximos dias, infelizmente, chegaremos aos 50 mil mortos por Covid-19 no Brasil. A estimativa é de que cada uma dessas perdas deixe 10 pessoas em luto. Numa conta rápida: meio milhão de brasileiros em sofrimento.+
Isso sem falar sobre a subnotificação e sobre os óbitos por outros motivos, que continuam acontecendo.
Tem sido difícil encontrar quem não conhecia alguém que morreu por causa do coronavírus - ou que conheça quem esteja em sofrimento pela partida de um parente ou amigo. +
Por isso, compilei alguns aprendizados que venho tendo nos últimos anos, como jornalista dedicada ao envelhecimento, aos cuidados paliativos, à morte e ao luto, e na apresentação do @podcastfinitude.