Muitas pessoas recuperadas da COVID-19 podem ainda sentir consequências da infecção. É o que estamos conhecendo na COVID longa. Mas afinal, o que é e o que sabemos sobre isso? E sobre reinfecções em pessoas recuperadas?
Mesmo após um ano do início da pandemia no país, ainda há quem insista em chamar a COVID-19 de gripezinha. Neste fio queremos fazer novamente um alerta sobre as complicações que esta doença traz, inclusive após a recuperação dos pacientes infectados.
De início, precisamos relembrar que o SARS-CoV-2 não é um vírus que ataca somente o sistema respiratório. Ele assemelha-se muito mais aos coronavírus causadores dos surtos de SARS e MERS do que aos grupos de vírus causadores dos resfriados comuns.
Portanto, é possível que o SARS-CoV-2 se espalhe e infecte outras partes do nosso corpo como, por exemplo, cérebro, coração, fígado, rins e vasos sanguíneos. Como consequência, podem surgir várias complicações e sequelas que atinjam outros sistemas do corpo
Complicação” se refere a qualquer acontecimento ou processo da doença que ocorre durante a evolução de uma doença. Para a COVID-19, as complicações relatadas estão classificadas de acordo com a frequência que elas ocorrem segundo o Best Practices do BMJ bestpractice.bmj.com/topics/en-us/3…
Destaca-se a complicação apresentada por pacientes que permanecem por longos períodos em UTIs, chamada de Síndrome Pós Terapia Intensiva (SPTI). Ela é caracterizada pelo aparecimento de problemas físicos, cognitivos e emocionais que afetam a qualidade de vida dessas pessoas
As UTIs cumprem um papel fundamental para salvar vidas e, por isso, devemos fornecer o maior apoio emocional possível àqueles que passaram por algum tipo de Terapia Intensiva.
O risco de desenvolver SPTI pode ser minimizado com fisioterapia, acompanhamento psicológico e tratamento medicamentoso.
Outra complicação que demanda atenção é a COVID Longa ou Síndrome Pós-COVID, que consiste no conjunto de sintomas e sequelas presentes após o período típico de recuperação da doença. Quadros de COVID Longa são observados após 4 semanas e podem permanecer por mais de 12 semanas.
É importante mencionar que a Covid longa pode atingir qualquer pessoa que tenha sido contaminada, inclusive crianças e pessoas aparentemente saudáveis. Portanto, caso você já tenha testado positivo, fique atento a estes sintomas e se necessário procure acompanhamento médico
Além das complicações e sequelas que a COVID-19 pode trazer, outro fato de grande preocupação é a possibilidade de reinfecção. Casos de reinfecção por COVID-19 têm sido reportados em várias partes do planeta, inclusive no Brasil
O CDC sugere que uma reinfecção pode ser caracterizada pelo reaparecimento de sintomas após 45 a 89 dias de uma infecção sintomática. Já o Ministério da Saúde considera reinfecção quando há 2 resultados positivos de RT-PCR em um intervalo de tempo de 90 dias entre os episódios.
Um estudo realizado na 🇩🇰 comparou os resultados de exames RT-qPCR obtidos durante o ano de 2020, buscando casos de reinfecção. A pesquisa estimou um índice de proteção de 80,5% para as pessoas com menos de 65 anos que já haviam testado positivo. doi.org/10.1016/S0140-…
Entretanto, a taxa de proteção foi de apenas 47,1% para o grupo de indivíduos acima de 65 anos. Isso corrobora com o que já sabíamos sobre a deterioração do sistema imunológico ao longo da vida e, portanto, a uma menor proteção dos idosos para casos de reinfecção.
Os dados deste estudo, porém, foram obtidos antes do surgimento de novas variantes de preocupação. Essas variantes causam apreensão do mundo inteiro devido a possibilidade de maior transmissão e também de maior letalidade. cdc.gov/coronavirus/20….
No Brasil, a variante P.1 é a mais preocupante. Estima-se que ela possua uma capacidade de transmissão 2,5 vezes maior do que a variante “selvagem” e uma probabilidade de reinfecção de 6,4% em média. medrxiv.org/content/10.110…
E isso não é uma preocupação apenas para a P.1. Reinfecções podem acontecer se uma pessoa se infectar com uma linhagem diferente do vírus em relação àquela da primeira infecção. Por isso é tão importante nos vacinarmos para uma imunidade mais abrangente e duradoura.
A possibilidade de reinfecção pode estar relacionada a dois fatores principais: a perda gradativa da imunidade adquirida após o primeiro contato com o vírus e também a uma maior exposição daqueles que já haviam sido previamente infectados.
Hoje, os dados disponíveis ainda são limitados para uma resposta definitiva sobre a duração da imunidade adquirida após a infecção. Então, fique alerta! Mesmo para quem apresenta testes IgG positivo, a permanência de uma imunidade duradoura ainda é incerta.
A vacinação é o único caminho para salvar vidas e garantir que a população não necessite de hospitalização ou terapia intensiva. Dessa forma, a vacina também pode evitar várias das complicações que a COVID-19 traz para seus pacientes, além de reduzir os riscos de reinfecção.
Permaneça atento enquanto a sua vez na fila da vacinação não chega. A falsa sensação de segurança pode fazer com que corramos riscos desnecessários, por isso, lembre-se:
Hoje vimos várias reportagens falando sobre um “estudo que mostra que a Ivermectina reduz 75% das mortes”, e novamente nos vimos obrigados a comentar a respeito. Sigam o fio! 🧶 //1
O estudo da Universidade de Liverpool, cujo autor é o Dr. Andrew Hill, acabou sendo publicado no Financial Times, mas possui muitos pontos que impedem qualquer tomada de decisão a partir dele, e é nosso dever demonstrar quais são estes pontos. //2
1. O estudo é um preprint: isso quer dizer que o estudo foi publicado sem ser revisado por pares ou, em linguagem mais comum, “conferido por pessoas de fora”. Assim, esse estudo já serve apenas para que as pessoas analisem a sua qualidade, sem tomada de decisão; //3
Ivermectina é um vermífugo usado no tratamento de vários tipos de infestações por parasitas dentre elas: sarna, oncocercose (uma doença parasitária causada pela infecção da lombriga Onchocerca volvulus), ascaridíase e filaríase linfática.
Ela é o fármaco (princípio ativo) de um medicamento responsável por uma das maiores intervenções de saúde em países africanos e da América Latina nos últimos 40 anos [1].
Imagem extraída da cartilha dos direitos dos participantes de pesquisa da Comissão Nacional de ética em pesquisa (Conep). www2.ufjf.br/comitedeetica/…
Vamos falar um pouquinho sobre os participantes de uma pesquisa? Com essa questão dos testes de fase 3 das vacinas para COVID-19 se tem falado muito sobre assuntos como Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),
Dentre as várias informações falsas circulando por aí, algumas além de absurdas são nocivas, como as que inventam mentiras a respeito de vacinas com intuito de deixar pessoas receosas na hora de tomar.
Acompanhe o fio!
Essas desinformações acabam encontrando impulsionamento entre pessoas ingênuas, menos informadas ou até mesmo de índole duvidosa.
Uma delas que está circulando recentemente (e que não vamos reproduzir aqui) fala que a chance de morrer tomando a vacina é maior que a chance de morrer pela COVID-19, trazendo dados que confundem eficácia com letalidade.
Estamos em novembro de 2020, convivendo há cerca de 8 meses com a pandemia da COVID-19, decretada em março de 2020 pela OMS, com seu epicentro (local de início da transmissão da doença) em Wuhan, na China, no ano de 2019.