A imprensa internacional registra que tudo começou em 2017 como uma pegadinha do 4chan, fórum no qual um anônimo tentou espalhar a ideia de que o gesto de "OK" seria, na verdade, uma referência a "white power", com 3 dedos formando um "W", e os outros dois compondo um "P".
E que, como o objetivo era confundir e irritar esquerdistas e jornalistas, a brincadeira logo foi abraçada em peso por trumpistas.
Eu conhecia uma origem um pouco distinta, mas me passada de maneira informal, o que pode conter erros. No caso, de que a "pegadinha" já teria nascido para explicar o gesto que Trump sempre faz ao discursar.
O problema? Não só trumpistas, mas também neonazistas adoraram a ideia, como se percebe nesta marcha supremacista que, em 2019, saiu pelas ruas de Russellville, Arkansas, gritando "mais 6 milhões".
Ou como no caso do terrorista australiano que fez o gesto após ser preso por matar 50 pessoas em um atentando da Nova Zelândia. congressoemfoco.uol.com.br/midia/simbolo-…
Esse extremista havia publicado um manifesto que abria com um verso de Dylan Thomas. Na mesma semana em que se encontrou com o embaixador da mesma Nova Zelândia, Filipe Martins passou a exibir o mesmo verso no perfil que mantém aqui no Twitter. www1.folha.uol.com.br/mundo/2019/04/…
Desde 2019, a imprensa internacional alerta para o fato de o gesto vir sendo explorado não mais como "pegadinha", mas como demonstração de coragem, por supremacistas brancos. nytimes.com/2019/12/15/us/…
Afinal, foi nessa temporada que a Anti-Defamation League passou a incluir o gesto como um "símbolo de ódio", ainda que alertando a necessidade de contextualização, pois a imensa maioria das pessoas ainda o utiliza no sentido original. npr.org/2019/09/26/764…
Em outras palavras, aqueles que acreditavam estar "trollando" rapidamente se converteram em idiotas dos mais úteis a verdadeiros nazistas.
Como assessor internacional, se não sabia de tudo isso, Filipe Martins deveria saber o significado do gesto odioso que, há poucos dias, fez diante das câmeras que o filmavam no Senado brasileiro. correiobraziliense.com.br/politica/2021/…
Ora... Até Jair Bolsonaro conhecia o significado. Tanto que ordenou que os seguranças apagassem uma foto que um fã registrou com o mesmo gesto.
Martins tenta se safar alegando que estava apenas arrumando o paletó, e que seria judeu. Hoje, a imprensa de Israel noticia o caso observando que os pais de Filipe não são judeus, e que o assessor de Bolsonaro é um antigo ateu que hoje se diz evangélico. jpost.com/diaspora/antis…
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A imprensa costuma manter todo um time focado no que internamente é chamado de “factual”. Em resumo, o fato acontece? Gostando dele ou não, o fato é registrado pela imprensa.
É dessa linha que saem manchetes como “Dilma é reeleita”, “Morre Nelson Mandela”, “Lula é preso” ou “Lula é solto”.
No futuro, quando historiadores escreverem livros sobre o que vivemos, eles certamente visitarão os acervos dos principais jornais para conferir o desenrolar dos fatos. Daí a importância histórica de um trabalho aparentemente tão simples — não é tão simples, demanda muito suor.
Por uma questão literalmente de vida ou morte, o foco do Brasil deveria ser o fim do governo Bolsonaro. A defesa da polarização (que alguns infelizmente encampam) é a defesa de que o governo Bolsonaro mantenha-se de pé até o fim.
Mas esse é só o primeiro ponto.
O Brasil precisa de um novo projeto de país. Porque está se desindustrializando, porque está migrando para uma leitura mais radical dos textos cristãos, porque o meio ambiente está sendo destruído, porque a violência segue alta, e porque educação e saúde continuam longe do ideal.
O foco da polarização, a gente conhece bem, é o de tocar uma campanha inteira na base dos assassinatos de reputação. E de pedir voto tendo por argumento principal a ideia de que o adversário seria uma opção pior.
Em 2018, uma estratégia de Bolsonaro foi a de adiantar ministros (Guedes, Onyx e Pontes) ou indicações ao STF ("alguém do perfil de Moro"), algo que só lembro de ter visto antes com Aécio (Armínio Fraga) ou Álvaro (que prometeu convidar Moro para o Ministério da Justiça)...
Eu acho uma iniciativa válida. Além de ajudar a vislumbrar um futuro governo, há todo um impacto positivo junto ao eleitorado que se quer atingir.
Já imaginou o mundo de manchetes que surgiria caso um candidato prometesse trazer de volta Serra ou Mandetta para a Saúde? Meirelles ou Armínio para a Fazenda? Haddad ou Mendonça para a Educação? Marina para o Meio Ambiente? Santos Cruz para a Defesa?
Na reunião ministerial de 22 de abril de 2020, Jair Bolsonaro defende que o próprio governo seguisse colado em Donald Trump para ter o apoio dos Estados Unidos ao “fazer valer a nossa vontade naquele momento”.
Ele queria se referir a algo, mas entendia que não podia fazer referência direta àquilo. Por isso prefere chamar de “aquele momento”.
Antes, ele já havia tentado transformar Eduardo Bolsonaro em embaixador nos Estados Unidos, o mesmo Eduardo Bolsonaro que chegou a fazer seguidas e impunes ameaças explícitas de golpe de Estado.