Na nossa live de amanhã, entre outras coisas, vamos falar sobre a tentativa (natimorta) de contra-ataque do Ernesto Araújo (e dos bolsolavistas). Ainda, quem são, do que se alimentam, o que pensam estes que (ainda) compõe o núcleo duro do bolsonarismo.
O Bolsonarismo, nesse momento, sofre de uma doença autoimune que, tudo indica, entrou numa espécie de estado terminal. As demissões, parece, apontam para um espécie de autofagia: um isolamento coordenado pelos bolsolavistas.
O problema é que, diante do contexto, isso pode causar uma queda "prematura" do governo (o conflito com o Clube Militar e militares da ativa se aprofundou com a história do Mel*nci* G*ate) ou uma sobrevida do governo e uma radicalização de suas bases.
A queda do Ernesto Araújo foi um golpe certeiro no bolsolavismo, o que estamos vendo, parece, é a resposta. Bolsonaro está tratorando seus desafetos intestinos enquanto seus aliados promovem a radicalização.
Véspera das comemorações do golpe de 64, políticos bolsonaristas clamando por um motim policial. Em Brasília o ministro da defesa pede demissão alegando ter preservado "as Forças Armadas como instituições de Estado."
Quem não está com medo não está prestando atenção.
Quem viu a minha live na twitch hoje viu que eu estava falando exatamente disso. Tá rolando um esforço coordenado de radicalização das bases bolsonaristas usando o episódio na Bahia.
Não se deixem enganar, isso é antes de tudo um ato desesperado de um movimento que está colapsando, uma última medida, uma tentativa de ganhar alguma tração popular por meio de uma narrativa absurda.
Passou um comentário na TL sobre o pedido da Pam Keith de intervenção internacional no Brasil que eu só posso rir: basicamente um "quem poderia imaginar que os políticos democratas compartilham da mesma sanha imperialista dos republicanos?" e não era irônico.
Lembram dos drones do Obama mandando abraços e beijos para os cidadãos do Afeganistão? Ou dos bombardeios de rosas no Iraque ordenados pelo Clinton?
Sempre bom lembrar que os EUA adoram usar argumentos "humanistas" e progressistas para invadir e destruir outros países. A ladainha é sempre a mesma, não muda o disco, independente do partido.
Como insisto, o fascismo e suas variantes, como a eugenia, não é uma ideia acabada, que precisa de um nome, um símbolo para efetivamente existir, ele se espalha e atinge todos os setores da sociedade de uma forma difusa. A fala absurda da Xuxa é um exemplo disso.
Falamos de racismo estrutural, de machismo estrutural, justamente, para dar conta desse caráter difuso, por vezes até pré-consciente, das estruturas de opressão.
Mas quando se trata de fascismo começam os purismos, ao ponto que movimentos claramente fascistas, como o bolsonarismo, não podem ser considerados dessa forma por medo de "despolitização da palavra" ou qualquer besteira do tipo.
Pelo visto a manobra do Governo Federal de mudar os protocolos dos registros de óbitos por COVID - que pegou o "ministro da saúde" de surpresa - tinha como único intuito produzir uma narrativa e apenas isso. A ideia de que os óbitos estão sendo inflados, que os mortos não tem CPF
Agora veja o nível em que chegamos: o governo federal e seus asseclas, incluindo-se ai o novo "ministro da saúde", sabiam que não conseguiriam implementar o seu plano de mudar os protocolos de registros de óbitos. O fizeram apenas mirando na "repercussão".
Eles sabiam que os números despencariam, eles sabiam que a mudança geraria um gargalo. Eles não "recuaram" diante da repercussão negativa, o plano, pelo visto, era exatamente esse, criar um factoide.