"Há aqueles que vilipendiam esse esforço de memória. Dizem que não há que remover o passado, que não há que ter olhos na nuca, que é preciso olhar para a frente e não encarniçar-se em reabrir velhas feridas. Estão perfeitamente equivocados. As feridas ainda não estão fechadas. +
Latejam no subsolo da sociedade como um câncer sem sossego. Seu único tratamento é a verdade. E em seguida, a justiça. Só assim o verdadeiro esquecimento é possível. A memória é memória se é presente, e assim como Dom Quixote limpava suas armas, +
é preciso limpar o passado para entrar em seu passado. E eu suspeito que não são poucos, dos que defendem a destituição do passado em geral, que querem, na realidade, a destituição de seu passado em particular". Juan Gelman
Pouco se fala disso no Brasil, mas o Dia Latino-Americano de Luta Contra a Violência à Mulher é uma homenagem às Irmãs Mirabal, brutalmente assassinadas em 25 de novembro de 1960 pela ditadura de Rafael Trujillo, na República Dominicana. +
Patria, Minerva e Antonia, ou "As Borboletas", como são conhecidas, são símbolos de luta não apenas por liberdade, mas por justiça social. Às resistências às ditaduras sempre foram, ao fim e ao cabo, uma luta pela igualdade. Em tempos de arroubos autoritários recordemos delas. +
E tantas outras mulheres latino-americanas. Afinal, a violência de genero é fundamentalmente política. Um pouco mais dessa história pode ser lida no belíssimo romance de Julia Alvarez, No Tempo das Borboletas. Trujillo caiu 31 anos depois. Que Bolsonaro caia em pouco mais de 2.
Nunca me esqueço de uma chilena que conheci em um ato que fizemos na embaixada do Brasil no dia em que @LulaOficial foi preso. Ao perguntar porque ela estava ali, ela me disse que trabalhava há muitos anos na FAO - a organização da ONU para a alimentação e a agricultura. +
E que por isso havia acompanhado de perto as suas políticas - não só de combate à fome, mas especialmente de segurança alimentar. E que estas políticas haviam transformado a forma como se combatia a fome e a pobreza não apenas no Brasil, mas em todo o Sul Global. +
Disse ainda sobre como Lula (em conjunto com outros atores) nos fez perceber aqui na América Latina que poderíamos construir uma agenda própria e alternativa às propostas pelos EUA e pela Europa (e suas agências) no combate à fome. +
Acabo de me recordar de um relato sobre a @dilmabr de um dirigente político da Frente Ampla que entrevistei no Uruguai, em uma conversa que ele teve durante uma visita dela à Montevidéu, em novembro de 2016: +
Conversando de uma forma íntima sobre as dificuldades enfrentadas na atividade da política, Dilma diz à ele:
"-O problema da política é que ela não afeta só a sua razão. O problema é principalmente que ela afeta o seu coração. +
E você tem que encontrar a medicina que possa, se não curar, tratar o seu coração, fazer o seu coração suportar. A medicina que serviu para mim, eu não posso recomendar à você. +
A vitória de ontem é contundente. 80% dos eleitores decidiram que uma nova constituição será redatada em um processo constituinte com paridade entre homens e mulheres. Mas o que isto significa e o que vem pela frente? +
Significa substituir uma constituição que tem um problema de legitimidade de origem. De uma democracia "semissoberana" ou "protegida". De um neoliberalismo que seria, no máximo, "corrigido" ou "com rosto humano". É devolver o poder constituinte ao povo. Isto não é pouca coisa. +
Os derrotados são Piñera - a coalizão Chile Vamos - e os apoiadores do Rechaço. Além das 3 comunas mais ricas de Santiago e onde vive toda a cúpula política, militar e empresarial do país, eles triunfaram na Antártica e em Colchane, onde há forte presença das Forças Armadas. +
O conflito interno do Partido dos Trabalhadores importa para a adoção do Orçamento Participativo? Sim. Essa é a resposta do nosso artigo (com os queridos Fabiano Santos e @_Tiagoventura) publicado na @DadosRevista, em que utilizamos dados inéditos das eleições diretas do PT. +
Desde 1983 o PT tem uma facção dominante que o conduz nacionalmente: o Campo Majoritário. A criação desta ala mais moderada buscou conter as facções de esquerda e flexibilizar as estratégias eleitorais do partido, em especial no que diz respeito à democracia e à participação. +
Para a nossa análise, isto implica em uma divergência fundamental com relação às políticas ofertadas ao eleitorado. Tem destaque os conflitos relacionais aos ideais de participação do "modo petista de governar" efetivados por meio da adoção do Orçamento Participativo. +