Muitos têm questionado o fato de pessoas já vacinadas terem contraído o vírus, ou a COVID-19. Nenhuma vacina é 100% eficaz, nem blinda nosso corpo contra a entrada do vírus. Além disso, nosso sistema imunológico é complexo.
Em linhas gerais, abaixo explico como isso funciona.👇🏽
✹ O que é o sistema imunológico?
É um conjunto de mecanismos de defesa contra elementos nocivos (antígenos) provenientes de micro-organismos (vírus, bactérias, fungos), tumores, toxinas peptídicas, etc. Ele funciona com base em componentes celulares e moleculares (humorais).
✹ Como nossas defesas imunológicas são geradas?
Pessoas saudáveis já possuem mecanismos inatos de resposta não-específicos, capazes de agir contra antígenos. Além disso, as infecções e vacinas estimulam resposta adaptativa, com células e anticorpos específicos contra o invasor.
✹ O que nossas células de defesa fazem?
Além de anticorpos, nosso sistema imunológico também conta com uma diversidade enorme de células, cada uma com uma função. Abaixo estão listados os 4 principais tipos, e suas funções de forma simplificada.
✹ Como começa a resposta imunológica adaptativa?
Elementos nocivos são localizados e processados por fagócitos, que expõem fragmentos dos antígenos para que linfócitos T CD4 possam reconhecê-los. Células CD4 estimulam outras células de defesa: linfócitos T CD8, e linfócitos B.
Quando ativadas, células CD8 são capazes de identificar e destruir células infectadas. Já as células B ativadas produzem anticorpos específicos, que PODEM (ao não) neutralizar os micro-organismos, que então poderão ser destruídos por fagócitos.
Parece simples? Não é...
✹ Se tenho anticorpos, eles são sempre eficientes?
Nem sempre nosso organismo produz anticorpos com capacidade neutralizante. Proteínas de um micro-organismo, como uma chave🔑, só são bloqueadas✅ SE os anticorpos se ligam em regiões essenciais ao funcionamento molecular delas.
✹ Quem já pegou COVID pode pegar novamente?
É possível. Casos de reinfecção, por razões explicadas nos tweets acima, têm sido reportados. Porém, com alguma memória imunológica pré-existente, a doença PODERÁ ser mais leve. Então, é importante se precaver
Como sabemos, os vírus sofrem mudanças genéticas (mutações), que podem mudar o seu funcionamento ao nos infectar: é um desafio a mais. Mas mutações só ocorrem quando o vírus entra no nosso corpo, e para impedi-las, devemos impedir a transmissão viral.
✹ Vacinas e infecções geram imunidade da mesma forma em qualquer pessoa?
NÃO. Assim como vírus mudam e são diferentes, nós também somos. Vacinas em geral produzem forte resposta imunológica, mas como nas infecções, cada indivíduo responde de uma forma. science.sciencemag.org/content/371/65…
✹ Posso ser infectado pelo coronavírus se já fui vacinado?
Vacina não é blindagem. O vírus ainda pode entrar no seu corpo, mesmo se vacinado. Porém, na MAIORIA dos casos, a infecção não progredirá, nem será grave, graças aos níveis de proteção que as vacinas nos dão. Vacine-se!
✹ Posso transmitir o vírus, mesmo estando vacinado?
Estudos estão em andamento, mas ainda não existem evidências que mostram que pessoas vacinadas não transmitem. Mas espera-se que a transmissão desde vacinados seja mais difícil, mas não impossível. nature.com/articles/d4158…
✹ Após ser vacinado, como devo agir?
Como o coronavírus ainda segue em circulação, e em constante mudança (mutações), mesmo a quem já foi vacinado, é recomendado:
Recentemente disponibilizamos os resultados deste estudo, o qual uniu imunologia e genômica viral para entender o mecanismo de reinfecção pelo vírus SARS-CoV-2.🧬🦠
Abaixo segue um pequeno resumo. ⬇️
Como sabemos que o indivíduo foi reinfectado pelo coronavírus SRAS-CoV-2?
A primeira evidência veio de dois testes negativos ao longo de um período de mais de 200 dias entre a primeira e a segunda infecção, como mostrado na linha do tempo abaixo.
De que forma se confirma uma reinfecção?
O sequenciamento genético trás essa resposta. De posse de genomas dos vírus das duas infecções, usei ferramentas de análise filogenética para comparar o perfil genético dos vírus, o que revelou que os vírus eram de linhagens distintas.
@Mon_Torreao@demori Concordo, @Mon_Torrea. Existem médicos jovens que não praticam medicina baseada em evidencia.
Busquei algumas referências sobre o assunto, para entender se a visão de que médico mais experientes são mais propensos a manter práticas ultrapassadas. Achei os textos abaixo.
@Mon_Torreao@demori Evidence-based medicine has been widely adopted [...] More experienced doctors may have less familiarity with these strategies and may be less accepting of them.”
@Mon_Torreao@demori A matéria acima cita os autores deste estudo, que aponta a necessidade de um melhor treinamento continuado para médicas e médicos, dando a eles condições de utilizar evidências científicas nas suas práticas diárias.
"Estão tentando politizar o coronavírus". Concordo.
Desde o primeiro dia de pandemia no Brasil, as respostas vindas do governo federal e do presidente da república constantemente ignoram as evidências científicas, e focam em ações políticas, frustradas, de negação da realidade👇
1️⃣ A Ciência disse: "A COVID-19 mata cerca de 1% dos infectados. Isso pode levar a um milhão de mortes no Brasil" (já são quase 300.000)
Resposta POLÍTICA de Bolsonaro:
— "É só uma #gripezinha. Não vão morrer nem 800 'no tocante a questão do vírus'"
2️⃣ A Ciência disse: "Sem vacinas, a principal forma de conter o vírus é evitando aglomerações"
Resposta POLÍTICA de Bolsonaro:
— Vai contra medidas de distanciamento físico, e promove aglomerações.
Quando juntam negacionismo e desapreço pela Ciência temos essa realidade: um laboratório natural de evolução viral.
Brasil tem mais de 10,5 milhões de casos, e só ~3500 genomas do vírus sequenciados. Mal sabemos que inimigos enfrentamos, nem onde estão. nytimes.com/2021/03/03/wor…
É sempre importante lembrar:
1️⃣ Seja lá qual variante do coronavírus esteja circulando, a transmissão viral depende de contato próximo entre pessoas.
2️⃣ Usar variantes para justificar aumento de casos significa ignorar que no Brasil faltam políticas efetivas de combate à COVID.
Diante de variantes mais transmissíveis (seja por maior carga viral, por terem período infeccioso mais longo, etc), medidas de prevenção precisam ser ainda mais duras
Mas não é o que vemos no Brasil, com estabelecimentos e ônibus lotados, festas clandestinas, fiscalização frouxa
The amino acid deletion ∆69/70 has been used as a proxy for detecting viruses from B.1.1.7 ('UK variant'). The same marker has been used in the US, but we caution against its use. We identified a new SARS-CoV-2 lineage (B.1.375) with that same feature.
A new lineage circulating in the US (B.1.375, arrow) shows the same deletion ∆69/70 in the spike protein, and a set of unique amino acid substitutions were found in this lineage: ORF1a T1828A, ORF1b E1264D, ORF3a T151I, and M I48V.
Viruses in the lineage B.1.375 have been identified in all regions of the US, specially in states where genomic surveillance of SARS-CoV-2 has been done frequently, such as: Connecticut, Florida, California and Wisconsin.