Temos que parar de tratar o "mercado" e o "empresariado" como sujeitos racionais e pragmáticos. Se tem uma coisa que a história prova é que tanto o "mercado" quanto o "empresariado" jogam contra seus próprios interesses por ideologia.
O "mercado" e o "empresariado" não são compostos por sujeitos capazes de avaliação política fora da curva, não são. Eles agem segundo suas próprias paixões, motivados por pressupostos como os de quaisquer outros. "Apenas" - e coloque aspas aí - tem uma influência maior.
Essa ideia de que os "investidores" são uma encarnação da razão interessada é uma invenção dos próprios que as esquerdas tomam de barato. Para entender os movimentos e interesses do mercado é preciso compreender a própria moral dos sujeitos que o encarnam.
Quando você vai olhar para o Golpe de 64, por exemplo, vai ver o apoio expressivo de parte do empresariado. O que estava me jogo ali não era apenas lucro, mas uma reforma moral ( classista/racista) da própria sociedade.
Isso fica evidente no fato de que o apoio dessa massa empresarial se mantém mesmo com a economia indo para o saco após descobrirem a falácia do milagre econômico. O apoio era, sobretudo, "ideológico".
O mesmo acontece no Brasil atual. O apoio de uma massa de empresários ao bolsonarismo se dá puramente nos termos ideológicos, especialmente pequenos e médios empresários que só se ferraram por conta da gestão desastrosa do Guedes.
Tu vai nos grupos desses sujeitos, nas tls e vai ver o puro suco do bolsonarismo. Gente cujo negócio foi destruído ainda no começo de 2020, antes da pandemia. Que jura que o Brasil estava decolando, mesmo com todos os dados dizendo o contrário.
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