Escolas caríssimas do Rio estão adotando um livro infantil chamado “Os Três Ladrões”.
O livro contra a história de 3 assaltantes que atacam vítimas com spray de pimenta, um arma de fogo e um enorme machado vermelho.
Um dia, no veículo que eles atacam, só há uma “pequena órfã”. Os ladrões LEVAM A ORFÃ PARA MORAR COM ELES.
Repetindo: os assaltantes sequestram a criança, que passa a morar com 3 adultos criminosos.
Mas é tudo muito fofo, tá?
Eles então decidem comprar um castelo com o dinheiro dos assaltos, e arrebanhar - sabe-se lá como - dezenas de órfãos PARA VIVER COM ELES.
Faça uma pausa e pense um pouco sobre o que está descrito cima.
Pense que isso é leitura OBRIGATÓRIA de algumas das escolas da elite do Rio
O livro torna assalto uma atividade normal, e o SEQUESTRO de uma criança - para ir viver com ASSALTANTES adultos - uma coisa fofa.
Isso em um mundo em que milhares de crianças desaparecem todo ano, e uma das recomendações dos pais é “nunca fale com estranhos”.
Tem mais.
Na fofa apresentação inicial, o livro nos informa que o autor “é um sujeito muito humano que ACREDITA QUE A SENSUALIDADE, A MALÍCIA E OS SETE PECADOS CAPITAIS MERECEM TODOS UM LUGAR NOS LIVROS INFANTIS”.
E era isso que eu queria contar para vocês hoje.
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Você acredita que os assassinos do menino serão punidos? Então deixa eu te contar uma história.
Em 1990 o Brasil vivia mais uma crise de criminalidade.
A Lei dos Crimes Hediondos (8.072) daquele ano foi uma tentativa de responder à crise.
A lei enumerava os crimes considerados hediondos e determinava que, nesses casos, a pena do criminoso deveria ser cumprida integralmente em regime fechado. Ou seja, o criminoso deveria ficar preso de verdade.
Em 1992 a atriz Daniela Perez foi brutalmente assassinada a tesouradas. Apenas SETE ANOS depois o casal assassino já estava livre.
O crime - homicídio qualificado - não era considerado hediondo.
Muitos não sabem que publiquei 3 livros. Aqui estão:
Este livro curto - 45 páginas - é uma atualização do capítulo sobre segurança publicado no meu livro Ou Ficar A Pátria Livre. Esse capítulo é agora publicado em separado, com texto revisado e corrigido
Jogando Para Ganhar é um conjunto de histórias e reflexões sobre o país. Dois textos são dedicados à guerra política, através da discussão de livros essenciais: “A Arte da Guerra Política” de David Horowitz, e “Regras Para Radicais”, de Saul Alinsky.
Ou Ficar A Patria Livre é meu primeiro livro, e fala da realidade de um país onde a política se resume à repetição de expressões como justiça social e desigualdade, mas onde vivemos com medo do assalto, da inflação e do desemprego.
Critico o absurdo fechamento das escolas, e alguém me pergunta:
“Roberto, o que você sugere já que agora as novas cepas estão atingindo pessoas de todas as idades (inclusive crianças)?”
Eu respondo: sugiro BOM SENSO.
Não sou epidemiologista. Nada sei sobre “novas cepas”. Mas é de conhecimento geral, HÁ ANOS, que uma das principais características do vírus da gripe é que ele sofre mutações. Tanto que as vacinas contra gripe sempre foram feitas com o vírus da gripe do ano anterior.
SEMPRE haverá “novas cepas”. Vamos fechar as escolas para sempre?
Acompanho a evolução da pandemia desde o início. É EVIDENTE que existe uma doença real que está provocando tragédias por todo o mundo.
Aconteceu há mais de um ano. Eu andava dormindo mal. Peguei uma gripe e adormeci no final da tarde, na cama do João, que ainda estava na escola.
Caí em um sono desorganizado e agitado. Em um certo momento, senti o toque de um lençol caindo sobre mim. Alguém me cobre, ajeita meu travesseiro. Eu resisto a despertar. Deve ser a Josefa, que trabalha conosco. Estranho. Ela nunca fez isso.
Voltei pro meu sono.
Quando acordei, saí pela casa, corpo ainda doído da gripe. “João chegou”, Josefa me diz na cozinha. “Está na sala, viu o senhor dormindo e não quis incomodar”.
Na sala, João assiste TV mastigando alguma coisa. “Filho”, eu pergunto, “foi você que me cobriu?”