Oi, pessoal..! Hoje saiu uma matéria da @Ferba7 e da Marina Guimarães, na @RevistaEpoca, sobre o Chile. A matéria é bem interessante, eu ajudei um pouco a Fernanda e acho que vale um fio explicando também. Vamos lá? 🧶 //1
Mostra como o Chile fez certo ao acelerar a vacinação, mas errou ao abandonar o distanciamento muito antes de uma cobertura vacinal alta. É um exemplo de cuidados que temos de tomar. //2
O Chile começou a ter uma aceleração tremenda da vacinação no início de fevereiro: //3
A segunda dose começou a ser administrada "pra valer" a partir de 02/03, e mesmo hoje, na última atualização dos dados em 08/04, tem apenas 22% da população com a segunda dose. Importante lembrar que a imunização se dá vários dias após a segunda dose. //4
E o que o Chile fez com a mobilidade? Percebam que do início de fevereiro em diante (bem quando começou a vacinação em massa), a mobilidade aumentou quase como a vacinação. O pessoal meio que "liberou geral" lá, pelo que dá pra ver nos gráficos do país e da região de Santiago://5
O que acontece quando há um aumento repentino de mobilidade com um vírus altamente transmissível em uma comunidade que ainda não possui cobertura vacinal? Estouro de casos, que levam a lotação de hospitais e aquela coisa toda. //6
Ou seja: O Chile é um exemplo de que não dá pra liberar a mobilidade de maneira alguma antes de se ter uma cobertura vacinal enorme (mais de 70%, no mínimo). A vacina é o caminho para a cobertura vacinal mas, até lá, tem de reduzir a taxa de transmissão. //7
Reduzir a taxa de transmissão AJUDA a vacina, pois reduz a chance do vacinado e do não vacinado contraírem, simplesmente por estarem em um ambiente menos hostil! Enquanto isso, a vacina pode fazer seu trabalho de atingir a cobertura vacinal. //8
Deixo aqui uma BAITA explicação do grande @MarceloBragatte, com quem divido a coordenação do grupo de modelagens de dados da @analise_covid19, sobre o cálculo de eficácia, caso alguém queira recapitular:
Mesmo assim, tem alguns dados que podem (podem!) nos indicar algum efeito da vacinação na população de 70+ anos. É sempre bom ir com cautela, pois ao mesmo tempo que essa faixa etária está quase toda vacinada, ela não vive em uma bolha! Estão misturados com os não vacinados. //10
Com esses dados, e uma estimativa de qual é a população de mais de 70 anos usando o censo de 2017 (resultados.censo2017.cl), vemos que no mínimo 90% foram vacinados com as duas doses. //11
Como eu disse, essas pessoas de 70+ estão misturados com não vacinados em um ambiente com alta incidência, e aí a chance de ambos contraírem a doença aumenta (o vacinado sendo sempre muito menor, 78% menos chance para sintomas leves que precisam de assistência na Coronavac). //12
Sendo assim, vamos ver os dados de internação e de óbitos por faixa etária do Chile? Dá pra perceber uma queda nas internações das pessoas de 70+! Vejam que os óbitos, por serem atrasados, ainda não mostram queda significativa em nenhuma faixa etária. //13
Pode já ser a vacina? Sim! Mas também podemos ter vieses, é sempre bom lembrar:
-os idosos podem estar menos expostos, se protegendo;
-quando há colapsos e a "escolha de Sofia", os idosos podem ser preteridos (triste demais isso) e isso derrubar as internações dessa idade.//15
O que conseguimos ver? Que não dá, de maneira alguma, para liberar mobilidade e propiciar infecções em uma população que está ainda rumo à cobertura vacinal, pois mais rápida que seja a iniciativa de vacinação. Comparem o Chile com outros países que também estão "voando": //16
Temos de acelerar a vacinação? SIM!
Dá pra aumentar a mobilidade enquanto acelera? DE JEITO NENHUM!
Temos de reduzir a taxa de transmissão o máximo possível e vacinar o máximo possível.
Pessoal, como fiz a análise do Brasil hoje (11/04/21) também quis deixar aqui um fio para mostrar para vocês os gráficos de alguns países, para ficar mais fácil a comparação e o entendimento. Sigam: 🧶//1
Vejam a Austrália, como ela aprendeu a controlar o vírus a partir da sua segunda onda. Nenhum óbito desde 27/10/2020. E vocês já sabem como que é feito o controle lá, né? Restrições de mobilidade duras e o mais cedo possível, assim que os casos começam a aumentar. //2
A Nova Zelândia foi ainda melhor pois controlou na primeira onda. Teve 26 óbitos TOTAIS (para 5 milhões de habitantes) e o último desses óbitos foi notificado dia 04/09/2020. Vejam que eles também tem taxa de crescimento, também tem casos, mas controlam com RESTRIÇÕES. //3
Pessoal, fiz o fio com a análise principal dessa semana (04/04 a 10/04) e agora farei esse segundo adendo com os gráficos de todas as regiões e estados do Brasil, para quem queira consultar. Todos os estados precisam ter cuidado. Segue o fio: 🧶 //1
Este é o fio com o alerta principal, mostrando quem já está em risco mais alto de ter problema por primeiro:
Vejam a região Centro Oeste: DF em uma queda lenta, mas cada vez mais lenta, que preocupa. GO em reversão, MS e MT também já querendo desacelerar a queda e reverter. //3
Oi, pessoal. Depois de 10 dias do último fio "completão" que fiz, vale a pena darmos uma olhada para o que está acontecendo no Brasil com os aumentos de mobilidade precipitados. Sigam o fio: 🧶 //1
Como de costume, vale a pena recapitular o passado: tivemos um aumento de casos de COVID-19 de forma quase que sincronizada, no Brasil todo, com alguns estados explodindo primeiro, mas a grande maioria em aumento. Vejam como estava em 07/03:
Quem me acompanha sabe que alerto desde setembro sobre este aumento e que fiz um alerta forte em dezembro, acho importante deixar registrado para quem me acompanha há pouco tempo:
A nota técnica 17 do pessoal do Observatório Covid-19 da @fiocruz traz um ponto super interessante que deve ser visto, principalmente pelos gestores públicos. Sigam o mini-fio: 🧶//1
Ela mostra que as regiões de saúde (regiões cujos municípios compartilham sistemas de saúde) nem sempre funcionam da forma como estão "desenhadas". //2
Por que é necessário definir uma região de saúde? Pois são poucos municípios que efetivamente tem estrutura de leitos de UTI. Vejam esse gráfico que mostra, por estado, quantos municípios tem leitos de UTI e quantos não tem: //3
Oi, pessoal. O que será que nos espera daqui a algumas semanas? Será que temos como descobrir isso olhando para os dados disponíveis? Sigam o fio comigo: 🧶 //1
O que estamos vendo agora, nos locais que restringiram a mobilidade, é uma desaceleração na taxa de crescimento de novos casos, o que é muito bom, mas...o que iremos fazer daqui pra frente com nossa mobilidade? //2
Uma coisa interessante que podemos fazer é analisar os locais que estão "a frente" e ver se conseguimos extrair resultados das escolhas feitas. Um desses locais é o Amazonas. Após um surto pesado em janeiro/2021, tiveram uma queda que está revertendo a tendência. //3
Depois de passar por mais um aumento de casos e internações (que dessa vez levou a um colapso em 95% do país) e, com muito esforço, desacelerar o aumento em alguns estados, chegamos em uma trifurcação: //1
1. Mantemos as restrições e a mobilidade baixa, que está fazendo desacelerar, e transformamos em queda; 2. Subimos a mobilidade devagar com flexibilizações precipitadas e ficamos em um platô horrível de 3 mil óbitos; //2
3. Aumentamos a mobilidade de vez com mais uma rodada de festas, encontros em família e amigos, feriadão e entramos em novos recordes e empilhamos mais um colapso em cima do já existente, ainda mais a caminho de outono/inverno. //3