Oi, pessoal. Depois de 10 dias do último fio "completão" que fiz, vale a pena darmos uma olhada para o que está acontecendo no Brasil com os aumentos de mobilidade precipitados. Sigam o fio: 🧶 //1
Como de costume, vale a pena recapitular o passado: tivemos um aumento de casos de COVID-19 de forma quase que sincronizada, no Brasil todo, com alguns estados explodindo primeiro, mas a grande maioria em aumento. Vejam como estava em 07/03: //2
Quem me acompanha sabe que alerto desde setembro sobre este aumento e que fiz um alerta forte em dezembro, acho importante deixar registrado para quem me acompanha há pouco tempo: //3
Quando o AM teve a explosão em janeiro, nenhum estado analisou a aceleração dos casos e tomou precauções. Em fevereiro, o RS passou por uma explosão seguido de aumentos em vários estados (BA, SP, GO, MA, AP, PI, DF...) e aí alguns deles começaram a restringir a mobilidade: //4
Analisando o Brasil como um todo, vemos então que isso trouxe uma desaceleração na média móvel de crescimento de novos casos, que começou a partir dessa redução da mobilidade que ocorreu de fevereiro em diante: //5
Ao longo destas últimas duas semanas, no início da desaceleração (nem é queda ainda, é só a velocidade de subida que reduziu) muitos estados já começaram a aumentar sua mobilidade, de uma maneira bastante precipitada, como no RS: //6
Isso me fez inclusive lançar alertas de reversão de tendência, como fiz nesse fio de 31/03/21, com os dados do DF: //7
Pois bem: parece que realmente estamos vendo reversão de tendência em vários estados. Percebam quais tiveram sua "velocidade" alterada em relação à medição anterior: //9
Como eu fiz o cálculo da tabela abaixo? Calculei a diferença/variação da média móvel da taxa de crescimento dos casos notificados há 30 dias X hoje, e também há 10 dias X hoje e, fazendo assim, é como se eu visse qual a "velocidade" há 30 dias e há 10 dias. //10
Se o número for positivo, significa crescimento. Se o número for negativo, significa queda. Se há 10 dias o número está maior do que há 30 dias, significa uma mudança de velocidade para CIMA. //11
Caso não tenha ficado claro, vamos pegar um exemplo prático: vejam o estado do RS nessa tabela. Ele estava caindo a uma "velocidade" de -56 no período anterior e está caindo a -19 no período mais recente, ou seja, diminuiu a velocidade de queda. AINDA É QUEDA, mas mais lenta.//12
Inclusive dá pra ver isso bem no gráfico: ainda há tendência de queda nos casos do RS analisando os últimos 20 dias, mas a média móvel da taxa de crescimento já está indicando estabilidade. A mesma coisa para a região Sul como um todo: //13
Como está a situação de todas as regiões do Brasil? Percebam que todas que vinham em desaceleração agora rumam para uma estabilização da queda! Isso é horrível e perigoso demais em um patamar tão alto, pois existem MUITOS casos ativos transmitindo. //14
Casos ativos em contato com suscetíveis são como combustível para esse "foguete" que sempre menciono. E a queima desse combustível gera internações hospitalares e (muitos) óbitos. Vejam os hospitais do estado de SP, recém desacelerando, e os hospitais do RS, recém reduzindo: //15
SP está aumentando a mobilidade já amanhã (12/04/21), neste estado absurdo de internações hospitalares e com um cenário perigoso de estabilidade altíssima de casos. Vejam no Survey de sintomas do Facebook que inclusive a queda freou: //16
Como esse valor do Covid World Survey (Facebook + Univ. de Maryland) é normalmente o primeiro a mudar, isso já liga mais um sinal de alerta. E tem estados piores que isso, vejam só a BA: vinha em aceleração, restringiu a mobilidade, desacelerou, reabriu e já mostra reversão: //17
Aproveito para relembrar: todos estes dados devem ser analisados sempre com muita cautela. Não demonstram causa e efeito, apenas correlação. Dito isso, também lembro que as correlações entre mobilidade, aumento de sintomas e casos confirmados são bem sólidas desde o início. //18
Outro estado que me preocupa é PE: aumentou bastante a mobilidade após o feriado de páscoa (vejam a pontinha final do gráfico de mobilidade, após o dia 04/04/21) e já mostra uma reversão na média móvel da taxa de crescimento: //19
Quando eu falo "preocupante" quero dizer que tem um futuro pior pela frente, ok? Pois a situação atual do Brasil é desesperadora, horrível, sem adjetivos positivos. Vejam outros estados que também me preocupam por já estarem com tendência de alta, como GO, CE, PA e RJ: //20
E dá para perceber também, ao olhar para todos esses gráficos, que a média móvel da taxa de crescimento de óbitos ainda nem começou a desacelerar, pois ela justamente sofre um atraso, ajudei a explicar nessa matéria aqui: noticias.uol.com.br/saude/ultimas-… //21
A situação do Brasil agora é similar àqueles filmes de terror onde a/o protagonista vai entrar onde está o monstro e a platéia toda fica avisando: NÃO FAZ ISSO! //22
Aumentar mobilidade em um patamar tão alto transformará a recém conquistada desaceleração, na melhor das hipóteses, em um platô de muitos óbitos. Como temos muitos casos, é altamente possível ainda voltar a subir rapidamente. Novamente: reduzam a transmissão! //fim

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11 Apr
Pessoal, como fiz a análise do Brasil hoje (11/04/21) também quis deixar aqui um fio para mostrar para vocês os gráficos de alguns países, para ficar mais fácil a comparação e o entendimento. Sigam: 🧶//1
Vejam a Austrália, como ela aprendeu a controlar o vírus a partir da sua segunda onda. Nenhum óbito desde 27/10/2020. E vocês já sabem como que é feito o controle lá, né? Restrições de mobilidade duras e o mais cedo possível, assim que os casos começam a aumentar. //2
A Nova Zelândia foi ainda melhor pois controlou na primeira onda. Teve 26 óbitos TOTAIS (para 5 milhões de habitantes) e o último desses óbitos foi notificado dia 04/09/2020. Vejam que eles também tem taxa de crescimento, também tem casos, mas controlam com RESTRIÇÕES. //3
Read 12 tweets
11 Apr
Pessoal, fiz o fio com a análise principal dessa semana (04/04 a 10/04) e agora farei esse segundo adendo com os gráficos de todas as regiões e estados do Brasil, para quem queira consultar. Todos os estados precisam ter cuidado. Segue o fio: 🧶 //1
Este é o fio com o alerta principal, mostrando quem já está em risco mais alto de ter problema por primeiro: //2
Vejam a região Centro Oeste: DF em uma queda lenta, mas cada vez mais lenta, que preocupa. GO em reversão, MS e MT também já querendo desacelerar a queda e reverter. //3
Read 11 tweets
10 Apr
A nota técnica 17 do pessoal do Observatório Covid-19 da @fiocruz traz um ponto super interessante que deve ser visto, principalmente pelos gestores públicos. Sigam o mini-fio: 🧶//1
Aqui está a nota técnica: bigdata-covid19.icict.fiocruz.br/nota_tecnica_1…

Ela mostra que as regiões de saúde (regiões cujos municípios compartilham sistemas de saúde) nem sempre funcionam da forma como estão "desenhadas". //2
Por que é necessário definir uma região de saúde? Pois são poucos municípios que efetivamente tem estrutura de leitos de UTI. Vejam esse gráfico que mostra, por estado, quantos municípios tem leitos de UTI e quantos não tem: //3
Read 8 tweets
10 Apr
Oi, pessoal..! Hoje saiu uma matéria da @Ferba7 e da Marina Guimarães, na @RevistaEpoca, sobre o Chile. A matéria é bem interessante, eu ajudei um pouco a Fernanda e acho que vale um fio explicando também. Vamos lá? 🧶 //1
A matéria é essa aqui: epoca.globo.com/mundo/mesmo-co…

Mostra como o Chile fez certo ao acelerar a vacinação, mas errou ao abandonar o distanciamento muito antes de uma cobertura vacinal alta. É um exemplo de cuidados que temos de tomar. //2
O Chile começou a ter uma aceleração tremenda da vacinação no início de fevereiro: //3
Read 19 tweets
7 Apr
Oi, pessoal. O que será que nos espera daqui a algumas semanas? Será que temos como descobrir isso olhando para os dados disponíveis? Sigam o fio comigo: 🧶 //1
O que estamos vendo agora, nos locais que restringiram a mobilidade, é uma desaceleração na taxa de crescimento de novos casos, o que é muito bom, mas...o que iremos fazer daqui pra frente com nossa mobilidade? //2
Uma coisa interessante que podemos fazer é analisar os locais que estão "a frente" e ver se conseguimos extrair resultados das escolhas feitas. Um desses locais é o Amazonas. Após um surto pesado em janeiro/2021, tiveram uma queda que está revertendo a tendência. //3
Read 25 tweets
3 Apr
Depois de passar por mais um aumento de casos e internações (que dessa vez levou a um colapso em 95% do país) e, com muito esforço, desacelerar o aumento em alguns estados, chegamos em uma trifurcação: //1
1. Mantemos as restrições e a mobilidade baixa, que está fazendo desacelerar, e transformamos em queda;
2. Subimos a mobilidade devagar com flexibilizações precipitadas e ficamos em um platô horrível de 3 mil óbitos; //2
3. Aumentamos a mobilidade de vez com mais uma rodada de festas, encontros em família e amigos, feriadão e entramos em novos recordes e empilhamos mais um colapso em cima do já existente, ainda mais a caminho de outono/inverno. //3
Read 6 tweets

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