Oi, pessoal. O que será que nos espera daqui a algumas semanas? Será que temos como descobrir isso olhando para os dados disponíveis? Sigam o fio comigo: 🧶 //1
O que estamos vendo agora, nos locais que restringiram a mobilidade, é uma desaceleração na taxa de crescimento de novos casos, o que é muito bom, mas...o que iremos fazer daqui pra frente com nossa mobilidade? //2
Uma coisa interessante que podemos fazer é analisar os locais que estão "a frente" e ver se conseguimos extrair resultados das escolhas feitas. Um desses locais é o Amazonas. Após um surto pesado em janeiro/2021, tiveram uma queda que está revertendo a tendência. //3
Percebam que a média móvel da taxa de crescimento, que vinha caindo, começou a estabilizar, e a linha de tendência dos casos dos últimos 20 dias deixou de ser aquela queda acentuada e começa a querer estabilizar também. Como está a mobilidade no AM? //4
Ao analisar a mobilidade, vemos como um surto forte afeta a comunidade. Apesar do surto ter sido em janeiro/2021, a mobilidade só está indo para níveis maiores agora em março/2021. E, mesmo assim, níveis de residência estão AGORA iguais ao RS: //5
Então o que vimos? A mobilidade ficou baixa por um bom tempo (vejam a mobilidade de Manaus, o quanto baixou e por quanto tempo ficou em níveis baixos) e isso foi trazendo a taxa de crescimento de casos pra baixo, mas MESMO ASSIM a tendência já quer reverter: //6
Recapitulando: surto iniciado no final de nov/20, pico em jan/21, mobilidade cai drasticamente em jan/21, mesmo em abr/21 (90 dias) ainda não volta aos níveis pré surto. Mesmo assim temos reversão de tendência(com números baixos, justamente por mobilidade baixa por mais tempo)//7
Por que iniciei pelo AM? Pois o outro lugar que teve um surto fortíssimo é o RS, e o RS não está seguindo a mesma história que o AM fez para reduzir bem seus casos. Percebam que a média móvel da taxa de crescimento está apenas iniciando a queda (casos lá em cima ainda): //8
Mobilidade do RS caiu por muito menos tempo do que o AM, e já está querendo voltar ao normal (vejam a categoria locais de trabalho, por exemplo): //9
Para entender o nível da gravidade que ainda estamos, podemos ver alguns gráficos de internações hospitalares. Percebam que o nível ainda está altíssimo, e os leitos começam a ser liberados aos poucos. //10
E aqui entra o meu maior receio. Há um aparente início de reversão de tendência no report de sintomas do Facebook. É recente, mas já me preocupa pois, como vimos, a mobilidade está subindo já (além de não ter caído nem perto a níveis como os do AM): //11
Caso alguém fique com dúvida de como funcionam os dados do Facebook, explico aqui:
E sobre a mobilidade, é um dos indicadores que mais nos mostra a chance de suscetíveis estarem em contato com infectados. Aqui o @jasonptodd explica sobre os fatores que impactam o Rt (a taxa de transmissão efetiva):
O que eu quero alertar? Que podemos estar levando o estado do RS a um novo surto, rumo ao outono/inverno (outro fator que influencia no comportamento, que por sua vez favorece as infecções). Como estão as cidades do RS que foram atacadas no início, como Gramado e Canela? //14
Notamos que a mobilidade em Gramado e Canela está um pouco "melhor" (mais baixa) do que no estado como um todo. A média móvel da taxa de crescimento de Canela está QUASE ficando negativa (ótimo), mas já está querendo reverter, como Gramado também. //15
Como foram afetadas antes, elas também se beneficiam mais do período extra de mobilidade baixa. Outro fator que pode influenciar é o chamado "isolamento endógeno", onde as pessoas deixam de trafegar por receio, devido a hospitais lotados, notícias ruins de parentes/amigos...//16
Vejam que as hospitalizações em Canela não caíram ainda a níveis como no início do aumento, lá em outubro/novembro, e as hospitalizações do RS como um todo estão assustadoramente altas ainda (72% dos pacientes em UTI são COVID-19!!!) //17
Um outro local interessante de olhar é Araraquara, que fez ótimas medidas de restrição, hoje colhe zero mortos pelo segundo dia consecutivo MAS já está mostrando claríssima reversão de tendência na taxa de crescimento (e nos casos, vejam a tendência dos últimos 20 dias) //18
E quando olhamos para a mobilidade de Araraquara, vemos que logo após o lockdown ela já voltou muito rápido a níveis anteriores (isso ajuda a explicar a reversão de tendência vista no tweet anterior). Se não cuidarem, logo esses novos casos poderão virar internações. //19
Em resumo: deixou subir muito? Vai ter de ficar mais tempo com mobilidade baixa (em restrição) para que a reversão ocorra apenas com níveis baixos de casos. Se ocorrer uma reversão já agora no RS, será (mais) uma tragédia. //20
No AM, a reversão está começando a aparecer, mas em níveis mais administráveis. Quando olhamos a mobilidade, vimos que ela ficou mais baixa por mais tempo lá, e isso ajuda bastante. //21
É muito importante cuidar e tentar gerenciar esse equilíbrio entre a mobilidade e a taxa de crescimento para não transformar uma possível queda em um novo crescimento, ok? Cuidem-se, pois a situação, mesmo com a desaceleração em alguns estados, ainda é CRÍTICA. Não relaxem! //fim
Depois de passar por mais um aumento de casos e internações (que dessa vez levou a um colapso em 95% do país) e, com muito esforço, desacelerar o aumento em alguns estados, chegamos em uma trifurcação: //1
1. Mantemos as restrições e a mobilidade baixa, que está fazendo desacelerar, e transformamos em queda; 2. Subimos a mobilidade devagar com flexibilizações precipitadas e ficamos em um platô horrível de 3 mil óbitos; //2
3. Aumentamos a mobilidade de vez com mais uma rodada de festas, encontros em família e amigos, feriadão e entramos em novos recordes e empilhamos mais um colapso em cima do já existente, ainda mais a caminho de outono/inverno. //3
Esse trabalho do @leobastos, @marfcg, e pessoal do @obscovid19br e @fiocruz /MAVE é sensacional. Eles usam um método para tentar estimar o atraso de digitação. É como se tudo que está na fila pra entrar fosse digitado. Vou fazer um mini-fio (Leo, me corrige se eu errar!)🧶 //1
A base utilizada é a do SIVEP-GRIPE (SIstema de Vigilância EPidemiológica da GRIPE), que possui todas as notificações de pessoas com SRAG no Brasil, independente da causa. //2
Essa SRAG é notificada no SIVEP através de uma ficha, preenchida na unidade hospitalar e inserida no SIVEP. Há um atraso nessa digitação, diferente para cada unidade da federação, então os dados do SIVEP sempre estão defasados. //3
Oi, pessoal! Que tal um fio mostrando como a redução na mobilidade ajuda na redução dos casos de COVID-19, agora usando os dados de SP? Segue aí então! 🧶//1
Primeiro é sempre bom relembrar: 1. pessoas contaminam pessoas; 2. quanto mais pessoas contaminadas nós vemos,mais pessoas contaminadas nós vemos; 3. Pessoas contaminadas longe de outras pessoas por 14 dias? Menos novas pessoas contaminadas.
Simples,né? As vezes não parece. //2
Vamos dar uma olhada em como está a mobilidade no estado de SP a partir de 01/03/2021? Podemos perceber que ela começa a cair em locais de trabalho a partir do dia 05/03 (logo após a fase vermelha), a queda acentua um pouquinho a partir de 15/03 (fase emergencial) e... //3
Quando faço análises e posto que há a chance de uma piora no Brasil, mesmo com desacelerações, é por levar em conta os fatos que cercam a epidemia. Vejam o exemplo do Distrito Federal. Sigam o fio: //1 🧶
O Distrito Federal começou a ter um aumento de casos bem considerável a partir do início de fevereiro. Foi deixado esse aumento crescer até que dia 28/02 foram decretadas restrições. //2
Como deixaram crescer, o que aconteceu? Vários ciclos de contágio que ocorrem mesmo durante o período de isolamento. Repetindo: se deixa o foguete subir muito, terá de ficar fechado por mais tempo para que caia lá de cima. Além disso, a mobilidade cai devagar pós decreto: //3
Oi, pessoal. Ao analisarmos os dados do Brasil novamente (semana de 22 a 26/03/21) vemos tendência de crescimento em todos os estados e regiões, com alguns tentando escapar da exponencial. Vamos dar uma olhada? Segue o fio: 🧶//1
Primeiramente peço desculpas a vocês por ter pulado uma semana, tirei o final de semana passado para descansar e a semana foi puxada, não me deixando compensar, e acabamos chegando já no sábado seguinte! //2
Ao analisar o Brasil, vemos uma tentativa de estabilização da média móvel da taxa de crescimento de novos casos, mas em um patamar altíssimo. Isso se deve aos esforços de alguns estados que estão tentando baixar a mobilidade, mas de forma descoordenada. //3
Qual dessas duas alternativas seria considerada "otimismo"? 1. continuar tentando, mesmo depois de um ano, ensinar as pessoas a evitar a doença para reduzir o número de mortos; 2. Ir pra praia e viver normalmente em um país com pouquíssima vacina e hospitais lotados? //1
Eu peço de forma genuína, sem ironia. A cada dia que passa me lembro mais do Mohammed Saeed Al-Sahhaf, vocês lembram dele? Ele era "Ministro da Informação" do Iraque durante a invasão promovida pelos EUA em 2003. //2
Os americanos estavam literalmente DENTRO de Bagdá, destruindo tudo, e ele dizia na TV, confiante, que não havia invasão alguma, que estavam liquidando com os americanos. Lembro que fizeram chacota com ele, chamando-o de "Baghdad Bob". //3